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Marechal Como sobreviver entre tantas lojas?

Setor vestuário: o ramo mais competitivo do comércio rondonense

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Fotos: Leme Comunicação

 

Para muitos, dirigir seu negócio é sinônimo de liberdade e autonomia. No entanto, poucos daqueles que desejam ser empresários levam em consideração que a taxa de sobrevivência das empresas no Brasil beira os cinco anos, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Todavia, para aqueles que não desistem do sonho de empreender ou tornam-se seus próprios chefes por necessidade, como pela dificuldade em encontrar emprego, um dos principais setores alvo de investimentos é o de vestuário.

Em Marechal Cândido Rondon, não é difícil ver a cada mês um novo empreendimento oferecendo calças, blusas, vestidos e saias. No âmbito da Associação Comercial e Empresarial (Acimacar), o setor de vestuário e acessórios é o que conta com o maior número de empresas associadas: 137. Entretanto, a quantidade de lojas que trabalham com a venda de peças de roupas é muito maior. “O varejo é um setor muito encantador, um ramo muito prazeroso de se trabalhar e que atrai especialmente muitas empresárias, mulheres que já tinham gosto por comprar roupas, conhecer lojas, estarem atentas às novidades da moda e por uma necessidade ou pela vontade de empreender fazem o investimento”, comenta a vice-presidente do Comércio da Acimacar, Geovana da Silva Krause.

É justamente por gostar da moda e pela facilidade em abrir uma loja de roupas, diz Geovana, que há um número significativo de estabelecimentos voltados para o mesmo segmento, culminando em uma concorrência extremamente acirrada. “Geralmente os homens estão mais na confecção, nas fábricas. Quem mais vemos nos pontos de venda, nas lojas, são as mulheres empreendendo especialmente pelo gosto pessoal. Algumas começam vendendo para as amigas, de porta em porta, depois abrem um pequeno espaço e começam a expansão. Outras já têm uma economia e vislumbram o setor como uma grande oportunidade de negócios, mas, independente de como seja o início, é importante encontrar os diferenciais para manter-se no mercado e atrair o cliente de forma a fidelizá-lo para que seu negócio mantenha as portas abertas”, frisa.

 

FOCO NOS OBJETIVOS

Mesmo sendo possível encontrar uma loja de roupas em cada esquina de Marechal Rondon, Geovana ressalta que as empresas no município se diferenciam pelo foco de mercado. Algumas pelo produto e qualidade, outras pelas marcas exclusivas, as multimarcas, há empresários que buscam conquistar clientes pelo baixo preço e, ainda, há aquelas que trabalham com marcas próprias, como as lojas de departamento. “Apesar de ser uma grande concorrência, existem diferentes segmentos dentro das lojas de confecções, mas por ser o maior tipo de empresas que encontramos no varejo, cada pequeno detalhe faz uma grande diferença na hora do cliente escolher onde vai comprar e se voltará até aquela empresa”, pontua.

Para a empresária Ivânia Marlova Kochan, ser diferente em meio a tantas empresas que, a princípio, oferecem o mesmo produto depende muito do perfil de cada loja. “Os objetivos e as metas do empresário também contam muito, o que ele espera alcançar com a sua empresa. É apenas um desejo, a realização de um sonho ou é a busca por resultados específicos a curto e longo prazo?”, questiona a proprietária da Marlô Modas.

Segundo ela, um dos segredos é não ter medo das mudanças que se fizerem necessárias caso os resultados não estejam sendo satisfatórios. “Mudar o segmento dos produtos, buscar informações, fazer pesquisas de mercado. Ser empresário hoje é se reinventar todos os dias”, afirma Ivânia.

Além de vice-presidente da Acimacar, Geovana também é empreendedora no ramo de vestuário. Ela compartilha que a empresa, fundada em 1972 e que já está na segunda geração de administração da família, experimentou diferentes momentos do mercado, tanto de dificuldades econômicas que impactaram todas as empresas, quanto outros em que o comércio foi extremamente incentivado. “Em todas essas situações buscamos sempre inovar. Seja remodelando a empresa, treinando a equipe para ter um atendimento personalizado, que é uma grande preocupação, pensando nas marcas que oferecemos aos clientes tanto para o público feminino quanto masculino”, expõe a proprietária da Loja Silva.

 

EXPERIÊNCIA

Ivânia menciona que dentre as experiências que permitiram sua empresa a manter-se no mercado desde 1994, acima de tudo está o amor pelo trabalho desempenhado e a motivação para enfrentar os desafios diários. “Atender o cliente com atenção e respeito e ter uma equipe bem treinada e conhecedora dos produtos também são aspectos essenciais. Sem isso fica quase impossível obter bons resultados”, assinala.

