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Marechal Marco de fé

Páscoa como tempo de encontrar sentido de vida

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Ressurreição de Cristo representa marco de fé para cristãos e, no momento de pandemia, identificação com sofrimentos de Jesus pode reaproximar fiéis e igreja (Foto: O Presente)

Durante toda a Semana da Paixão de Cristo, culminando no domingo (04) de Páscoa, cristãos se reúnem em virtude da ressurreição de Jesus. Tratando-se da segunda Páscoa entremeio à pandemia da Covid-19, “reunir” pode não ser o verbo correto, visto que muitos religiosos celebram a data por meio de missa e cultos virtuais.

Para os cristãos, a Páscoa é a motivação pela qual suas vidas são confiadas à pessoa de Jesus. “O sentido religioso é apenas um: a ressurreição de Jesus, seu reerguimento da morte e reaparecimento, vivo e glorioso, após a morte traumática que roubou todas as esperanças dos seus discípulos”, relembra o administrador interino da Paróquia Sagrado Coração de Jesus, em Marechal Cândido Rondon, e reitor do Seminário São Cura D’Ars, em Quatro Pontes, padre Marcelo Ribeiro da Silva.

Segundo ele, na maneira civil de se ver o feriado católico, a Páscoa representa a celebração da vida, um momento de encontro familiar, em uma derivação do pensamento católico. “Sem a proclamação da ressurreição de Jesus a Páscoa não cumpre sua finalidade. É pela profissão de fé em Jesus que se trouxe um novo amanhecer para o mundo”, considera.

 

MAIS EXPERIÊNCIA

Sobre o aprendizado da Páscoa, padre Marcelo encara a celebração como uma experiência. “Conhecer o sentido da ressurreição é necessário para buscar comunhão de vida com esse Jesus Cristo que está vivo. Para ter parte da força real e salvadora da ressurreição é preciso se entregar de corpo e alma ao ressuscitado. Ou seja, aquilo que queremos conhecer sobre a ressurreição só pode se tornar ‘meu’ e ‘seu’ se confiarmos nossa vida a Jesus”, enfatiza, ao O Presente.

Mais que a memória da ressurreição de outrora, o religioso incita o cristão e experienciar a progressiva conformação da própria vida à vida de Jesus. “Ele está vivo e tem a força para dar vida a quem o busca. Não é uma memória do passado, mas alguém de quem podemos fazer a experiência”, enaltece.

A Páscoa, na visão do padre, representa a felicidade que brota da experiência de perceber Jesus vivo na própria vida. “Entendo que muitos possam achar isso que eu disse estranho, mas é a verdade da experiência da ressurreição. Ao fiel que se põe disponível à ação de Deus, que mergulha de corpo e alma na celebração da paixão, morte e ressurreição de Jesus, é possível fazer a experiência da alegria em sentir o amor e a presença do Cristo ressuscitado”, exalta, emendando que gestões de afeição e gratidão se avultam similarmente na alegria em saber que Jesus está vivo e dá vida à nossa vivência.

 

APROXIMAÇÃO A DEUS

Para o padre, cabe a cada um se questionar sobre o que Deus espera de si neste momento. “Sem medos e culpas, podemos nos aproximar de Deus, pois se há algo que a cruz desnudou é a infinitude do amor de Deus por nós. Nada que possamos fazer tem força maior que esse amor. Por mais que nos sentimos distantes de Deus, por mais que nos pesem culpas e rancores, nenhuma dessas coisas é maior que o amor que Ele manifestou na cruz”, salienta, emendando que o caminho está sempre aberto. “Ele faz de tudo para poder lhe encontrar. Só não vai ao Senhor quem não quiser, quem não deseja dar o passo que lhe cabe dar. Ainda assim, mesmo que a sua escolha pessoal seja negativa, Ele não deixará de lhe amar e de lhe esperar”.

