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Marechal Conselho da Mulher

Marechal Rondon é uma cidade extremamente machista, diz presidente do Commur

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Presidente do Commur, Clara Mécia: “Temos um caminho muito longo para percorrer. Enquanto não olharmos para as mulheres com um olhar de igualdade e respeito, e enquanto elas próprias se olharem de forma diferente, não vamos conseguir” (Foto: O Presente)

 

O Conselho da Mulher Rondonense (Commur) foi implantado em 2010 e tem como missão fomentar e fiscalizar políticas públicas de defesa dos direitos das mulheres. “Entre suas atribuições estão formular, garantir, promover e implementar, em todas as esferas da administração pública municipal, as políticas públicas sob a ótica de gênero, para garantir a igualdade de oportunidades e de direitos entre homens e mulheres, de forma a assegurar à população feminina o pleno exercício de sua participação no desenvolvimento social, econômico, político e cultural da sociedade”, explica a presidente do Commur, Clara Mécia.

Segundo ela, ter um conselho como o Commur no município tem sido um passo muito importante para as mulheres rondonenses. “Independente de classe social, cor ou o que quer que seja, muitas mulheres sofrem violências dentro dos seus lares e também nas instituições públicas”, enaltece.

A presidente comenta que através do Commur são estabelecidas parcerias com outras entidades que integram a rede de enfrentamento à violência contra as mulheres. “É um órgão diferenciado, com a função de olhar a mulher pelo o que ela é e as suas diferenças e peculiaridades”, enfatiza.

À época da implantação do Commur, Clara reconhece que não se tinha conhecimento de como era o quadro de violência contra a mulher em Marechal Rondon. “A primeira ação foi pensar como poderiam ser trazidas políticas públicas para o município ou trazer visibilidade para a questão da violência. Através da Secretaria de Assistência Social, o Commur solicitou que se fizesse um convênio com o Lapeg da Unioeste, que foi quando surgiu o primeiro mapa da violência contra as mulheres em Marechal Rondon. Desde então, percebemos que vem apenas avançando”, avalia. “Sabemos do grande número de casos de violência contra as mulheres no município e na nossa percepção os números não cresceram depois da Lei Maria da Penha, mas, sim, se tornaram visíveis. “Hoje a mulher não precisa mais ter vergonha e começou a ter coragem de denunciar, no entanto, ainda existem casos das mulheres terem medo e dependência. Além disso, apesar de haver um crescimento do conhecimento sobre a Lei Maria da Penha, não significa que todas irão usá-la para garantir seus direitos”, expõe.

Uma das prerrogativas do Commur é cobrar ações efetivas, seja dos poderes Judiciário, Legislativo ou do Executivo, no que tange aos direitos das mulheres. “Temos um caminho muito longo para percorrer. Marechal Rondon é uma cidade extremamente machista, enquanto não olharmos para as mulheres com um olhar de igualdade e respeito, e enquanto elas próprias se olharem de forma diferente, não vamos conseguir”, evidencia.

A presidente do Commur reconhece que muito já se fez em termos de políticas públicas para as mulheres, mas ainda é pouco perto do necessário. “A própria Lei Maria da Penha cria mecanismos para coibir a violência contra as mulheres, através de assistência jurídica, equipes de psicólogos, entre outros. Desta forma, vemos que algumas coisas estão sendo cumpridas e outras não porque não temos profissionais suficientes no município”, relata.

Clara reitera que o órgão sempre solicita um atendimento menos constrangedor e mais humanizado às mulheres. “Tudo o que envolve a mulher, seja questões de saúde, renda, emprego, qualidade de vida, dignidade e situações de violência, o Commur está presente, por isso estamos abertos a receber denúncias caso alguns dos órgãos que fazem parte da rede de enfrentamento à violência não estejam cumprindo com o seu papel”, finaliza.

 

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