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Marechal DROGAS E VIOLÊNCIA

Proerd: a mão amiga nas escolas

Por meio de atividades educacionais em sala de aula, o policial militar devidamente capacitado fornece aos jovens as estratégias adequadas para tornarem-se bons cidadãos, resistir à oferta de drogas e ao apelo da violência

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O abuso de drogas constitui-se em ameaça à sociedade porque representa para o usuário um comprometimento do futuro e da qualidade de suas relações sociais, com maior propensão ao envolvimento em crimes, violência e ingresso num ciclo de decadência de valores. O público mais vulnerável à dependência é composto por crianças e adolescentes, pelo fato de se encontrarem menos preparados para resistirem aos muitos apelos e incentivos ao uso de drogas presentes nos meios de comunicação em massa e na ideologia da sociedade contemporânea.

A principal estratégia contra esses males é a prevenção por meio do diálogo com as pessoas, ainda durante sua infância e adolescência, fases de suas vidas em que se encontram mais naturalmente aptas a receber orientações e assimilar valores.

Para isso foi criado e investido no Programa Educacional de Resistência às Drogas (Proerd), na tentativa de interferir positivamente no processo desencadeador do fortalecimento individual dos futuros condutores da sociedade contra as investidas de criminosos e de outras formas de chamamento ao abuso de drogas e à prática de ações antissociais.

O Proerd tem por base um esforço cooperativo da Polícia Militar, escola e família, visando preparar crianças e adolescentes para fazerem escolhas seguras e responsáveis na autocondução de suas vidas, a partir de um modelo de tomada de decisão. Por meio de atividades educacionais em sala de aula, o policial militar devidamente capacitado fornece aos jovens as estratégias adequadas para tornarem-se bons cidadãos, resistir à oferta de drogas e ao apelo da violência. Com ações direcionadas a toda a comunidade escolar e aos pais/responsáveis, o Proerd também promove a inclusão da família no processo educacional e de prevenção.

“Muitas vezes as pessoas têm a impressão ou até acham que vamos na escola falar apenas sobre drogas, mas a realidade não é essa. Não vamos mostrar as drogas ou explicar do que são feitas, não entramos nessa questão. Mostramos o contrário, o caminho para que elas (crianças) fiquem longe das drogas, por meio de atitudes responsáveis e saudáveis para que não venham a se interessar pelos ilícitos”, destacam as instrutoras do Proerd em Marechal Cândido Rondon, soldados Érica Rodrigues e Larisa Chambely Balko.

Desde o início do ano, as policiais trabalharam com cerca de 650 alunos de 31 turmas de 5º ano em 17 escolas, tanto do interior quanto da sede. Foram 13 semanas de trabalhos, estando uma vez por semana em cada escola. O programa integra o Batalhão de Patrulha Escolar Comunitário e conta com a parceria das secretarias de Educação e de Mobilidade Urbana.

“Nós conversamos sobre informações acerca das drogas, bebidas alcoólicas, cigarros e os efeitos causados por eles no corpo. Além disso, enfatizamos a importância da comunicação, os riscos e as consequências do consumo das drogas, assim como se expressar de forma confiante e conseguir resistir às pressões”, comentam as instrutoras.

Valores sociais como empatia, respeito, solidariedade e confiança também foram aspectos trabalhados em sala de aula.

Instrutoras do Proerd em Marechal Rondon, soldados Érica Rodrigues e Larisa Chambely Balko: “O Proerd contribui para que a criança consiga entender o que está acontecendo ao redor dela. Por mais que ela venha de um lar violento, com uma família com problemas estruturais, vai conseguir discernir o certo do errado e os caminhos para ela denunciar e se proteger”

Prevenção primária

O uso precoce do álcool tem sido motivo de preocupação e a criação de novas políticas públicas para a prevenção desse problema é fundamental. O maior desafio, enaltecem Érica e Larisa, é fazer com que a população, ao escutar a palavra “droga”, não pense somente em drogas ilícitas, como o crack ou a maconha, mas também assimile as drogas lícitas, como o álcool. Em outras palavras, ressaltam, é preciso fazer compreender que o álcool é uma droga e seu uso por adolescentes não deve ser levado em desconsideração, nem considerado como algo normal. “Hoje é comum vermos que dentro da própria casa os pais permitem que a criança experimente bebidas alcoólicas. Isso é um comportamento muito perigoso, pois aumenta a probabilidade dessa criança vir a ser um alcoólatra quando adulta”, alertam as policiais.

