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Marechal Entrevista ao O Presente

Secretária faz raio-X da saúde rondonense

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Secretária de Saúde de Marechal Rondon, Marciane Specht: “As especialidades com maior fluidez no momento, em média, são otorrinolaringologista, endocrinologista e neuropediatria” (Foto: Arquivo/OP)

Mesmo com o advento da pandemia do coronavírus, outros atendimentos de saúde também precisam acontecer para que sejam evitadas complicações futuras. Tendo isso em vista, a reportagem do O Presente realizou um “raio-X” da saúde pública de Marechal Cândido Rondon a partir de uma entrevista com a secretária municipal de Saúde, Marciane Specht.

Segundo ela, ainda que as cirurgias eletivas sigam suspensas por determinação da Secretaria de Estado de Saúde (Sesa) e alguns agentes ainda não atendam 100% da agenda, a saúde rondonense alcançou bons resultados em 2020. “O ano terminou com uma redução de cerca de 10% nas filas de espera. (…) Caso a programação dos prestadores tivesse se mantido, provavelmente teria ocorrido uma redução ainda maior na espera pelos atendimentos”, avalia, mencionando que a especialidade com maior espera é reumatologia, enquanto com maior demanda estão ortopedia e oftalmologia.

No que diz respeito à vacinação, em um momento em que a imunização contra a Covid-19 alegra a população, o município rondonense atingiu, em uma análise preliminar, 98,39% da cobertura geral de vacina. Confira.

 

O Presente (OP): Com a pandemia da Covid-19, muitos procedimentos deixaram de ser realizados pela saúde pública no primeiro semestre de 2020, sendo retomados apenas no segundo semestre. Como o ano foi finalizado? Muitas pendências em termos de consultas eletivas e cirurgias?

Marciane Specht (MS): Mesmo com a retomada no segundo semestre de 2020, muitos médicos não voltaram com o agendamento até o momento. Aqueles que retomaram tiveram a agenda reduzida para evitar aglomerações. Sobre os procedimentos cirúrgicos, o Hoesp (Associação Beneficente de Saúde do Oeste do Paraná) é referência para os casos de Covid-19 e inúmeras cirurgias deixaram de ser agendadas neste período, acumulando pacientes para procedimentos cirúrgicos, especialmente no que diz respeito a cirurgias ortopédicas e gerais. A resolução nº 0013/2021 da Sesa, publicado no dia 04 de janeiro de 2021, regulamenta a suspensão temporária da realização de cirurgias eletivas hospitalares, com validade de 30 dias, excetuando procedimentos de cardiologia, oncologia e nefrologia, exames considerados urgentes pelo médico prescritor, procedimentos a serem realizados em âmbito ambulatorial e cirurgias que, ao critério médico, sejam consideradas de urgência ou emergência.

 

OP: Como estão as filas de espera por atendimento nas especialidades médicas?

MS: As filas de especialidades continuam existindo. Conforme melhora a oferta de serviços por parte do município ou do Ciscopar (Consórcio Intermunicipal de Saúde Costa Oeste do Paraná), mais pacientes migram para o atendimento do SUS (Sistema Único de Saúde). Em alguns casos, os agendamentos pelo município são possíveis antes mesmo do que em datas oferecidas pelos convênios médicos. Analisando 2020, o ano terminou com uma redução de cerca de 10% nas filas de espera. É preciso considerar que houve uma oferta menor de vagas em todas as especialidades; caso a programação dos prestadores tivesse se mantido, provavelmente teria ocorrido uma redução ainda maior na espera pelos atendimentos.

 

OP: Qual especialidade é a mais requisitada pelos rondonenses atualmente?

MS: A especialidade mais requisitada no ano de 2020 continuou sendo a de ortopedia. Em segundo lugar está a oftalmologia. Essa requisição se dá por conta da característica da população, que está envelhecendo e necessitando de mais esforços do Poder Público nesse sentido. Na ortopedia, em especial, as solicitações são diretamente relacionadas às condições de postura, esforço físico e movimentos repetitivos que, ao longo do tempo, causam lesões temporárias ou definitivas na maioria das pessoas. Vale ressaltar que, atualmente, Marechal Rondon possui dois ortopedistas concursados atendendo, ambos realizam consultas, avaliações, encaminhamentos, acompanhamentos e, conforme a capacidade instalada, os pacientes recebem direcionamento para atendimento nas referências ou através de TFD (tratamento fora do domicílio).

 

OP: Qual é o tempo médio que o paciente leva até que seja atendido?

MS: Para a especialidade de ortopedia (ambulatorial) o tempo é variável para a primeira consulta: em torno de 15 dias para casos com prioridade e em casos sem prioridade a espera chega, em média, a 50 dias. Para as subespecialidades da ortopedia este tempo médio tende a ser maior, passando de 180 dias muitas vezes. No setor de regulação e controle e no setor de agendamento todos os pacientes recebem uma guia da lista de espera com um QR Code, que permite ao usuário acompanhar em tempo real a sua posição na fila.

 

OP: Qual é a especialidade com maior demora?

MS: Atualmente, a fila com maior demora é a de reumatologista. Por muito tempo, a especialidade esteve sem atendimento na região e em 2020 voltou a ter profissional credenciado. Além dessa, existem outras especialidades de tratamento fora do domicílio que estão no aguardo de agendamento por parte do Estado. Destas, podemos destacar duas com grande demora: a ortopedia com especialização no ombro, com casos de cirurgias eletivas, e cirurgias plásticas. Sobre a situação de maior demanda, vale mencionar que no fim de 2020 foi assinado termo de intenção entre a 20ª Regional de Saúde e o Ciscopar que objetiva a qualificação da atenção ambulatorial multiprofissional especializada. As linhas de cuidados e as especialidades prioritárias para a Sesa no programa são: atendimento às gestantes, crianças, hipertensão arterial, diabetes mellitus, pessoas idosas e saúde mental. As especialidades, consultas e exames especializados, por sua vez, são definidos em cada Regional. Assim, a 20ª Regional elencou no última CIR (Conselho de Intergestores Bipartite da Regional) de 2020 as especialidades de urologia, cardiopediatria, reumatologia, hematologia e neuropediatria. É possível observar que uma das especialidades com demanda em Marechal Rondon (reumatologia) está também contemplada em nível regional, não sendo apenas uma demanda local.

