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Marechal Preocupante

Alto índice de registros da síndrome mão-pé-boca chama atenção em Marechal Rondon

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Principal sintoma da síndrome está no próprio nome: lesões papulares ficam aparentes nas mãos, pés e na boca, onde são vistas aftas de fundo acinzentado (Fotos: Divulgação)

 

Febre, dor de garganta, recusa de alimentos, irritação e, o que mais chama a atenção, lesões nas mãos e nos pés e aftas na boca. Esses são os principais sintomas da síndrome mão-pé-boca, doença que tem maior ocorrência em crianças na faixa etária de até cinco anos e é considerada altamente contagiosa.

De acordo a Vigilância Epidemiológica de Marechal Cândido Rondon, neste ano já foram registrados 42 casos da doença no município. Em pelo menos dois Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs) houve registro de mais de dez casos na última semana.

Apesar do acompanhamento aos casos da doença, estima-se que o número de ocorrências seja ainda maior devido às subnotificações. No ano passado, conforme a Vigilância Epidemiológica rondonense, nenhuma ocorrência da doença foi informada ao setor.

Este número, segundo o órgão, não envolve apenas os casos atendidos no Sistema Único de Saúde (SUS), mas também clínicas pediátricas, hospital de porta de entrada, Unidade de Pronto Atendimento (UPA), postos de saúde, além de creches e escolas que entram em contato solicitando orientações acerca da doença.

Ainda que o número de casos da síndrome mão-pé-boca tenha chamado a atenção recentemente no município, especialmente de pais e responsáveis por crianças que estão na faixa etária mais afetada pela doença pela forma como a qual a síndrome se apresenta, o pediatra Rodolfo Rebola Danielli, que atua na UPA Edgar Netzel, salienta que a doença não é grave e nem fatal. “Podem ocorrer complicações, como qualquer outra doença, mas em linhas gerais a síndrome não tem grande gravidade”, garante.

 

De onde vem

Conforme Danielli, a causa mais comum da síndrome mão-pé-boca é a infecção pelo vírus coxsackie, da família dos enterovírus que habitam o sistema digestivo. “Apesar das lesões cutâneas serem os sinais característicos da doença, nos dias que antecedem o aparecimento dessas lesões a criança pode apresentar sintomas inespecíficos, tendo febre alta, dor de garganta, sialorreia (salivação excessiva), irritabilidade, recusa de alimentos e ficar prostrada pelos cantos, abatida”, menciona.

O pediatra explica que não há vacina ou medicamentos específicos para o tratamento da doença como um todo, por isso é feito o suporte e cuidados com os sintomas para melhorar o quadro de saúde da criança. “Por conta desses sintomas inespecíficos, que se apresentam de formas diferentes em cada criança, que também nem sempre há a informação em termos epidemiológicos da ocorrência da síndrome mão-pé-boca, será indicado o tratamento para os sintomas”, diz.

 

Contágio

A transmissão da doença, segundo o pediatra, ocorre pelo contato direto com outra criança infectada ou com suas secreções, por meio de alimentos e de objetos contaminados. “Imaginamos, por exemplo, que uma criança pegou um brinquedo e colocou na boca e depois outra criança pegou este mesmo brinquedo e mesmo que não colocar na boca, tocar nele, sem lavar as mãos, levou algum alimento à boca. Não é incomum disso acontecer e é por isso que o contágio é tão alto”, pontua.

O profissional comenta que o diagnóstico é baseado no exame clínico, quando observado os sintomas, localização e aparência das lesões. Porém, em algumas situações, também podem ser solicitados exames de fezes e a sorologia para identificar o tipo de vírus causador da infecção.

 

Observação e suporte

Considerada uma virose, Danielli informa que o período de incubação do vírus, isto é, o tempo entre a exposição da criança a um organismo patogênico e a manifestação dos primeiros sintomas da doença, gira em torno de uma a quatro semanas. “Mas isso depende muito da defesa do organismo de cada uma”, expõe.

O tratamento, de acordo com o médico, é considerado de observação e suporte, ou seja, quando a criança apresenta dor e febre, ela é medicada para melhora desses sintomas. “É de extrema importância que os pais, responsáveis e cuidadores observem a hidratação dessa criança e a nutrição, porque nessa situação o organismo vai precisar de nutrientes e não de alimentos inadequados”, enaltece o pediatra. “Os medicamentos antivirais ficam reservados para os casos mais graves”, complementa.

O profissional orienta que também deve ser feito o acompanhamento horizontal, ou seja, consultas frequentes, seja na Unidade Básica de referência ou no pediatra que acompanha a criança.

Danielli diz que a manifestação da doença também pode variar, mas entre sete e dez dias os sintomas começam a melhorar. Entretanto, acrescenta, embora seja uma doença de baixa gravidade e baixas taxas de complicação, podem ocorrer agravos como febre persistente, crises convulsivas e a criança se apresentar prostrada (abatida) por muitos dias. “Neste caso é essencial que se busque o pronto atendimento”, alerta.

 

 

Atenção

O pediatra chama a atenção para o fato de, mesmo após recuperada, a criança poder transmitir o vírus pelas fezes durante aproximadamente 30 dias. Por isso, enfatiza ele, há necessidade de os pais e responsáveis estarem em alerta não somente durante o período de surgimento da doença. “Não há a possibilidade de tirar a criança da escola ou da creche e afastá-la de lá por 40 dias, esteja ela no período de recuperação ou para evitar que ela se contagie, mas é importante que os responsáveis tenham o entendimento de que a síndrome mão-pé-boca é uma virose e que quando seu filho não está bem, ele deve ser retirado desse contato diário, tanto para fazer o tratamento adequado e protegê-lo quanto para proteger as demais crianças porque essa é uma doença bastante contagiosa”, finaliza Danielli.

 

Pediatra Rodolfo Rebola Danielli, que atua na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Edgar Netzel: “É de extrema importância que os pais, responsáveis e cuidadores observem a hidratação dessa criança e a nutrição, porque é nessa situação o organismo vai precisar de nutrientes e não de alimentos inadequados” (Foto: Leme Comunicação)

 

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