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Marechal Investimento com Itaipu

Aterro de Marechal Rondon é cogitado para receber lixo de municípios vizinhos

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(Foto: O Presente)

Em uma área de 13 hectares é possível caminhar tanto sobre a terra quanto sobre uma grama verdíssima sem nem desconfiar que a altura do solo se dá pelas toneladas de lixo que foram enterradas no local. Essa é a realidade do aterro sanitário de Marechal Cândido Rondon, destino dos resíduos sólidos produzidos pelos mais de 53 mil rondonenses. No local são destinadas diariamente uma média de 26 toneladas de lixo.

Inaugurado em 2012, o aterro municipal foi projetado para 20 anos de uso. “Nos primeiros anos de sua operação aconteceu um encurtamento da sua vida útil devido à deficiência na compactação do material em decorrência da falta de equipamentos eficientes e falta de controle de entrada, permitindo a disposição de resíduos não compatíveis com os resíduos domiciliares. Grande quantidade de resíduos recicláveis era destinada incorretamente, tanto pela falta de estruturação da coleta seletiva quanto pela baixa adesão da população, entre outros fatores”, relata o secretário municipal de Agricultura e Política Ambiental, Adriano Backes.

Apesar do começo com o “pé esquerdo”, a situação do aterro vem melhorando, de acordo com o dirigente da pasta, devido à operação eficiente, ao aumento significativo da reciclagem e à diminuição dos volumes aterrados mensalmente. “Estima-se que em nove anos de operação, o aterro sanitário tenha atingido aproximadamente 50% da sua capacidade, abaixo previsto”, enaltece.

Secretário de Agricultura e Política Ambiental, Adriano Backes: “Estima-se que em nove anos de operação, o aterro sanitário tenha atingido aproximadamente 50% da sua capacidade, abaixo das metas previstas” (Foto: Arquivo/OP)

 

INVESTIMENTOS

Para dar fluidez ao grande tráfego de caminhões de coleta de lixo que transitam pela Linha Neuhaus, a estrada de acesso ao aterro sanitário está recebendo pavimentação com pedras irregulares. “Por meio de convênio com a Itaipu Binacional e contrapartida do município, essa obra muito esperada está acontecendo. As melhores condições devem diminuir os custos com a manutenção da estrada e melhorar as condições de trafegabilidade dos caminhões da coleta e dos moradores da região”, avalia Backes.

 

CONSÓRCIO

Ele revela que a Itaipu tem sinalizado a possibilidade de um futuro convênio para investir na infraestrutura do aterro sanitário. “A condição é que Marechal Rondon se disponha a receber os resíduos dos municípios vizinhos na modalidade de consórcio. Técnicos rondonenses e do Parque Tecnológico Itaipu (PTI) realizam estudos de viabilidade quanto a essa chance, que será apresentada em momento oportuno”, expõe.

Aterro rondonense pode receber resíduos sólidos de municípios da região em consórcio com a Itaipu: projeto está sendo analisado (Foto: O Presente)

 

RENDA JOGADA NO LIXO

Apesar das muitas iniciativas para incentivar a população a separar corretamente o lixo orgânico do reciclável, o secretário afirma que toneladas de resíduos vão para o aterro sem necessidade. “Marechal Rondon tem potencial de reciclagem de 250 toneladas de material por mês, mas atualmente recicla apenas 160 toneladas mensalmente, em média, considerando apenas os materiais com comercialização. Ou seja, estima-se que são aterradas indevidamente cerca de 90 toneladas de materiais recicláveis todos os meses”, mensura.

Além de um lixo “extra” para o aterro municipal, Backes diz que os resíduos descartados incorretamente deixam de contribuir para a renda de muitas famílias rondonenses. “Esses resíduos gerariam, caso não fossem aterrados, mais de R$ 60 mil em renda para as associações de catadores do município”, lamenta, lembrando que a separação dos materiais recicláveis é prevista na lei municipal 4.819/2015, tratando-se, portanto, de uma obrigação do munícipe. “A população tem papel primordial no aumento da reciclagem no município. Fazer a separação correta, lavar os materiais e disponibilizar nos dias e horários corretos ajuda muito na destinação ambientalmente correta dos resíduos recicláveis e aumento da vida útil do aterro sanitário”, frisa.