Ela ressalta que quem trabalha com o público precisa ter em mente que o foco principal é o cliente e suas necessidades, saber que tipo de roupa e cores que vão valorizá-lo ainda mais. “O resultado do atendimento, das informações que você vai captar, a necessidade dele é o que vai fazer a diferença. Ao demonstrar o produto, explicar como usar, onde usar e de que formas poderá ser usado. Nesse momento é a confiança que se fortalece e se estabelece”, enaltece Ivânia.

Para a empresária, a moda é arte, inovação, atualização e cíclica, passando por mudanças o tempo todo. “As novas informações são diárias e com as redes sociais isso é uma realidade que está ao nosso alcance para proporcionar um melhor atendimento ao cliente”, pontua.

Eventos como desfiles de modas, café da manhã, happy hour e exposições culturais e artísticas são marcas registradas da empresa que, segundo Ivânia, estreitam o laço de relacionamento entre o cliente e a loja. “É um pequeno detalhe que sempre encanta”, complementa.

 

DESAFIOS

Gracielle Blau está à frente da Pyjama & Cia há 13 anos e conta que quando adquiriu a loja expandiu os principais focos de atuação de linha praia, moda fitness e lingerie e também ampliou as possibilidades de mercado, incrementando linhas de roupas femininas e masculinas, além de acessórios. “Sempre busco ter diversas opções de todos os produtos que ofereço para que quando o cliente venha na loja ele encontre o que procura”, expõe.

Em abril, acrescenta, a empresa passará por mais uma remodelação, com ampliação do espaço e novidades em todos os setores. “Essas constantes renovações no espaço físico também contam muito para que o cliente sinta-se bem na nossa empresa”, salienta.

Para a empresária, seu maior desafio não está necessariamente em participar de um ramo com inúmeras empresas que oferecem produtos semelhantes, mas, sim, desmistificar para qual público sua loja trabalha. “Para todos. Muitas pessoas acreditam que temos grandes marcas e preços inacessíveis, mas a loja é voltada para todos os públicos, passando por marcas mais acessíveis até as mais elaboradas, mas sempre com foco na qualidade dos produtos e do atendimento”, enfatiza Gracielle.

 

INCENTIVO

Criatividade e inovação são as palavras de ordem da Acimacar para os lojistas. De acordo com Geovana, a associação incentiva os empresários do setor a constantemente buscarem aperfeiçoamento, seja para suas equipes, com foco no atendimento exclusivo e personalizado, seja para apresentar seu produto e sua marca de forma diferente. “O lojista precisa ter criatividade, preocupação com a apresentação da loja e do produto, sua vitrine, a capacidade do seu funcionário em atender de forma única, oferecendo formas de pagamento diferenciadas, novas formas de divulgação”, recomenda.

Ela entende que as empresas estão sempre dividindo o mesmo mercado consumidor e aquele que tem a inovação como premissa é o que terá mais sucesso. “As pessoas que abrem as portas com o pensamento de que trabalhar com vestuário é algo fácil e simples são aquelas que logo fecham as portas. Vemos muitos empresários que iniciam sem planejamento, que imaginam que manter uma loja é como ser consumidor de roupas, mas é uma diferença muito grande e para esses o grande entrave aparece no setor financeiro”, declara.

 

DO BAIRRO AO CENTRO

Reinventar é a palavra de ordem para a dona da Angel Mix, Angélica Lizzoni. Há mais de 20 anos no setor de vestuário, ela é proprietária de uma das empresas mais tradicionais do município que conquistou os clientes do centro da cidade mesmo estando localizada em um bairro em que poucos passam pela vitrine da loja, o Jardim Primavera. “A minha vitrine hoje está nas redes sociais e nos condicionais, queridinhos de muitos clientes e uma prática tradicional aqui de Marechal Rondon”, ressalta.

Ela conta que desde o início da empresa a principal venda estava no boca a boca: contava para amigas sobre as novidades da loja e enviava as peças até chegar à conclusão da venda. “Hoje o WhatsApp e o Instagram facilitaram ainda mais esse processo, principalmente para a minha empresa que tem pouca venda de vitrine, já que são poucas pessoas que passam durante o dia em frente à loja”, frisa.

O envio de condicional, garante ela, dificilmente acontece para novos clientes, já que a carteira de compradores fidelizados é significativa. “A maioria das pessoas que compram comigo ligam pedindo o que precisam e isso é resultado de um trabalho de divulgação da empresa e dos produtos que não para nenhum minuto”, pontua Angélica.

 

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