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Marechal Mapa das drogas

“Alto consumo de cocaína chama atenção em Marechal Rondon”, diz delegado

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Delegado da 47ª Delegacia Regional de Polícia, Rodrigo Baptista Santos: “O problema se acumula nos casos relacionados especificamente à fronteira, como os recorrentes roubos de camionete. Marechal Rondon é o caminho por qual as drogas têm passagem, mas a grande maioria não fica por aqui” (Foto: O Presente)

Extremo Oeste do Paraná. Caminho direto e indireto para o Paraguai, Marechal Cândido Rondon é localizado estrategicamente na passagem para o país vizinho. E com essa localização privilegiada, é rota constante de transporte de drogas e contrabandos, que têm como destino especialmente os grandes centros do país. Da mesma forma, ponto-alvo de apreensões, já que as polícias fazem marcação cerrada no combate aos ilícitos.

Contrariando estatísticas, que quase sempre apontam evolução nos números, em 2020 as apreensões de drogas diminuíram em Marechal Rondon, se comparado a 2018. “Em decorrência da pandemia, as pessoas ficaram mais restritas em suas residências, o que fez com que houvesse menos apreensões na Polícia Civil. Por outro lado, para a Polícia Federal certamente as apreensões aumentaram, considerando as diversas apreensões em grandes volumes”, menciona o delegado da 47ª Delegacia Regional de Polícia, Rodrigo Baptista Santos, informando: “Em termos de volume, tivemos quase duas toneladas de maconha apreendidas no ano passado, considerando os diversos órgãos de segurança da nossa região”.

 

PROBLEMA CRÔNICO

No ponto de vista do agente de segurança, as drogas não são o problema crônico da comunidade rondonense. “Marechal Rondon é o caminho por qual as drogas têm passagem, mas a grande maioria não fica por aqui. O problema são os recorrentes roubos de caminhonetes”, pontua.

 

APREENSÕES

Conforme informações da Polícia Civil, 1.756 quilos de maconha foram apreendidos na comarca rondonense em 2020. Nos dois anos anteriores, 2019 e 2018, a apreensão foi de 1.451 quilos e 2.576 quilos, respectivamente.

Além disso, a delegacia recebeu 780 gramas de cocaína e sete gramas de haxixe apreendidos no ano passado. “Causamos um prejuízo aproximado de R$ 200 mil ao crime organizado”, mensura Santos.

Segundo ele, não houve grandes apreensões de drogas na cidade de Marechal Rondon. “Não estouramos nenhum depósito de drogas ou coisa assim. Todos os comércios de traficantes pegos na cidade foram com quantidades pequenas”, expõe, justificando: “Há muita facilidade em buscar os ilícitos ali no outro lado. Para que os criminosos vão ter um estoque grande, correndo o risco de serem descobertos, se podem ir toda semana na barranca buscar dois quilos?”.

As polícias Civil, Militar, Rodoviária Federal e o Batalhão de Polícia de Fronteira (BPFron) da comarca rondonense encaminham as drogas apreendidas à delegacia, que armazena as substâncias até a incineração. “Nós incineramos quase quatro toneladas em 2020. Havia drogas do ano anterior e fizemos uma limpeza. Desse volume, 95% era maconha e o restante cocaína e haxixe”, detalha.

 

TRÁFICO INTERNACIONAL

De acordo com o delegado, há apreensões maiores na região, contudo, elas são encaminhadas a outros órgãos. “Muitas toneladas foram apreendidas e levadas para a Polícia Federal (PF). Quando é uma quantidade elevada de ilícitos, vindos direto da barranca (divisa com o Paraguai), é tráfico internacional”, explica, emendando: “Se é uma grande quantidade nós encaminhamos para a PF e ela dá segmento no caso”.

 

PERFIL

Santos conta que a maioria das apreensões da Polícia Civil acontecem por investigações. “Nós cumprimos mandados de busca e as investigações transcorrem a partir de denúncias. A Polícia Militar apreende drogas por meio de denúncias e flagrantes. O BPFron, por sua vez, realiza flagrantes geralmente na barranca do rio ou na rodovia”, relata.

Segundo ele, a maioria das pessoas encaminhadas por crimes relacionados a drogas são homens. “Marechal Rondon, apesar de ser uma cidade pequena, tem um padrão financeiro bom, o que faz com que haja um consumo de cocaína mais elevado do que em outras regiões, que usam mais crack e maconha. Quando fazemos interrogatórios ou oitivas e perguntamos se o indivíduo é usuário de alguma coisa, quase sempre o consumo da cocaína está atrelado ao da maconha na cidade pequena”, menciona, informando que a cocaína é uma droga mais cara e, por isso, seu consumo chama a atenção das autoridades.

Forças policiais da comarca de Marechal Rondon apreenderam 2.543 quilos de drogas em 2020, fora aquelas ligadas ao tráfico internacional (Foto: Divulgação)

SITUAÇÕES

Em 2020, aponta o delegado, as forças de segurança apreenderam cerca de 20 pés de maconha em residências no município rondonense. “Tivemos situações de encontrar droga dentro de um tubo em um muro da casa. A pessoa fez a tubulação dentro do muro, jogava a droga por cima e tampava depois”, conta.

No momento das ocorrências, Santos diz que os policiais dependem de uma busca atenciosa e que, por vezes, usam cão farejador. “Em uma apreensão em Nova Santa Rosa no ano passado nós levamos uma equipe do Denarc (Departamento de Investigações sobre Narcóticos) com o cão e encontramos as drogas dentro da residência”, relembra.

 

PONTOS CRÍTICOS

Na avaliação do delegado de Polícia Civil, dois bairros da cidade se destacam nesse tipo de ocorrência. “Considerando consumo, venda de drogas e crimes que giram ao redor do tráfico, percebemos várias ocorrências nos bairros São Francisco e Recanto Feliz. No ano passado, prendemos quatro pessoas em uma operação no São Francisco”, comenta.

De acordo com ele, os crimes relacionados ao tráfico são principalmente pequenos furtos. “O elemento subtrai algum item para trocar por drogas e os traficantes receptam essas mercadorias e barganham por ilícitos. A maioria das caminhonetes roubadas são levadas para o Paraguai, de onde retornam carregadas com drogas ou cigarros. Os arrombamentos de residência, por exemplo, rendem objetos para troca. São pequenos furtos, como celular e botijão de gás”, aponta. “O elemento rouba uma televisão aqui, entrega na barranca do rio por dois quilos de drogas e volta. Quando findada a substância, comete outro furto e troca novamente”, amplia.

(Arte: O Presente)

 

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