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Marechal Entrevista ao O Presente

“O ensino presencial é insubstituível”, opina diretor do Isepe

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Diretor-geral do Isepe Rondon, João César Silveira Portela: “Se graduação pudesse ser feita virtualmente e isso fosse garantia de qualidade de aprendizagem, nós teríamos as grandes universidades do mundo ministrando aulas on-line, e não temos” (Foto: O Presente)

Foi um grande desafio, vencido e superado. É desta forma que João César Silveira Portela, diretor-geral do Isepe Rondon, instituição de Ensino Superior de Marechal Cândido Rondon, avalia 2020. Para ele, o setor da educação foi um dos mais sacrificados neste ano de pandemia. “As dificuldades foram grandes em todos os sentidos, porque nossa estrutura é preparada para o ensino presencial, conforme nossa autorização pelo MEC (Ministério da Educação), e os nossos alunos sabem que o ensino presencial é importante e insubstituível. Alguns foram resistentes quanto às medidas que tivemos que adotar, bem como alguns professores e colaboradores. Todos sofreram com isso. Mas foi uma situação de momento, por questões de saúde pública”, destacou.

Em entrevista ao O Presente, Portela afirmou que depois de ter um plano de contingência aprovado pelo Centro de Operações de Emergência (COE) e ganhar experiência com a retomada das aulas presenciais de forma gradativa, a partir de setembro, o Isepe atualmente está 100% preparado para o próximo ano letivo, com aulas presenciais e on-line para quem necessitar ficar em quarentena.

Na opinião dele, a pandemia não trouxe surpresas positivas, ao menos para o setor educacional. “Não todas, mas algumas autoridades estavam completamente despreparadas, com atitudes pontuais e ações ocasionais que determinavam o fechamento de determinados setores como se esses fossem os responsáveis pela situação. Entretanto, eles estão sem funcionar e a contaminação continua acontecendo”, lamenta. Confira.

 

O Presente (OP): Cerca de duas semanas após o governo suspender as aulas presenciais devido à pandemia, o Isepe aderiu a aulas on-line, com professores lecionando em tempo real (ao vivo). Foi um dos maiores desafios que a instituição enfrentou até aqui?

João César Silveira Portela (JCSP): No início, quando se fez a adesão pelas aulas on-line, foi necessário investir em equipamento e em treinamento, assim como ocorreu em outras instituições país afora. O que não imaginávamos era que a pandemia se estendesse por um período tão longo. Como instituição que atua há muito tempo no mercado, temos excelentes laboratórios e equipe para atuar nessas questões de inovações tecnológicas, então isso nos favoreceu. Não podemos dizer que foi o maior desafio que a instituição já enfrentou. Foi um grande desafio, vencido e superado.

 

OP: Em setembro, o Isepe conseguiu autorização para retomar as aulas presenciais gradativamente e, ao mesmo tempo, continuar com as aulas on-line. Como foi a adesão dos acadêmicos?

JCSP: Próximo ao meio do ano fizemos solicitações junto ao COE visando uma autorização para o retorno presencial gradativo dentro de um plano de contingência especialmente elaborado para tal. Tivemos a permissão do comitê e a aprovação do plano de contingência. Foi um passo importante para o Isepe adquirir experiência de retorno. A adesão foi pequena naquele momento porque era um retorno gradativo e sem obrigatoriedade. O aluno, o professor ou o funcionário que precisaram permanecer em sua residência, permaneceram. A adesão foi relativamente baixa especialmente por parte dos alunos. Mas, como falei, nosso principal objetivo foi ter um plano de contingência aprovado e ganhar experiência. Esse foi o ponto. Não se atuou somente em termos teóricos, mas também na prática. Todos os professores e funcionários tiveram treinamento para atuar na prevenção. Hoje nós estamos 100% preparados. Estamos com as salas preparadas, com condição de transmitir aulas ao mesmo tempo da sala física e on-line para qualquer pessoa que ainda tenha necessidade de permanecer em casa quando as atividades retornarem em 2021.

 

OP: Quantos por cento dos acadêmicos participaram efetivamente das atividades letivas presenciais, depois do COE liberar o retorno gradativo?

JCSP: Não foi um percentual muito alto, porque as atividades que foram reiniciadas não tinham caráter obrigatório. Foi um dos pontos que deixamos claro para o COE. Queríamos a oportunidade de demonstrar, e conseguimos, que é possível termos atividades presenciais com toda a segurança necessária, distanciamento, higienização, e para aquele membro da comunidade acadêmica que precise se manter em quarentena, temos a condição da transmissão simultânea, sem qualquer prejuízo pedagógico ao ensino.

 

OP: Quanto aos acadêmicos, percebeu-se queda no rendimento? Houve muita desistência? Muitos trancaram matrícula ou pegaram exame? Ou, ao contrário do que fazem crer as dificuldades, a pandemia teve surpresas positivas nos resultados?

JCSP: O nosso objetivo e inclusive a nossa autorização é para aulas presenciais. Os nossos acadêmicos, professores, colaboradores e o setor técnico administrativo são preparados e treinados para aulas presenciais. Então, temos que tratar esse momento como estamos tratando. É um momento de pandemia em que a preocupação com a saúde deve ser importante. Não considero que a pandemia foi uma surpresa positiva e jamais as consequências o foram. Infelizmente, por questões de saúde pública, tivemos que adotar medidas que causaram resistência em alguns alunos, é normal; causaram também resistência em alguns professores e colaboradores. Todos sofreram com isso. Estava-se habituado a um ensino presencial, que é o ideal do ensino e não podemos reinventar a roda. Há milhares de anos o ensino presencial sempre foi eficaz para a transmissão do conhecimento e não podemos dizer agora que o ensino on-line pode suprir o presencial, jamais. Foi um momento necessário para garantir a continuidade das atividades sem prejuízo pedagógico. Há acadêmicos que preferiram não aderir a essa modalidade. Todavia, isso não significa que as pessoas não entendam, porque entenderam que foi algo necessário para tal momento. Era o que se podia fazer para garantir a prestação de serviços com a qualidade necessária. Nada substitui o presencial, mas, com a qualidade dos equipamentos, com a qualidade do corpo docente, a compreensão dos alunos e o apoio da equipe técnica, conseguimos vencer esse desafio. Esse não foi o maior, mas foi um grande desafio superado e estamos prontos para o começo de 2021.

