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Marechal Expectativa positiva

Seminovos seguem valorizados e concessionárias rondonenses projetam mercado aquecido para o segundo semestre de 2022

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(Foto: Bruno de Souza/OP)

Apesar da cautela ainda pairar sobre o mercado de automóveis, as concessionárias de Marechal Cândido Rondon vivem um momento positivo, principalmente quando se trata da venda de veículos seminovos.

Durante a pandemia, a produção e, consequentemente, a entrega de carros novos foram seriamente afetadas, gerando filas de espera em um setor que antes atendia prontamente os consumidores. Diante disso, quem saiu ganhando foram os seminovos, que estavam disponíveis no mercado e foram supervalorizados – movimento ainda vigente.

 

Bons negócios

Na Franciosi Multimarcas, as vendas dos primeiros quatro meses do ano se equivalem às comercializações feitas no mesmo período em 2021. “O movimento está bom, somente um pouco menos aquecido quanto às vendas de veículos com valores mais expressivos. É perceptível que o mercado de automóveis usados teve um aquecimento acelerado no período de pandemia e pós-pandemia. Para a nossa empresa foram dois anos de bons negócios”, enfatiza o sócio-proprietário da empresa especializada em seminovos, Samuel Franciosi.

Em virtude do bom começo em 2022, o empresário projeta boas expectativas para o restante do ano. “Os brasileiros são apaixonados por veículos e essa paixão fomenta o mercado de automóveis positivamente. Estamos motivados e com esperança de que a economia se reestabeleça”, ressalta.

Sócio-proprietário da Franciosi Multimarcas, Samuel Franciosi: “A tabela Fipe segue em alta, acumulando um aumento de 25% a 30% em média desde o início da pandemia, muito maior do que se aplicava no decorrer dos últimos dez anos” (Foto: Bruno de Souza/OP)

 

Usados x novos

Na Beto Marcas, concessionária que vende tanto veículos seminovos quanto novos, a diferença de venda entre esses automóveis é perceptível. “O mercado está mais cauteloso. Os preços dos carros têm subido constantemente, tanto novos quanto seminovos, e a taxa de juros também sofreu reajustes, o que impacta o setor. A venda de veículos novos está um pouco mais baixa do que o normal, até pela falta de veículos zero que vem se arrastando há mais de dois anos. Consequentemente, houve um aumento na procura de seminovos, que vivenciam um momento raro no Brasil: o veículo usado está valendo mais agora do que quando foi comprado há dois ou três anos”, pontua o sócio-proprietário da empresa, Legário von Mühlen (Beto).

Na concessionária de Beto, carros com valores mais baixos também têm maior saída. “Os mais procurados são utilitários usados e pick-ups em geral de até R$ 50 mil. Veículos populares também, de R$ 30 a R$ 50 mil. De modo geral, a procura se concentra em automóveis de valores abaixo de R$ 50 mil, sendo que desse valor até R$ 100 mil estão as SUVs, que são os carros preferidos pelos consumidores brasileiros”, detalha.

Sócio-proprietário da Beto Marcas, Legário Von Mühlen (Beto): “Alguns modelos saíram de linha ou tiveram a produção interrompida pelo menos até o segundo semestre para se adaptarem à nova legislação sobre a emissão de poluentes” (Foto: Bruno de Souza/OP)

 

Efeitos da pandemia ainda visíveis

Apesar do volume de vendas já ter melhorado em comparação com o auge da pandemia, o empresário rondonense salienta que alguns problemas persistem no mercado. “A falta de chips, por exemplo, não deve ser regularizada neste ano e nem em 2023. Com a falta de componentes, os veículos novos, mesmo não disponíveis à pronta-entrega, tiveram um aumento expressivo no preço. Na contramão, os descontos fornecidos para CNPJ e produtores tiveram uma redução significativa na pandemia”, menciona.

O gerente de seminovos do Grupo Rivel, Fábio Simoni, diz que a Chevrolet criou alternativas para superar a escassez de chips a fim de não prejudicar o fornecimento de veículos zero. “Nossa montadora alterou alguns produtos, diminuindo ou aumentando a configuração de opcionais devido à escassez de semicondutores, mas mantendo a entrega dos veículos. Algumas montadoras ainda enfrentam pausas na linha de produção, então a escassez de veículos novos não deve ser normalizada neste ano e os seminovos vão seguir supervalorizados”, enfatiza.

Além disso, novas legislações também impuseram novas adaptações à linha de produção de alguns automóveis, indica Beto. “Alguns modelos saíram de linha ou tiveram a produção interrompida pelo menos até o segundo semestre para se adaptarem à nova legislação sobre a emissão de poluentes”, expõe.

