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Marechal Moacir rebate

Ex-prefeito rondonense quebra o silêncio: “Não foi um governo de farras, foi um governo de iniciativas”

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Moacir Froehlich: "Se erros aconteceram, eles estão para serem corrigidos" (Foto: Maria Cristina Kunzler)

 

Ao deixar a Prefeitura de Marechal Cândido Rondon no final de 2016 após oito anos, o ex-prefeito Moacir Froehlich (MDB) ouviu críticas e comparativos sobre sua gestão em relação ao governo do atual prefeito Marcio Rauber (DEM). É algo até tradicional quando um novo grupo político assume. Nos dois anos que se passaram, ele procurou não se manifestar e nem rebater muito do que foi dito.

Na quinta-feira (21), porém, Froehlich decidiu quebrar o silêncio e procurou o Jornal O Presente para falar a respeito do vídeo que o prefeito publicou no Facebook, na semana passada, para negar eventuais farras com dinheiro público que teriam ocorrido na prefeitura.

“Eu achei muito estranhas essas afirmativas recentes do prefeito me citando e falando, inclusive, que meu governo foi de farras. Se ele tem questionamentos sobre os vereadores de oposição, ele poderia tratar esse assunto com eles, como eu também tive. E, aliás, foi ele (Rauber) o vereador mais ferrenho opositor no meu período. Foi um grande denuncista no meu período e nem por isso o tratava mal. E durante esses dois anos eu estive quieto, não me manifestei, nem por rede social, em lugar nenhum, sempre torcendo por um bom governo”, declarou o ex-gestor rondonense.

De acordo com ele, tanto no processo de transição como no dia da posse, em 1º de janeiro de 2017, a mensagem repassada ao atual prefeito era de que haveria condição de fazer “o melhor governo da história, até então, de Marechal Cândido Rondon”. “Porque as condições com que eu estava entregando administrativamente e financeiramente a prefeitura eram muito melhores do que eu as recebi do prefeito que me antecedeu”, observa. “É um processo evolutivo. Todos nós estamos aqui para melhorar: de vida, de procedimentos, de padrão de vida, o empresário quer melhorar os equipamentos, qualificar funcionários, melhorar o produto final que oferece para o consumidor. Na prefeitura também é assim. Achei estranhas essas colocações de que foi um governo de farras. Eu diria que não foi um governo de farras, foi um governo que tinha iniciativas. Isso é diferente”, afirma.

 

Saúde

Um dos setores da municipalidade que Rauber citou no vídeo publicado em redes sociais envolve a saúde, como a proposta de implantação da fisioterapia domiciliar na gestão de Moacir. “As primeiras fisioterapias domiciliares foram contratadas no período em que eu estive na prefeitura, assim como a fisioterapia no Hospital Cruzatti. Agora se alguém não cumpriu, se alguém não realizou o serviço que estava contratado, que responda por isso. Entretanto, não foi falha, foi iniciativa. Quem começou com isso fomos nós”, argumenta.

Sobre a realização de partos no Hospital Municipal, Froehlich relembra que em seus dois governos aconteceram altos investimentos na saúde, mas que não houve tempo hábil para iniciar este procedimento em Marechal Rondon. “Mas deixamos o hospital pronto, com centro cirúrgico finalizado e equipamentos”, pontua.

Dentre os investimentos, ele cita a construção da Clínica da Mulher e da Criança. “Que, aliás, integrantes do partido que hoje ele (prefeito) está filiado não quiseram que eu fizesse e cercaram a praça. Queriam impedir essa obra. Olha quantas mães e crianças já foram atendidas nesta clínica”, enaltece.

Posteriormente, o governo do MDB construiu a Central de Medicamentos, que fica aos fundos da antiga Unidade de Saúde 24 Horas. “A Central é reconhecida pela Sesa (Secretaria de Estado da Saúde) como uma das melhores do Paraná. Não precisamos jogar remédio fora, não tem mais o lixão no nosso município de remédios que eram descartados por falta de qualidade e condição de conservação. Os remédios na Central de Medicamentos estão em ambientes com refrigeração, bem condicionados e conservados”, afirma.

Além disso, Froehlich cita a reforma de postos de saúde, construção de novos postos e a edificação da Unidade de Pronto Atendimento (UPA). “Ele (prefeito) está dizendo que a UPA não estava pronta. A obra foi conclusa. O Ministério da Saúde determinou o fim do convênio e por isso exigiu que houvesse a entrega desta obra para a comunidade. ‘Ah, mas tinha infiltração’. Quando entregamos a UPA em dezembro o período estava seco. Se em janeiro, quando ele já era o prefeito, foi constatada alguma infiltração, era só comunicar a empreiteira ou ao próprio Ministério da Saúde para que providências fossem tomadas, mas a obra estava pronta”, salienta.

