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Marechal Efeitos da economia

Momento é de cautela aos empresários, avaliam lideranças do comércio de Marechal Rondon

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(Foto: Sandro Mesquita/OP)

A inflação brasileira, que terminou 2021 acima dos 10%, começou este ano ainda bastante pressionada e com números altos. As previsões para o ano, até agora, vinham variando entre 5,5% e 6%, mas devem mudar, e para pior.

Com a invasão da Ucrânia pela Rússia e as sanções econômicas impostas pelas principais economias do mundo aos russos, ligou-se o alerta para mais uma crise.

No Brasil, o conflito deve produzir impactos na atividade econômica e na inflação por meio de diferentes canais, como elevação dos preços das commodities, aumento da taxa de juros, falta de insumos e desvalorização do câmbio, avaliam economistas.

Com esse cenário, especialistas já começaram a prever um quadro de estagflação – mistura de inflação alta com atividade econômica estagnada.

A intensidade desses efeitos, contudo, permanece difícil de ser medida diante da incerteza da duração da guerra.

 

Respingos

“A guerra já impactou e vai continuar impactando o mundo todo. Nós, brasileiros, estamos distantes, mas em um mundo tão globalizado as ações acabam refletindo de forma generalizada. Temos a questão do combustível, devido à disparada no preço do barril de petróleo, o reflexo no agronegócio, com a especulada falta ou redução de fertilizantes. Tudo isso vai gerar alteração nos preços, o que acaba afetando a todos, inclusive nós”, analisa a vice-presidente do Comércio da Associação Comercial e Empresarial de Marechal Cândido Rondon (Acimacar), Geovana da Silva Krause.

Na opinião dela, a economia como um todo será penalizada. “O comércio inevitavelmente também deve sentir impacto. Sabemos e estamos, de certa forma, preparados para alguns aumentos de preços e uma estagnação nas atividades por um período. Há muitas incertezas. Não sabemos o que vai acontecer. De qualquer forma, nos resta seguir driblando as consequências desta guerra”, expõe.

Geovana lembra que o setor comercial regional é bastante ligado ao agronegócio. “Estamos em uma situação que não está faltando insumos para o agro, mas não sabemos até quando e como isso vai ficar. É um momento de bastante incerteza, inclusive para o comércio. A nossa região, por ser bastante dependente da agricultura, vem de uma recessão muito grande por conta da estiagem e das seguidas quebras de safra. Hoje dependemos do clima e do cenário econômico mundial para sabermos como ficará o nosso país e o nosso comércio”, enaltece.

 

Classe otimista

A vice-presidente do Comércio da Acimacar destaca a classe dos empresários, a qual, segundo ela, é sempre muito otimista. “Enfrentamos uma pandemia, que não foi fácil. Alguns setores que estavam estagnados hoje já têm perspectivas de crescimento e outros estão retomando os trabalhos. Ninguém imaginava que agora teríamos uma guerra. Foi algo que não estava previsto e que vai respingar em todos de alguma maneira, tanto para aqueles que fizeram investimentos, quanto para os que imaginavam investir. Então, é um momento delicado, de muita cautela. Vamos esperar que a economia volte a se equilibrar e que a paz volte a reinar o quanto antes”, ressalta.

A expectativa, de acordo com Geovana, é de que a economia possibilite uma retomada generalizada. “Temos duas situações, hoje, em nossa região. Como tivemos uma estiagem muito grande, o preço da saca da soja tem compensado. Então, o agricultor que conseguiu colher está honrando com seus compromissos. Mas muitos tiveram que se utilizar de seguro e não conseguiram saldar suas dívidas. É um cenário econômico delicado, mas seguimos na esperança de podermos voltar a ter bons índices de produtividade e, consequentemente, de mais dinheiro circulando”, pontua.

Para a empresária, por Marechal Rondon ser uma cidade pequena, onde a economia gira em torno da produção local, os impactos econômicos não são como os verificados em grandes centros. “Temos uma região punjante e com economia estável, e isso faz com que a gente não entre em desespero. Claro, o empresário precisa ficar atento, acompanhar os números e analisar cada passo. Vejo que agora não é um período ideal para grandes investimentos”, opina.

Vice-presidente do Comércio da Associação Comercial e Empresarial de Marechal Cândido Rondon, Geovana da Silva Krause: “É um momento delicado, de muita cautela. O empresário precisa ficar atento. Vejo que agora não é um período ideal para grandes investimentos” (Foto: Arquivo/OP)

 

 

“Teremos que driblar mais este desafio”, diz presidente do Sindicomar

Na opinião do presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Marechal Cândido Rondon (Sindicomar), Ademar Bayer, a situação é preocupante. “Primeiro a epidemia de dengue, depois a pandemia da Covid-19 e agora a guerra entre Rússia e Ucrânia. A pandemia atormentou demais o mercado e muitas empresas fecharam, muitos empregos foram perdidos e houve aumento nos preços, pois o dólar subiu bastante. Nossos produtos são atrelados ao dólar e tiveram um aumento substancial. Consequentemente tivemos perda do poder aquisitivo. O resultado é menos dinheiro no mercado e menos consumo”, comenta, ampliando: “Agora já estamos sendo atingidos por este conflito no Leste europeu. Primeiro pela alta no preço dos combustíveis. E tem também as questões do agronegócio. Como somos de uma região eminentemente agrícola e alguns dos principais produtos utilizados nas lavouras e até mesmo em outros nichos vêm dos países que estão em guerra, haverá reflexos. As sanções impostas a estes países dificultarão e muito as negociações de importação e exportação”.

Para ele, a sensação de retomada foi substituída por uma sensação de frustração. “Depois do auge da pandemia houve uma retomada bastante animadora da economia, mas, com essa guerra, saímos de uma retomada para outro golpe. É muito frustrante”, resume.

 

Expectativa para 2022

Apesar do cenário atual não estar favorável à maioria dos setores, Bayer destaca o protagonismo do Oeste do Paraná, resumindo a região como bastante promissora, especialmente por estar estritamente ligada à agricultura. “Nossa região é diferenciada. Mesmo com a seca que tivemos, nosso mercado continua em crescimento. Em nosso município, por exemplo, há um número considerável de vagas de emprego e a expectativa é de que haja um bom crescimento este ano”, projeta.

Ele reitera, contudo, que o andamento da guerra trará problemas generalizados, refletindo, especialmente, no aumento dos produtos e nos custos de produção, pesando no bolso do consumidor. “Nosso comércio certamente sofrerá consequências”, prevê.

Todavia, o presidente do Sindicomar acredita na eficiência do empresário brasileiro para driblar mais este desafio. “Os empresários estão sempre articulando saídas para qualquer crise e não será diferente agora. Haverá dificuldades, sim, mas não se pode desistir, afinal, somos brasileiros e brasileiros sempre dão um jeitinho”, salienta.

Presidente do Sindicomar, Ademar Bayer: “Empresários, não desistam. Acreditem em seus potenciais e vão à luta. Aos poucos tudo se resolve e venceremos mais esta batalha” (Foto: Arquivo/OP)

 

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