De acordo com elas, com a presença do(a) policial Proerd em sala de aula, os alunos relatam situações não apenas envolvendo o contato com drogas, mas também com armas e outras situações de risco. “A criança cresce naquele lar em que isso acontece e até ela conseguir despertar que aquilo está errado demora um certo tempo”, mencionam as instrutoras, acrescentando: “E o Proerd contribui nesse sentido, para que a criança consiga entender o que está acontecendo ao redor dela. Por mais que ela venha de um lar violento, com uma família com problemas estruturais, ela consegue discernir o certo do errado e os caminhos para ela denunciar e se proteger”.

 

Relação de confiança

Figura já costumeiramente admirada pelo público infantil, o policial militar do Proerd é visto como alguém de confiança para as crianças. “Na última lição, nós montamos a rede de ajuda das crianças e a maioria nos coloca como o adulto confiável e de responsabilidade que eles podem contar e buscar ajuda. Assim, nós acabamos nos se tornando amigos das crianças, enquanto elas contam com a gente confiam cada vez mais na Polícia Militar”, destacam as policiais.

Desde o primeiro dia de aula por meio do programa uma “caixinha” é deixada dentro da sala para que as crianças possam trazer às policiais assuntos e denúncias que pessoalmente são mais difíceis de ser explorados. “Tem situações que eles não contam nem mesmo para o professor da turma. Preferem nos procurar no final da aula, mandam bilhetes relatando bullying ou situações de violência física e verbal, buscando a gente como se fosse um super-herói. E nós, em contrapartida, utilizamos os limites dentro da lei para tentar ajudá-los”, revelam.

 

Polícia comunitária

Na polícia, segundo as soldados Erica e Larisa, o Proerd representa prevenção. “Pegamos essa criança na sua pré-adolescência, momento em que ela está construindo sua consciência na sociedade e no grupo de convivência, e trabalhamos valores e o respeito, para que possamos ver, no futuro, resultados satisfatórios em termos de prevenção de crimes e demais situações delituosas”, frisam.

Além disso, o Proerd é o real exemplo de polícia comunitária, colocando um policial em contato com a comunidade, buscando saber o que acontece de errado e deixando a polícia à disposição das pessoas. “Tendo um policial dentro de sala de aula, toda a escola fica mais segura. Há um contato maior com a direção, pedagogos, professores e reforçamos as situações de lei, como acionar a Polícia Militar e quais os momentos ela é viável”, explicam as instrutoras do Proerd, que mencionam também o apoio à escola. “Informamos das situações que acontecem nas escolas para a polícia poder fazer um maior patrulhamento naquele local e ver o que está acontecendo”, salientam.

 

Responsabilidade

São cerca de 600 crianças e todas com realidades diferentes. O desafio de atingir o objetivo de afastar todas elas do álcool, drogas e violência exige, acima de tudo, responsabilidade por parte dos instrutores. “E além destas crianças, estamos atingindo também os seus pais, pois sempre pedimos para que eles compartilhem com seus familiares quando cheguem em casa, e realmente vemos que eles fazem isso. Dessa forma, conseguimos levar a mensagem não somente às crianças, mas também às famílias”, pontuam as policiais.

Segundo elas, a principal sensação é um carinho muito grande pelo trabalho e, agora, encerrando o primeiro ciclo do Proerd neste ano no município a avaliação é positiva. “É recompensador quando você vê na redação, que marca o final do ciclo, as crianças escrevendo que aquilo que foi dito em sala de aula auxiliou elas e suas famílias”, enfatizam, emendando: “Há muitas redações nas quais eles colocam que algum familiar parou de fumar depois que foram apresentados os malefícios do cigarro, ou que se diminuiu o consumo de bebida alcoólica na família porque elas passaram as informações. Além disso, as próprias crianças tomam conhecimento dos maléficos de todas essas drogas e dizem querer se manter longe”.

As instrutoras também se dizem felizes em saber que estão fazendo a diferença. “Se uma dessas 600 crianças não tiver contato com drogas, para nós já e uma vitória. Mesmo que não consigamos atingir a todos, o mínimo já é suficiente para nos deixar felizes”, finalizam.

 

Formatura

Amanhã (27) acontece a formatura dos estudantes do Proerd em Marechal Rondon. O evento acontecerá a partir das 19 horas, no Centro de Eventos e contará com a entrega de certificados aos alunos, além da apresentação da Banda Proerd de Ponta Grossa.

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