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Chegada de militares muda rotina dos colégios cívico-militares de Marechal Rondon; professores, diretores e alunos falam sobre as mudanças

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(Foto: Raquel Ratajczyk/OP)

Menos “bagunça” e mais organização. É dessa maneira que a estudante Isabely Lutkmeyer Garcia Silva, de 15 anos, caracteriza o funcionamento do Colégio Cívico-Militar (CCM) Marechal Rondon. Segundo ela, a instituição de ensino mudou para melhor. “Eu imaginava que seria mais rígido, mas o maior diferencial é a questão dos uniformes e a ordem na sala, tem menos bagunça. Estou gostando e me adaptei bem. Ultrapassou as minhas expectativas”, avalia.

O Colégio Marechal Rondon e o Colégio Cívico-Militar Frentino Sackser receberam há cerca de 15 dias monitor e diretor militares, respectivamente. Na última semana, os uniformes de gala chegaram às escolas, juntando-se às vestimentas esportivas, entregues em outra oportunidade.

Apesar de recém-chegados, os militares já mudaram a rotina dos colégios. “Implantamos aos poucos noções militares, como a ordem unida e os chefes de turma. É um processo lento para que seja bem-feito, porque os alunos até então não tinham noção do que são ordens militares”, menciona o diretor-militar do CCM Frentino Sackser, Ivair Cipriano Gouveia.

Formatura

Em ambos os colégios, nesses primeiros dias estão acontecendo orientações por turmas de modo a familiarizar os estudantes com a cerimônia de formatura, em que os chefes de turma fazem a apresentação e os alunos cantam o hino nacional, fazem o juramento do estudante cívico-militar e recitam o código de honra. Na próxima semana o Colégio Frentino Sackser já deve ter formaturas gerais com todos os estudantes simultaneamente, enquanto no Colégio Marechal Rondon a formatura geral deve iniciar em duas semanas. “Os alunos já têm as informações e o treinamento, assim como os chefes de turma já estarão preparados para conduzir os alunos”, comenta o monitor-militar do CCM Marechal Rondon, Ademir Fritzen.

 

Fluxo de alunos

A carga horária dos colégios foi ampliada para seis aulas diárias e, além disso, ambos têm uma ampla programação de atividades no contraturno, o que gera um fluxo constante de alunos na instituição. “Os alunos ficam mais tempo na escola, mas aceitaram tranquilamente”, pontua a diretora-auxiliar do Frentino, Carla Trento.

Ela afirma que a disciplina dos estudantes também melhorou. “Às vezes acontece de o aluno achar que pode fazer qualquer coisa, que não tem necessidade de vir de uniforme ou ter pontualidade. Tudo isso está sendo melhor acompanhado agora e, sendo um colégio cívico-militar, cada vez vamos avançar mais”, enaltece.

Diretora auxiliar do Colégio Cívico-Militar Frentino Sackser, Carla Trento: “Às vezes acontece de o aluno achar que pode fazer qualquer coisa, que não tem necessidade de vir de uniforme ou ter pontualidade. Tudo isso está sendo melhor acompanhado agora e, sendo um colégio cívico-militar, cada vez vamos avançar mais” (Foto: Raquel Ratajczyk/OP)

 

Chefes de turma

A disciplina auxilia diretamente os professores, que têm um cenário diferente ao entrar nas salas. “O chefe de turma organiza os estudantes, apresenta a turma e menciona os faltantes, facilitando para o professor que só entra e dá sua aula”, conta Carla.

Gouveia diz que “essa foi a primeira ação implantada no CCM, porque é importante para o aprimoramento da rotina”.

Os chefes de turma mudam semanalmente e são uma maneira de despertar no aluno o espírito de liderança, comprometimento, respeito e disciplina. “Muitas vezes, chega-se ao Ensino Superior e o aluno tem problemas para falar em público. O objetivo é fazer o aluno perder esse medo e desenvolver suas habilidades de líder. Todos vão cumprir essa função em algum momento”, explica o monitor militar do Marechal Rondon, contando que a função tem sido “disputada” pelos estudantes.

Chefes de turma são escolhidos semanalmente e visam despertar a liderança nos estudantes: cargo tem sido “disputado” (Foto: Raquel Ratajczyk/OP)

 

Espírito de equipe

Nesta semana, Isabely é a chefe de turma do 1º ano A e, segundo ela, o sentimento de liderança é notável. “Eu faço uma apresentação ao militar e aos professores, que me dão os comandos. Nossa função é deixar a turma em ordem”, pontua a adolescente, que pretende ser policial e já ambiciona uma vaga no Exército Brasileiro.

O diretor-militar do Frentino Sackser relata que os estudantes têm um sentimento de equipe pelas suas turmas. “Se um faz errado a sala toda fica marcada, mas também os bons atos são incentivados. Tem o ônus e o bônus. O aluno tem metas a cumprir em relação a notas e, no fim do ano, os primeiros colocados têm medalhas e diplomas de reconhecimento, diferente do ensino regular”, expõe.

Diretor-militar do Colégio Cívico-Militar Frentino Sackser, Ivair Cipriano Gouveia, conta que cursou Magistério na juventude, mas que o trabalho com os alunos é um desafio: “É uma grande mudança, porque o público com quem a gente lidava quando ativo na polícia é bem diferente, mas nada impede a adaptação para cumprir o serviço” (Foto: Raquel Ratajczyk/OP)

 

Segurança

De acordo com a diretora do CCM Marechal Rondon, Daniele Eckert, o militar tem acompanhado os estudantes desde a recepção e movimento interno até a saída no final dos turnos. “A segurança foi uma das coisas que mais chamou atenção, porque não tem mais pessoas rondando a escola. Gera até mais segurança na comunidade como um todo. Também a postura dos alunos mudou. Há mais respeito para com a equipe e professores, que se sentem mais valorizados”, considera Daniele.