 

Administrador interino da Paróquia Sagrado Coração de Jesus e reitor do Seminário São Cura D’Ars, padre Marcelo Ribeiro da Silva: “Para ter parte da força real e salvadora da ressurreição é preciso se entregar de corpo e alma ao ressuscitado. Ou seja, aquilo que queremos conhecer sobre a ressurreição só pode se tornar ‘meu’ e ‘seu’ se confiarmos nossa vida a Jesus” (Foto: Divulgação)

 

IDENTIFICAÇÃO

O pastor da Comunidade Evangélica Martin Luther, Vernei Hengen, assegura, em concordância com o padre Marcelo, que o momento é propício para a aproximação a Deus. “Há identificação com o sofrimento e a cruz, principalmente nesse momento de pandemia, e as pessoas se voltam a Deus na esperança, fé e em busca de uma novidade de vida”, relaciona, pontuando que a Páscoa é a boa notícia aguardada pelos cristãos. “As mulheres buscaram Jesus, um nazareno que foi crucificado. Ele ressuscitou. Não está mais aqui”, frisa a passagem bíblica do evangelista Marcos, capítulo 16, versículo 6.

A Páscoa, credita pastor Hengen, é o anúncio de que Jesus se entregou, se doou e viveu pela humanidade. “A mensagem, em meio a esses dias sombrios, nos ajuda a afastar o medo e semeia a confiança, pois Deus não abandona o seu povo. A sua soberania está sobre todos os poderes e sobre todos os âmbitos da vida, nada fica de fora. A igreja e as pessoas de fé são instrumentos para a solidariedade, o cuidado com a vida. Jesus vive e quer vida para todos”, destaca.

 

FESTA DA LIBERTAÇÃO

O pastor luterano ressalta que mesmo antes dos cristãos o povo judeu já celebrava a Páscoa. “Os discípulos celebraram a Páscoa com Jesus, antes da sua morte. O povo judeu lembra nessa ocasião o trabalho duro pelo qual passou no Egito e, em contrapartida, Deus o protegeu da morte e o tirou da escravidão, colocando-o a caminho da Terra de Jerusalém. A libertação da escravidão era o que os judeus comemoravam na Páscoa”, indica.

Com Jesus Cristo, acrescenta o religioso, há outro momento de passagem. “Com a morte e ressurreição, temos a passagem da morte para uma vida definitiva. Isso nos mostra que temos um Deus que é contra todas as cruzes, contra toda a maldade humana e que interfere em favor da vida”, enaltece.

 

CONTRADIÇÕES

Pensando na Semana da Paixão, o pastor Hengen lembra que nem todos aceitaram os ensinamentos de Cristo. “Uma multidão aclamou Jesus no Domingo de Ramos e, em seguida, essa mesma multidão o acompanhou com gritos de ‘crucifica-o!’. A ressurreição de Jesus coloca diante dos nossos olhos as contradições humanas. Por um lado, há o amor incondicional de Deus. Por outro lado, existem os pecados humanos. O que importa é que a fé nos acolhe e nós acolhemos Deus pelo que ele fez por nós”, pontua.

 

Pastor da Comunidade Evangélica Martin Luther, Vernei Hengen: “Uma multidão aclamou Jesus no Domingo de Ramos e, em seguida, essa mesma multidão o acompanhou com gritos de ‘crucifica-o!’. A ressurreição de Jesus coloca diante dos nossos olhos as contradições humanas” (Foto: O Presente)

 

LUZ PARA ILUMINAR OS CAMINHOS

Pastor Hengen destaca que, considerando toda a trajetória da humanidade, a pandemia não é a única pela qual se passou. “Não será a última, tampouco. Essa época traz seus desafios, perdas e sofrimento. A humanidade passa por suas crises, mas sempre se molda e se adapta. Sendo esta a segunda Páscoa da pandemia, seguimos amedrontados, temerosos e angustiados, bem como na primeira. Agora sabemos um pouco melhor como lidar, mas estamos muito cansados. A Páscoa traz luz, força e energia para que passemos pelos momentos difíceis. É preciso lembrar que Deus age a interfere no mundo”, menciona.

Vistas ao futuro, padre Marcelo acredita que até a Páscoa de 2022 a pandemia já tenha sido superada, contudo, isso não significa uma resolução imediata dos problemas. “Esperamos que vençamos o vírus com a vacina para então começarmos a lidar com as consequências da pandemia. Para superarmos, precisamos de esperança, de um desejo e de um novo sonho: a esperança de que nossa vida está sob os cuidados de Deus; o desejo de unir forças com todas as pessoas de bem pela superação da pobreza que vemos se instalar; e o sonho de construir uma sociedade mais fraterna do que a que hoje conhecemos”, finaliza.

 

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