 

OP: Qual especialidade tem maior fluidez no atendimento?

MS: As especialidades com maior fluidez, no momento, em média, são otorrinolaringologista, endocrinologista e neuropediatria. Quanto a exames, aqueles que apresentam maior fluidez junto ao agendamento são as ultrassonografias e as tomografias computadorizadas.

Secretária rondonense Marciane Specht: “Neste momento de incertezas, não é possível prever que todos os agendamentos serão atendidos de modo a terminar com filas de espera” (Foto: Arquivo/OP)

 

OP: Há expectativas para zerar as filas de espera por especialidades?

MS: Entre as agendadas pelo município ou pelo Ciscopar, inúmeras especialidades estão próximas de serem zeradas para primeira consulta. Porém, algumas possuem poucos prestadores credenciados, o que impede um bom fluxo de agendamento e causam fila de espera. Neste momento de incertezas, não é possível prever que todos os agendamentos serão atendidos de modo a terminar com as filas. Na gestão do prefeito Marcio Rauber foi implantado o controle eletrônico de fila de espera, como dito, o que possibilita que o cidadão acompanhe sua solicitação de casa. A busca por atendimentos na área de saúde tem aumentado diariamente, por outro lado os recursos são limitados. Em uma rotina que não envolva a atual situação pandêmica, é importante frisar que ao município compete somente a atenção básica. O que se percebe ao longo dos anos, pelo contrário, é que cada vez mais a administração municipal arca com novas demandas e engloba em sua atuação responsabilidades de outras esferas do governo, o que fica evidente ao verificar a quantidade de pessoas nas filas de espera para as especialidades.

 

OP: Como o calendário de vacinação fechou 2020? Muitas pessoas que compõem o público-alvo deixaram de ser imunizadas?

MS: De maneira geral, as vacinas atingiram as metas no final do ano. A exigência da carteirinha de vacinação atualizada em matrículas e rematrículas incentivou os responsáveis a levar os menores para regularização, o que consequentemente contribuiu para o aumento da cobertura vacinal em crianças, que estava abaixo do preconizado. Fechada de forma preliminar pela 20ª Regional, a cobertura geral de vacinas de um até quatro anos de vida atingiu 98,39% em Marechal Rondon, demonstrando a responsabilidade do Poder Público para com a saúde coletiva da nossa população. Quem cuida das crianças cuida da sua gente e os números analisados por instâncias superiores demonstram isso claramente.

 

OP: Como estão os estoques de vacina? Há alguma que a população deveria dar uma atenção?

MS: Os estoques das vacinas estão regulares. A vacina pentavalente estava em falta praticamente em todo 2020 e teve seu abastecimento suprido no final do ano; até o momento não temos mais falta deste imunobiológico. A observação é sobre a vacina da pólio, imunizante que vem em quantidade suficiente, mas é centralizado no Centro Integrado de Saúde (CIS), Então, o público-alvo, crianças entre um ano e três meses e quatro anos, deve procurar atendimento nesta unidade, pois os frascos são de 25 doses, com validade de sete dias. A vacina da BCG também é centralizada no CIS a fim de evitar o desperdício, pois o frasco contém 20 doses com validade de seis horas após aberto.

 

OP: Como o setor de saúde começa o ano de 2021, considerando que a pandemia continua e com ela muitos desafios?

MS: O setor de regulação e controle, conforme a disponibilidade de vagas, continua agendando consultas e exames disponibilizados pelos prestadores, claro que em quantidade reduzida por conta dos cuidados sobre distanciamento. Como em todo final de ano, a oferta de consultas e exames eletivos diminuiu por conta do período, o que foi percebido na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) e no Hospital Municipal Dr. Cruzatti em razão das férias e dos recessos de algumas especialidades. Automaticamente, há uma reorganização das escalas em todos os serviços, o que dificulta os encaminhamentos para algumas especialidades médicas. No geral, a equipe está realizando agendamentos desde o dia 20 de dezembro, quando abriu a agenda, via Ciscopar, das vagas para janeiro. Nos atendimentos da Secretaria Municipal de Saúde, a nossa equipe trabalha há meses atendendo aos cuidados voltados à Covid-19 e, simultaneamente, na retomada das atividades para que pacientes de outras patologias tivessem continuidade no atendimento, visto que os demais agravos continuaram assolando nossa gente. Bravamente, fomos referência na retomada das ações e, graças ao envolvimento de todos os nossos servidores públicos, o atendimento foi e está sendo prestado com maestria, atendendo a demanda diária, sejam elas busca por situações eletivas (agendadas, por urgências) ou situações envolvendo a pandemia. Diferente de outros setores, a Saúde rondonense, mesmo no período do recesso, manteve suas escalas de trabalho em regime de plantão, tanto que a UPA e o Hospital Cruzatti nunca param. Temos ainda atendimento por telefone, call center, ou pelo Serviço de Atenção Domiciliar (SAD), com visita aos pacientes que necessitam de cuidados contínuos, os plantões na Vigilância Sanitária e no Setor de Epidemiologia, que é o responsável pelo acompanhamento das questões relacionadas com o coronavírus.

 

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