 

ACAN E COOPERAGIR

O desleixo de parte da população na separação de materiais recicláveis é um ponto contrastante à organização e trabalho prestado pelas entidades coletoras destes materiais em Marechal Rondon: a Associação de Catadores Amigos da Natureza (Acan) e a Cooperativa de Agentes Ambientais (Cooperagir). “Elas são responsáveis pela coleta e destinação dos resíduos recicláveis, sendo remuneradas conforme a produtividade. O município tem capacidade de investir na infraestrutura das associações, seja através de recursos próprios ou de fontes importantes, tais como o Ministério do Meio Ambiente, Fundação Nacional de Saúde (Funasa), governo estadual e Itaipu”, menciona o secretário.

Ele destaca que o município já recebeu vários prêmios em virtude do manejo de lixo reciclável. Entre eles o Prêmio Pró-Catador 2018 e o Prêmio Gestor Público Paraná 2020.

Cerca de 90 toneladas de resíduos poderiam ser recicladas, mas, por descarte incorreto da população, são depositados no aterro: esse volume poderia gerar R$ 60 mil em renda para as associações de catadores (Foto: O Presente)

 

AUMENTO DE 112%

Diariamente, são encaminhadas cerca de 5,3 toneladas de materiais para a reciclagem. “Há quatro anos esse número era de 2,5 toneladas, representando um significativo aumento de 112%. A renda dos catadores das associações aumentou de menos de um salário-mínimo em 2015 para uma média de R$ 1,8 mil por mês atualmente, além da geração de 30 novos postos de trabalho nas associações”, pontua Backes.

 

MARCO LEGAL

Aprovado pelo Congresso em julho do ano passado, o novo Marco Legal do Saneamento Básico foi sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro com 11 vetos. De acordo com o ministro de Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, há expectativas de que os vetos sejam votados ainda nesta semana. Para o município rondonense, que se destaca nas políticas ambientais, as normativas não trazem grandes mudanças, principalmente no que diz respeito ao destino do lixo sólido.

 

PROJETO DE COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS ORGÂNICOS TEM PREVISÃO DE EXECUÇÃO EM 2021 

Sonho antigo da administração municipal, a implantação de um Pátio de Compostagem, anexo ao Horto Municipal, tem tudo para se tornar realidade neste ano. “O projeto está sendo feito pelo setor de planejamento e tem previsão de execução ainda em 2021”, informa o secretário de Agricultura e Política Ambiental, Adriano Backes.

Segundo ele, além de servir para a destinação de galhos triturados provenientes da manutenção da arborização urbana, da recolha anual e dos resíduos verdes encaminhados ao Ecoponto, corte de grama e varrição, outros resíduos poderão ser depositados no local. “Há previsão da coleta da fração orgânica nas repartições públicas na prefeitura, escolas e Cmeis (Centros Municipais de Educação Infantil) e porta a porta em um bairro-piloto”, explica.

Conforme Backes, o Pátio de Compostagem deve poupar a ocupação do aterro sanitário. “Estima-se que, quando em operação, deixarão de ser encaminhadas ao aterro cerca de 15 toneladas de resíduos orgânicos por mês, transformadas em compostagem. Esse quantitativo é inicial e será ampliado progressivamente em paralelo a programas de Educação Ambiental da população”, pontua, acrescentando que este é um projeto-piloto: “Está engatinhando”.

 

PRIMEIROS PASSOS

O governo municipal já adiantou a compra da máquina que mexerá o composto orgânico e outros materiais num investimento que soma R$ 481,6 mil. “Precisamos fazer o piso: são cerca de 200 metros quadrados com canaleta e drenagem, mas o projeto ainda não está pronto”, menciona. “É um projeto grandioso que trará mais vida útil ao aterro sanitário”, reforça.

O projeto de compostagem, de acordo com o secretário, vai beneficiar a produção de mudas no horto com adubo feito a partir do lixo orgânico, além de ser utilizado nos canteiros floridos espalhados pela cidade. “Cederemos também para a agricultura familiar por um preço acessível. Pode parecer um programa pequeno à primeira vista, mas a longo prazo é algo muito bom”, conclui.

 

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