 

Fila de espera para veículos zero

De acordo com o sócio-proprietário da Beto Marcas, alguns modelos de veículos zero podem levar até seis meses para serem entregues. “Se for uma compra para CNPJ ou produtor rural, esse carro tende a demorar vários meses. Se for uma venda ao consumidor pessoa física, muitas vezes o carro é encontrado à pronta-entrega, mas com poucos modelos disponíveis”, compara.

No Grupo Rivel, o prazo para entrega oscila na mesma margem. “Estamos entregando os veículos que foram pedidos há mais de nove meses. Então, produção e entrega não devem se normalizar neste ano e os reflexos devem ser visíveis até 2023, principalmente na linha de utilitários. Sedans e hatchs médios são as linhas com maior disponibilidade no momento, mas acontece de os produtos disponíveis à pronta-entrega não serem da cor ou configuração de opcionais que o cliente quer, ocasionando uma demora na entrega. Existe essa limitação na venda de veículos novos mesmo nesses segmentos tecnicamente mais disponíveis”, explica.

Veículos novos têm fila de espera para entrega: problema dura mais de dois anos (Foto: Bruno de Souza/OP)

 

Impactos da quebra de safra

Beto afirma que muitas variáveis interferem nas projeções do mercado para este ano. Segundo ele, preço dos combustíveis, oscilação do dólar, controle da inflação e eleições são os principais pontos a serem observados para a avaliação do que vem pela frente. “Depende também da safra e se teremos uma recuperação dos produtos que estão defasados para o produtor, como suíno, frango e leite. Quando o produtor tem uma boa receita, tem poder de compra e vai comprar. Do contrário, ele simplesmente se mantém e não investe. Uma boa expectativa para o campo reflete em bons momentos para a economia de modo geral, porque tudo faz parte de uma cadeia”, avalia.

A exemplo disso, a quebra da safra de soja interrompeu um começo de ano que vinha sendo especialmente promissor no Grupo Rivel. “O mercado de automóveis está positivo e vemos que os emplacamentos estão com uma porcentagem maior de veículos novos do que no ano passado. As vendas foram 50% maiores em janeiro se comparado ao mesmo mês em 2021. No entanto, em fevereiro e março houve uma queda devido à frustração da safra. Desde março e agora em abril estamos recuperando a venda de automóveis novos e usados”, relata o gerente de seminovos.

Gerente de seminovos do Grupo Rivel, Fábio Simoni: “Nossa montadora alterou alguns produtos, diminuindo ou aumentando a configuração de opcionais devido à escassez de semicondutores, mas mantendo a entrega dos veículos” (Foto: Divulgação)

 

Projeção de vendas 25% maior

Nessa recuperação, o Grupo Rivel projeta um crescimento de 20% a 30% nas vendas em 2022 se comparadas ao ano passado. “Mesmo com todo o cenário de instabilidade, o país está com a economia aquecida em todos os setores e, nesse sentido, o aumento do PIB (Produto Interno Bruto) deve se concretizar neste ano. Em 2021 o movimento foi muito fraco e, ainda que não seja produzido em 2022 o que foi em 2019, o índice deve melhorar neste ano, mas sem se normalizar”, pondera.

Simoni ressalta que o temporal da última semana deve gerar impactos localizados nas vendas. “Ainda assim, as regiões do entorno que não tiveram a lavoura afetada devem consumir. Ou seja, no levantamento da região o volume de vendas deve ser bom, seguindo a média nacional. Em todo caso, sabemos que o ano será marcado por pessoas mais prudentes nas compras”, salienta.

 

Variação da tabela Fipe

Mesmo que ainda em alta, os veículos seminovos viram o aumento dos preços acontecer em um ritmo mais lento. “Não estão aumentando como há alguns meses, mas ainda assim a tabela Fipe segue em alta, acumulando um aumento de 25% a 30% em média desde o início da pandemia, muito maior do que se aplicava no decorrer dos últimos dez anos”, compara Franciosi, que vê veículos entre R$ 20 mil e R$ 80 mil tendo mais saída no seu estabelecimento.

A mudança da atualização dos preços na tabela Fipe tem até apresentado pequenas baixas e estabilizações, aponta o Beto. “Nos casos de elevação dos preços, acontece em menor dimensão se comparado com o que vinha acontecendo há um ano e quatro meses para cá. O reajuste é relativo em cada marca e modelo, mas tem acontecido mensalmente. Veículos usados a diesel tiveram reajuste na faixa de 3% até 4% ao mês; veículos a gasolina de seis cilindros tiveram aumento, mas bem menor, de 1,5% a 2%; e veículos em geral e utilitários a gasolina tiveram reajuste na faixa de 2,5% a 3%”, comenta.

Em média, os veículos registraram oscilação de 1,5% ao mês, conforme a tabela Fipe. “É possível que o cliente acompanhe o preço de uma caminhonete e veja o valor dela subir de R$ 3 mil a R$ 5 mil de um mês para o outro em relação à tabela Fipe”, exemplifica o gerente de seminovos do Grupo Rivel.

 

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