O que faltava na Unidade de Pronto Atendimento, conforme o ex-prefeito, era a mobília e a contratação dos profissionais. Porém, ele afirma que havia um concurso em aberto para fazer o chamamento. “Por que eu iria chamar os profissionais no meu período se a UPA não estava com condição de iniciar os atendimentos na nova obra? A obra estava pronta, mas faltava equipá-la e colocar funcionários para fazer o atendimento”, frisa.

 

“Meias verdades”

De acordo com Froehlich, assim como Rauber diz no vídeo sobre “meias verdades” em relação a vereadores, também há “meias verdades” naquilo que o atual gestor declarou.

Sobre a festa do município, que teria sido realizada em anos anteriores com gastos muito superiores de dinheiro público em comparação com as duas últimas edições, o ex-prefeito destaca: “O grau de satisfação das festas que nós fizemos era altíssimo. O mesmo não aconteceu em festas que eu ouvi por aí, em pesquisas, de que não foram bons os shows, não foram bons os locais por não serem adequados e não havia uma arena coberta. O prefeito falou da Pesca da Corvina (valor para a realização), mas eram prêmios bons, eram atrativos, havia um número elevado de equipes inscritas, se fazia um bom atendimento às equipes. Enfim, houve um gasto maior? Pode ser. Agora, dando um exemplo de falta de iniciativa, Porto Mendes está perguntando por que não saiu a edição do Festival de Ecoturismo do ano passado. O que teria sido dito para justificar foram os royalties atrasados. Todavia, com R$ 30 milhões no banco há falta de recurso? A receita do ano no comércio de Porto Mendes, segundo fiquei sabendo, vem em boa parte do Festival de Ecoturismo e dos outros eventos realizados pela municipalidade. E como fica a comunidade de Porto Mendes? E toda essa estrutura que é bancada o ano inteiro pela prefeitura? A área de lazer de Porto Mendes é mantida pela prefeitura o ano inteiro para não ter eventos? Então estamos pagando algo subutilizado”, avalia.

 

Geração de emprego e renda

Na parte de geração de emprego e renda, o ex-prefeito lembra o recente início das atividades do frigorífico de suínos da Frimesa. “Foi uma articulação que ocorreu ainda na época em que eu era prefeito, no final de 2016, com o diretor-presidente da Frimesa, Valter Vanzella. O frigorífico começou a operar no final de 2017, pois houve um ano de adequação para conseguir o Serviço de Inspeção Federal (SIF). Agora a Frimesa já está comunicando a Fazenda Pública do Estado do Paraná de que uma boa parte dos abates de suínos estão sendo faturados por Marechal Cândido Rondon. Então o caixa do município está sendo engrossado com mais uma grande indústria do agronegócio. Isso nos deixa muito orgulhosos e felizes”, comemora.

 

Dados

No entendimento do ex-prefeito, um dado que comprova que seus governos não foram de “farra” do dinheiro público são os índices apresentados pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) na semana passada envolvendo o desenvolvimento municipal. “Entre 2009 e 2016, justamente o período em que estive na municipalidade, Marechal Cândido Rondon saiu da posição 64 para, ao final do nosso mandato, ocupar a 12ª colocação no Estado do Paraná, com índice de 0,848. Antes o índice era bem abaixo disso. Se olhar a classificação 0,8 já indica excelência, contando geração de empregos, renda, educação e saúde”, salienta, citando que no setor educacional houve a construção de creches, ampliação de espaços para as crianças, melhorias na merenda escolar e no material didático, capacitação dos professores. “Isso se reverteu na qualidade do ensino de Marechal Cândido Rondon”, defende.

Para Froehlich, esses fatores que são aferidos para a formação do índice Firjan demonstram que o município deu um salto nos últimos anos. “E provam que não fomos um governo de farra. Nós fomos um governo comprometido e de iniciativas. Se erros aconteceram, eles estão aí para serem corrigidos. Eu não consegui corrigir, mas estão para aí serem corrigidos, mas a iniciativa não pode ser perdida. Ter dinheiro em banco e não investir em obras e serviços não vejo como um bom indicativo de gestão”, conclui.

 

Ex-prefeito Moacir Froehlich em visita ao Jornal O Presente: “Creio que dei uma boa contribuição para Marechal Rondon. Só queria que a população soubesse desta minha manifestação em relação ao que foi dito por aquele que está hoje no comando do município” (Foto: Maria Cristina Kunzler)

 

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