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Marechal Apreensão no campo

Abortamento de vagens é registrado em lavouras rondonenses

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Produtor do distrito de Bom Jardim precisou roçar área de meio alqueire de um total de quatro cultivados. Dano também foi observado em outra área do agricultor. Colheita deve render em média 70 sacas por alqueire, quase a metade do que ele colheu na safra passada (Foto: Joni Lang/OP)

Primeiro foi a estiagem prolongada que trouxe preocupação aos produtores rurais de Marechal Cândido Rondon e região, fator que levou ao atraso no plantio da safra de verão. Depois, quando as lavouras já estavam com plantas grandes e vistosas, foi o excesso de chuva que gerou apreensão. Agora, alguns agricultores estão se deparando com o abortamento de vagens, o que, em certos casos, pode reduzir a 60% o desempenho da safra de soja, que tinha tudo para ser recorde.

Paulino Recalcate é um deles. O rondonense, que possui um total de seis alqueires cultivados com soja nas linhas Bangu e São Luiz, no distrito de Bom Jardim, teve de roçar uma área de meio alqueire na terça-feira (09) por causa do problema.

Em outra propriedade do agricultor, situada na Linha São Luiz, também foi constatado o abortamento de vagens em pelo menos meio alqueire, contudo, a princípio, esta área não deve ser roçada.

“Foi passado trator para cortar essa soja ou ver se recuperava nessa propriedade de quatro alqueires, com em torno de meio alqueire perdido. A outra área de dois alqueires também deve chegar a meio alqueire de terra com abortamento de vagens de soja. Nesse outro local a ideia não é cortar a área com abortamento”, contou ao O Presente.

“Daqui uns 15 dias a 20 dias a gente pretende passar secante nos cinco alqueires de soja das duas áreas, mas a colheita deve ser realizada a partir de um mês”, acrescenta. “Pelo que nos disseram quando passaram a roçadeira nessa área abortada, cada alqueire que restou deve resultar em até 70 sacas de soja. No ano passado foram colhidas 135 sacas”, compara.

Segundo Recalcate, devido às chuvas em abundância e constantes, sendo registradas praticamente todos os dias do mês de janeiro, as plantas cresceram demais, “encamaram” e com a falta de luminosidade houve vagens abortadas. “Vamos esperar secar bem para colher daqui um mês, em média. Acredito que apesar desse problema vou conseguir cobrir as despesas ou quem sabe sobre alguma renda”, comenta.

Na avaliação do produtor, áreas de outros agricultores nas proximidades também tendem a apresentar problemas devido ao excesso de chuva.

 

Agricultor Paulino Recalcate: “Vamos esperar secar bem para colher daqui um mês. Acredito que apesar deste problema eu consiga cobrir as despesas ou quem sabe sobre alguma renda” (Foto: Joni Lang/OP)

 

ÁREAS PONTUAIS

O engenheiro agrônomo Cristiano da Cunha salienta que o abortamento praticamente total de vagens está sendo registrado em áreas pontuais. “Em muitas lavouras aconteceu abortamento severo com 20% até 40% permanecendo na planta, conseguindo seguir com o enchimento de grãos aproximadamente 60% de vagens nas plantas. Esse é o cenário deste ano”, menciona.

 

DOENÇAS DE FINAL DE CICLO

Conforme o profissional, a diferença entre as variedades de soja é muito grande. “Algumas estão tendo maior sensibilidade a algumas doenças de final de ciclo, principalmente mancha-alvo, que apareceu muito forte e acabou causando desfolhamento na planta, consequentemente abortamento, pouco ‘pegamento’ de flor, abortamento de vagens e das folhas do baixeiro, fazendo com que essa planta tivesse somente a parte vegetativa mais acentuada”, explica.

Neste ano, aponta Cunha, a soja está com o porte bastante avantajado. “Ou seja, com plantas bastante grandes”, relata.

De acordo com o engenheiro agrônomo, em um cenário geral, as lavouras da região estão muito boas. “Por outro lado, há algumas com abortamento significativo, de 30% a 40%, e algumas áreas pontuais como dessa propriedade do Recalcate que devem ser condenadas e roçadas porque não é possível ter produtividade significativa que gere algum benefício ou renda ao agricultor, tendo em vista que essas plantas não estão nem conseguindo terminar o enchimento de grãos”, contrapõe.

 

Problema do abortamento de vagens condena ao menos um alqueire das terras do produtor rondonense (Foto: Joni Lang/OP)

 

CHUVAS PARA OS PRÓXIMOS DIAS

Segundo ele, as chuvas previstas para os próximos dias não serão prejudiciais às lavouras, uma vez que esse fato já aconteceu na chuva volumosa registrada em janeiro, quando foram registrados cerca de 19 dias sem luminosidade significativa. “A chuva de agora vem para ajudar as lavouras que estão em fase final de enchimento de grãos, auxiliando a encerrar este ciclo”, pontua o engenheiro agrônomo.

 

(Vídeo: Divulgação)

 

(Foto: Joni Lang/OP)

 

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