Marechal Aumento de 50% nos casos
Crianças são mais vulneráveis às doenças respiratórias, diz pediatra rondonense
Pediatra conhecido em Marechal Rondon, José Lademir Friedrich também tem enfrentado alta no número de atendimentos de casos de doenças respiratórias. “São 25 anos de profissão e quadros assim nunca tiveram uma frequência tão alta quanto agora. Não dá para comparar com os dois últimos anos, que foram atípicos devido à Covid-19, mas se comparar com 2019, que era um ano normal, houve um aumento de 50%”, mensurou ao O Presente
Ele diz que o período de isolamento influenciou no atual “boom” de doenças respiratórias, uma vez que os vírus ficaram restritos, não se disseminaram e agora estão “compensando”. “As crianças ficaram dois anos isoladas, não se misturaram umas com as outras. Ou seja, não criaram a imunidade e pararam de criar anticorpos. Então, há uma quantidade maior de vírus e estes se deparam com pessoas com imunidade menor. Esse conjunto de elementos faz com que você não melhore de um quadro respiratório e já desenvolva outro”, explica.
Idade escolar
Friedrich afirma que as crianças são mais vulneráveis por ficarem em ambientes fechados e não realizarem os procedimentos de prevenção sozinhas, como a higiene. “Hoje em dia não tem uma faixa etária mais acometida. É a idade escolar”, menciona.
Inverno
A combinação de vírus “em ebulição” e a imunidade baixa complicam a situação especialmente no inverno, que tradicionalmente apresenta aumento no número de sintomáticos respiratórios. “O clima frio e seco é propício para a multiplicação do vírus. Além disso, as pessoas ficam mais em ambientes fechados e sem sol, que são importantes para evitar a disseminação viral. Também sofremos com as trocas de climas, que dá mais margem para esses quadros”, relata o pediatra.
Segundo ele, os casos só devem diminuir com a imunidade natural e a vacina, mas os números devem seguir em alta até o fim deste inverno.
Tratamento de sintomas
Friedrich salienta que os principais sintomas são febre, espirro, obstrução nasal, prurido nasal, dores (de garganta, de ouvido, pelo corpo) e tosse, além de mal-estar, inapetência, desânimo, vômitos e diarreias – que são sintomas mais vagos.
A preocupação inicial é identificar ou descartar a Covid-19, enquanto que os outros vírus são tratados pelos sintomas. “Geralmente de sete a dez dias já há melhora completa. Antes disso, os sintomas iniciais melhoram com três a cinco dias. Em épocas normais, você medica e a maioria das crianças melhora. Depois, há casos, cerca de 20%, com consequências dessa gripe, que é uma infecção de garganta, de ouvido, brônquio espasmo ou pneumonia. O que acontece agora é uma nova contaminação com um novo vírus e a criança começa com os sintomas novamente”, pontua.
Síndromes x doenças respiratórias
O pediatra não considera que a alta de quadros respiratórios seja uma subnotificação de Covid-19. “Inclusive, os vírus que acometem as crianças agora dão sintomas piores do que quando era Covid-19, porque elas não tinham sintomas tão severos como agora”, enaltece.
Friedrich explica que frequentemente o termo síndrome respiratório é utilizado de forma incorreta. “As síndromes respiratórias mais comuns são os SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave), da Covid-19, e a MERS (Síndrome Respiratória do Oriente Médio). Nas síndromes há quadros mais complexos, com doenças sistêmicas associadas e não só de vias aéreas superiores ou inferiores. Então, todo organismo é afetado quando o caso é sindrômico. Por outro lado, nas gripes e nos resfriados só afeta vias aéreas superiores ou, em alguns casos, inferiores”, ressalta.
O Presente