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Marechal Resposta até sexta-feira

“Estou bem balançado”, diz Backes após receber convite para ser secretário

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Vereador rondonense Adriano Backes (DEM): “Estamos avaliando, pois essa decisão pode mudar o meu meio político. Hoje estou na oposição na Câmara e, se aceitar, retorno para a base do prefeito” (Foto: Maria Cristina Kunzler/OP)

 

A política de Marechal Cândido Rondon iniciou a semana movimentada com a expectativa do anúncio do prefeito Marcio Rauber (DEM) de mudanças no secretariado. Além de possivelmente fazer remanejamentos no primeiro escalão, convites foram feitos para que novas pessoas integrem a equipe de governo.

Um dos nomes que mais chama atenção é o do vereador Adriano Backes (DEM). Embora seja do mesmo partido do prefeito, o parlamentar integra o chamado G7, grupo composto por sete vereadores e que formam a oposição ou ala independente no município. Caso Backes aceite o convite, o grupo de situação ganha força no Legislativo e o G7 se transforma automaticamente em G6.

Em visita ao Jornal O Presente, ontem (17), o vereador discorreu sobre o momento em que vive a política local, com duas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) em andamento na Câmara, sendo que ele preside a chamada CPI das Pedras, além de três processos disciplinares na Comissão de Ética e Decoro Parlamentar e que podem levar a uma eventual cassação de mandato dos vereadores Adelar Neumann (DEM), Dorivaldo Kist (Neco) (MDB) e Nilson Hachmann (PSC).

Além disso, Backes também falou sobre o convite recebido pelo prefeito e adiantou que pretende dar uma resposta até no máximo sábado (22). Confira.

 

O Presente (OP): O processo eleitoral da mesa diretiva da Câmara, ocorrido em dezembro, deixou de certa forma uma instabilidade política no município. Na sua opinião, essa instabilidade foi provocada por quem?

Adriano Backes (AB): O conjunto deste formato começou quando da eleição à presidência da Câmara para o mandato 2019/2020. Houve um desgaste dentro do grupo do prefeito, que não havia problema algum entre os três nomes apontados – Valdir Port (Portinho) (PTB), Nilson Hachmann (PSC) e Claudio Köhler (PP). Por fim, quando houve definição pelo Claudinho para ser o presidente da Câmara aconteceu um racha dentro do grupo e não foi possível consertar mais. Achar o culpado é bem difícil, mas penso que se tem um grupo de situação e vereadores brigando tem que ser dada importância a todos, principalmente quem é da base do partido. O Democratas, com cinco vereadores dentro da Câmara, viu três vereadores votarem em um candidato do PP. Houve um desgaste maior com isso.

 

 

OP: Quando um grupo majoritário na Câmara entra em conflito consigo, pois houve uma divisão de forças dentro do próprio partido, e começa a ter processos que podem cassar o mandato de vereadores, como o senhor se sente diante disso tudo?

AB: Eu me sinto mal, porque gera um desgaste que poderia ser evitado com ações cautelosas já no passado. Poderia ter havido mais diálogo, porque um partido e um grupo fortalecido têm que ter democracia e precisam conversar. Se avaliar hoje, mesmo com cinco vereadores do Democratas em Marechal Cândido Rondon, somente o Pedro Rauber (DEM) participa da executiva do partido. Os outros quatro vereadores, que fizeram em torno de cinco a seis mil votos, nem convidados foram para participar da reunião do Democratas e muito menos para fazer parte do partido. Já é um ponto de referência em que começa o desgaste.

 

 

OP: Os processos de cassação desencadeados na Câmara, na sua opinião, têm origem na disputa política ou de fato nas acusações?

AB: Acredito que mais nas acusações. Os fatos são levantados, apurados e são apresentadas as denúncias. Os processos foram abertos a partir de denúncias concretas, e não vazias.

 

 

OP: O senhor preside a CPI das Pedras. O processo de investigação será transparente?

AB: Sim, com toda lisura. O meu trabalho como vereador desenvolvo dentro daquilo que é certo, correto e com base em provas. Por isso precisamos trabalhar com muita cautela e paciência. No dia 20 (quinta-feira) vence o prazo de 60 dias da CPI das Pedras e haverá a prorrogação por mais 60 dias. Precisamos ouvir as testemunhas dos dois lados, juntar as provas e avaliar se houve irregularidades ou não.

 

 

OP: O senhor acha que alguém será cassado?

AB: Difícil dizer alguma coisa no momento, pois primeiro é preciso ter provas concretas. As duas CPIs e as três comissões processantes estão em andamento, então ainda está na fase de ouvir testemunhas e coletar informações para, daí sim, dar andamento para saber se encontramos fatos verídicos e com provas e que podem culminar em eventuais cassações.

 

 

OP: Em meio a essa situação política na Câmara, o senhor recebe convite do prefeito Marcio Rauber para ser secretário de Agricultura e Política Ambiental. O convite lhe surpreendeu?

AB: Surpreendeu bastante. O que foi relatado como motivo para esse convite foi a excelência no trabalho que desenvolvemos durante 13 anos na Secretaria de Agricultura. Fui diretor na época em que o Hilário Gauer era secretário. Deixamos um bom legado de trabalho e acredito que hoje isso reflete, não porque o Leandro (Dadalt, que deixou a pasta para assumir concurso na Adapar) não fez um bom trabalho, mas talvez pela eficiência na época em que executamos os serviços no interior. Hoje o interior está abandonado e há muita reclamação de agricultor, desde sobre estradas até em atendimento. O que mais falta para a administração hoje é o contato com o produtor rural.

 

 

OP: O senhor recebeu prazo até sexta-feira (21) para dar uma resposta ao prefeito. Neste momento, está mais propenso ou não em aceitar o convite?

AB: Estou bem balançado. Estamos avaliando, pois essa decisão pode mudar o meu meio político. Hoje estou na oposição na Câmara e, se aceitar, retorno para a base do prefeito. É preciso analisar muito bem, conversar com as lideranças políticas, fazer um peso maior daquilo que podemos desenvolver. É preciso lembrar que teria apenas nove meses para ser secretário se pensar em uma candidatura à reeleição. Se fosse para ficar até o final de 2020 seria fantástico, porque teria um ano e meio para trabalhar. Ao assumir uma secretaria, são necessários dois a três meses para organizá-la, o que foi algo que expus, como, por exemplo, mexer em alguns cargos comissionados e fazer a coisa funcionar. Para isso é preciso ter organização.

 

 

OP: O senhor pretende dar a sua resposta ao prefeito até quando?

AB: Até sexta-feira, ou mais tardar sábado darei um retorno ao prefeito e ao Poder Legislativo.

 

 

OP: O senhor se reuniu com o seu grupo de vereadores nesta segunda-feira (ontem). Como repercutiu o convite junto aos seus aliados?

AB: A nossa conversa foi muito franca. Não tenho nada a esconder de ninguém. Expus a situação e alguns ficaram pensativos, mas deixaram para que eu tomasse a decisão em relação ao convite. Nenhum dos vereadores se posicionou contrário ou favorável. Todos ficaram neutros e fui parabenizado por ter sido reconhecido e chamado para ocupar uma secretaria.

 

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