 

OP: Na sua opinião, quais foram as principais dificuldades que a instituição encarou neste ano pandêmico?

JCSP: O setor da educação foi um dos mais sacrificados. As dificuldades foram grandes em todos os sentidos, porque nossa estrutura é preparada para o ensino presencial, conforme nossa autorização pelo MEC, e os nossos alunos sabem que o ensino presencial é importante e insubstituível. As dificuldades foram desde a necessidade de maiores investimentos na parte de software e hardware até a necessidade de treinamento e de conscientização. A superação de todos foi enorme. Professores tiveram que aprender como passar de um plano presencial para um plano virtual. Essa angústia que todos viveram foi talvez a maior dificuldade de 2020. A população como um todo estava angustiada, mas falando em setores tivemos segmentos que não sentiram nada. O setor da educação, junto com outros, foi um dos mais massacrados pelas atitudes governamentais.

 

OP: Que lição, que legado fica disso tudo que vivemos neste ano atípico?

JCSP: Apesar de toda dificuldade do setor, o legado que fica é que alguns setores do governo não estavam preparados para atuar nessas circunstâncias especiais, tanto é que observamos disparidades nos tratamentos. As escolas não podem ter alunos distanciados, as faculdades não podem ter alunos, mesmo com distanciamento e higienização, mas tivemos nas eleições um verdadeiro e intenso contato pessoal, bem como se vê agora nas praias e no transporte público em cidades maiores. São contatos tão próximos entre as pessoas que dentro de uma sala de aula com plano de contingência nunca ocorreria. Essa é a nossa ponderação deste ano tão atípico. Não todas, mas algumas autoridades estavam completamente despreparadas, com atitudes pontuais e ações ocasionais que determinavam o fechamento de alguns setores como se esses fossem os responsáveis pela situação. Entretanto, eles estão sem funcionar e a contaminação continua acontecendo. Algumas autoridades da área da saúde pública precisam repensar se é massacrando um ou dois setores que vão combater a crise ou com atitudes mais sensatas.

Diretor-geral do Isepe Rondon, João César Silveira Portela: “O Isepe está pronto para o retorno, com plano de contingência aprovado e capacidade de transmitir aulas presenciais. Quem eventualmente precisar ficar em quarentena poderá assistir às aulas de casa” (Foto: O Presente)

 

OP: Como deve ser o cenário de 2021, as aulas continuarão on-line ou há possibilidade de retornarem de maneira presencial?

JCSP: Eu vejo que em 2021 teremos outro cenário, ao menos é o que se anuncia. Teremos a necessidade de fazer mais adaptações, mas o retorno das aulas ocorrerá e isso nos deixa felizes. Com certeza, como qualquer setor que retorna, tem que haver planos de contingência, atenção total e garantia à saúde das pessoas. O Isepe está pronto para o retorno, com plano de contingência aprovado e capacidade de transmitir aulas presenciais. Quem eventualmente precisar ficar em quarentena poderá assistir às aulas de casa. Estamos com boas expectativas para 2021. Temos certeza de que as dificuldades serão superadas pela capacidade da nossa equipe, pela qualidade dos nossos professores e pela grandeza dos nossos alunos.

 

OP: Mesmo que as aulas voltem a ser presenciais, há possibilidade de algumas disciplinas, respeitando as suas especificidades, passarem a ser ofertadas de maneira on-line na instituição?

JCSP: Não. A autorização para aulas on-line se dá pela pandemia; não há nenhuma autorização do MEC para aulas on-line se não for em razão da pandemia. Então, não. Uma vez ultrapassada a fase pandêmica, não há autorização que permita a continuação das aulas on-line.

 

OP: O senhor acredita que a experiência de aulas on-line – e, de certa forma, a grande adesão dos acadêmicos – pode favorecer para um Ensino Superior cada vez mais virtual? Essa é a tendência do futuro?

JCSP: Quem somos nós para imaginar um futuro. O futuro a Deus pertence, mas a experiência presencial para a graduação, eu te garanto, é insubstituível, porque se a graduação pudesse ser feita virtualmente e isso fosse garantia de qualidade de aprendizagem, nós teríamos as grandes universidades do mundo, aquelas com maior grau de desenvolvimento econômico, ministrando aulas on-line, e não temos. Não podemos andar na contramão das grandes instituições internacionais. Então, eu não vejo essa tendência para o futuro, não entendo que a aula on-line ou qualquer outra modalidade não presencial possa ser garantia de qualidade de ensino. Na graduação você forma um profissional e precisa que ele esteja pronto para o mercado, não pode brincar. Aula on-line é mais uma dificuldade a ser superada pela pandemia e que tem tempo de duração. A duração desse período para o Isepe é durante a pandemia. As aulas serão presenciais, porque entendemos que é a melhor forma de transmitirmos o conhecimento, formarmos e estruturarmos grandes profissionais para o mercado. Nossa faculdade não brinca com a formação. Evidente, podemos ter atividades de extensão, de pós, atividades de recursos externos e palestras de maneira on-line, pois são situações que você pode, no futuro, adaptar as plataformas on-line e os equipamentos que temos.

 

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