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Marechal Inspiração e orgulho

Bombeiros em Marechal Rondon, pai e filho falam sobre a experiência de trabalhar juntos

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(Foto: Bruno de Souza/OP)

Ser bombeiro é uma das respostas de muitos meninos quando questionados sobre o que querem ser quando crescer. A profissão une, na idealização das crianças, uma vida repleta de aventuras e, muito mais do que isso, de vidas sendo salvas. E a realidade não é tão diferente, mas a palavra aventura se transforma em responsabilidade, ao passo que esses profissionais estão presentes desde acidentes graves até o salvamento de animais de estimação.

As visitas de estudantes ao Corpo de Bombeiros de Marechal Cândido Rondon são frequentes e revelam olhares apaixonados pelo ofício. Foi assim com o soldado Lucas Cassiano Cordova, de 26 anos, que desde pequeno teve grandes inspirações para seguir a carreira de bombeiro. “As crianças que vêm aqui se encantam. Eu me reconheço nelas. Já estive do outro lado e agora sou referência para esses pequenos que nos visitam”, destaca.

Filho do também bombeiro militar, cabo Paulo Cordova, o rondonense desde cedo viu de perto o dia a dia da profissão. “Passei noites no Corpo de Bombeiros de Cascavel com meu pai, fazia atividades de rapel e essas coisas desde pequeno. Virei bombeiro por influência dele, porque sempre o acompanhei. Via ele trabalhando e admirava. Nossa família tem um lado militar e eu me visualizava aqui”, conta ao O Presente.

 

Orgulho

Para Paulo, ver o “herdeiro” seguindo seus passos é muito significante. “Meus pais são militares e meus irmãos também. Viemos de uma família nessa linha e ver o Lucas dando continuidade a isso é muito gratificante. Um pai sempre tenta trilhar caminhos e orientar seus filhos da melhor forma possível. Apesar de eu dizer que gostaria que ele entrasse nos bombeiros, polícia ou algo assim, eu estava ali para ajudar em qualquer escolha que ele tomasse”, pontua.

Orgulhoso, o bombeiro diz que melhor do que ter o filho como companheiro de trabalho é ver seu comprometimento com a profissão. “Eu o vejo trabalhando sempre da melhor forma, muito correto e dando o seu melhor. Isso é muito bom”, enaltece.

 

Primeiras experiências

Paulo tem 48 anos e é bombeiro há 25. O cabo atuava na corporação em Cascavel antes do Corpo de Bombeiros ser inaugurado em Marechal Rondon, em 2011. Transferido para cá, ele esteve presente nos “primeiros passos” de Lucas como bombeiro, há cerca de cinco anos.

“No primeiro serviço que o Lucas tirou eu estava junto, isso logo depois que acabou a escola de formação. Foi um acidente que causou bastante impacto e tivemos um óbito. Uma motociclista bateu atrás de um ônibus e acabou morrendo”, relembra o pai, acrescentando que a equipe fez o que podia, mas a ocorrência resultou em morte. “Depois disso atendemos vários acidentes, mas a maioria dos casos não é grave. Às vezes, é mais um ombro amigo do que o acidente em si”, acrescenta Lucas.

Pai e filho gostam de dividir experiências. “Bombeiro é assim, sempre conversa para melhorar e saber como foi”, compartilha.

Soldado Lucas Cassiano Cordova: “As crianças que vêm ao Corpo de Bombeiros se encantam. Eu me reconheço nelas. Já estive do outro lado e agora sou referência para esses pequenos” (Foto: Bruno de Souza/OP)

 

A profissão

O dia a dia dos bombeiros é uma incógnita. Assim como podem ser acionados para atender situações complexas, também podem ser chamados para ocorrências mais “leves”. Em qualquer um dos casos, eles estão atentos e prontos para ajudar.

“Aqueles resgates de animaizinhos de estimação vistos em filmes realmente acontecem. Também é muito comum o bombeiro capturar animais silvestres, que hoje em dia vêm muito para a cidade procurar alimento”, menciona Paulo.

Lucas afirma que devolver animais que estavam em situação de risco às crianças é gratificante. “Precisamos levar conforto de outras formas, não só pelo atendimento, mas pela conversa. Quando a situação é menos complexa, em especial quando envolve animais, conseguimos ter momentos divertidos”, comenta.

De acordo com o soldado, ser bombeiro exige muita responsabilidade. “A profissão de bombeiro nos proporciona estar em contato com coisas diferentes, e isso é muito legal. Às vezes, há sofrimento, e temos a missão de ajudar e fazer o nosso melhor. Ter sensibilidade nessas horas é muito importante”, considera.

Cabo Paulo Cordova: “Meus pais são militares e meus irmãos também. Viemos de uma família mais ou menos nessa linha e ver o Lucas dando continuidade a isso é muito gratificante” (Foto: Bruno de Souza/OP)

 

Convívio contínuo

O trabalho em escalas faz com que, por vezes, pai e filho estejam juntos na corporação rondonense, como no momento da entrevista ao O Presente. “É um convívio contínuo, porque a gente mora junto. Estamos em casa e no trabalho, tudo em sequência”, expõe Paulo. E o filho complementa: “É difícil separar, mesmo com a hierarquia. Ainda bem que temos uma boa convivência, tanto em casa quanto aqui”, brinca.

Por fim, mais assuntos de trabalho são levados para casa do que o contrário. “O trabalho não fica de lado. Conversamos bastante”, ressalta Paulo. “Às vezes, tem coisas que eu participo, ele não e vice-versa, então, trocamos ideias e falamos do que aconteceu”, aponta.

Além da profissão de bombeiro, pai e filho também dividem a carreira acadêmica. “Nós dois fazemos faculdade de Medicina praticamente juntos. Então, a diferença é pouca e a gente troca informação sobre tudo”, conta.

 

Ser bombeiro

Quando perguntados sobre o que é ser bombeiro, Paulo responde pelos dois: “Muito se comenta que devemos trabalhar onde gostamos, nos sentimos bem e realizados. Posso dizer que me sinto muito bem aqui. Cumpro minha missão diariamente e o legado continua”, resume, emocionado.

Pai e filho combatendo um incêndio florestal em 2017 na região: parceiros na vida e no trabalho (Foto: Divulgação)

 

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