Os militares foram apresentados à comunidade escolar, desde professores, pais e equipe pedagógica, atuando em consonância com todas as esferas do colégio. “Os professores têm a ajuda do militar e podem pedir que ele os acompanhe na troca de aulas ou para dar alguma orientação específica aos alunos”, comenta.

Diretora Daniele Eckert e monitor militar Ademir Fritzen, do CCM Marechal Rondon: “Os alunos estão se adaptando. Eles, tanto quanto os pais, sabem que precisam estar de acordo com o manual do estudante, que foi trabalhado na disciplina de Civismo, assim como apresentado na reunião dos pais” (Foto: Raquel Ratajczyk/OP)

 

Cidadania e Civismo

Isabely relata que a disciplina de Cidadania e Civismo também foi uma surpresa, uma vez que os alunos discutem sobre “situações do dia a dia, trabalha-se com sentimentos e expectativas de vida. Não tínhamos essa visão antes e está sendo bom pensar nessas questões”, enaltece.

A disciplina, que conta com um professor específico, abrange regimento, normas, condutas, manual do estudante, leis, disciplina e organização. Os militares assessoram a matéria, marcando presença para instruções de cunho militar. “Houve uma boa evolução dos alunos desde os primeiros contatos. Eles têm certa expectativa com esse sistema e estão interessados em viver esse momento”, avalia Fritzen.

O diretor-militar do Frentino destaca que faz intervenções na disciplina entremeio às demais funções exercidas. “A professora me cede uma parte da aula para que eu faça um treinamento com os alunos sobre a base militar”, explica.

 

Aluna Isabely Silva, do 1º ano do Ensino Médio do CCM Marechal Rondon: “A mudança em relação a estética que mais sentimos foi o cabelo, porque é sempre preso para as meninas e curto para os meninos. No entanto, amamos as mudanças em aspectos físicos e comportamentais” (Foto: Raquel Ratajczyk/OP)

 

Apresentação individual

As instruções relativas à apresentação individual são uma das normativas incorporadas à rotina dos estudantes e, conforme o Manual do CCM, têm o objetivo de criar uma identidade visual e o sentimento de pertencimento ao ambiente escolar.

Estudantes do sexo masculino precisam manter o corte padrão e de cabelo em dia, sem barba, além de outras normas. Também não podem usar brincos, colares, pulseiras, tornozeleiras e piercings. Para as alunas, o cabelo deve ser preso em coque quando se veste o uniforme de gala e em rabo de cavalo com o uniforme esportivo. Brincos, correntes, pulseiras, anéis e presilhas precisam ser discretos, enquanto tornozeleiras e piercings são proibidos.
Conforme os militares, os alunos já foram instruídos com as normativas e a verificação às normas acontece logo na chegada à instituição. “Os alunos estão se adaptando. Eles, tanto quanto os pais, sabem que precisam estar de acordo com o manual do estudante, que foi trabalhado na disciplina de Civismo, assim como apresentado na reunião dos pais”, pontua Fritzen.

A diretora do Marechal Rondon menciona que os alunos foram orientados também pelos policiais da Patrulha Escolar e, inclusive, a militar Thais ensinou as meninas a fazerem o coque.

Gouveia acredita que, por ser começo de trabalho, algumas coisas ainda não estão exatamente como o manual prevê, mas o processo é gradativo. “Estão todos orientados. No caso das tatuagens, que não podem estar à mostra e são permanentes, os jovens são orientadas a não fazê-las. Faremos um cadastro desses alunos para ter um controle. Com relação a piercing e outras situações estamos efetivamente aplicando a regra”, afirma.

 

Alunos mais presentes

No Colégio Marechal Rondon, a diretora enfatiza o avanço percebido em relação à presença dos alunos, que hoje chega a índices superiores a 90%. “Focamos muito na questão da presença. O Ademir nos auxilia e caso o aluno falte, nós vamos atrás, telefonamos. Os índices têm melhorado bastante”, expõe.

Fritzen afirma que os colégios cívico-militares comprovadamente melhoram as notas e a frequência dos estudantes: “Aqui está gradativamente acontecendo”.

A diretora-auxiliar do Frentino comenta que desde o ano passado o colégio fazia busca ativa dos alunos faltantes, o que se tornou mais efetivo com a chegada do diretor-militar. “Como o Ivair está sozinho, a gente não consegue buscar os alunos em casa nesse primeiro momento até que não tenhamos mais corpo efetivo. No entanto, estamos ligando para os pais e chamando esse aluno para a escola”, salienta.

Base militar dá mais disciplina aos estudantes, o que já apresenta resultados positivos nos colégios (Foto: Raquel Ratajczyk/OP)

 

Mais militares

As duas instituições têm mais vagas para militares, sendo quatro para o Frentino Sackser e três para o Marechal Rondon, contudo não houve candidatos aprovados em quantidade suficiente. Segundo informações das direções, um novo edital deve ser lançado em breve para o preenchimento dessas vagas.

O Colégio Marechal Rondon tem 410 alunos e 600 matrículas, contando ensino regular e atividades no contraturno. No CCM Frentino Sackser há 567 alunos e 900 matrículas, entre ensino regular e projetos extras.

Em ambos os colégios, nesses primeiros dias estão acontecendo orientações por turmas de modo a familiarizar os estudantes com as regras (Foto: Raquel Ratajczyk/OP)

 

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