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Marechal Esporte equestre

Três tambores vira “febre” em Marechal Rondon

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Dezenas de rondonenses, principalmente meninas, passaram a praticar o esporte equestre nos últimos anos no município, muitas delas inspiradas em Franciele Navarini Giacobbo, que já conquistou o 2º lugar no Campeonato Nacional de Rodeio Três Tambores e esteve entre as dez melhores no ranking nacional de rodeios no ano passado (Foto: Sandro Mesquita/OP)

Uma das mais tradicionais competições equestres em festas de peão, eventos e feiras sertanejas, a prova dos três tambores tem atraído cada vez mais um número significativo de praticantes em Marechal Cândido Rondon. A modalidade, por sinal, virou “febre” entre a meninada.

Na Escolinha de Equitação JV, cerca de 70 alunos praticam montaria, muitos deles com foco na prova dos três tambores, a maioria jovens amazonas, meninas que começam cedo a treinar o esporte.

A pequena Helena Giesel Machado, de apenas seis anos, pratica o esporte desde os quatro com a irmã gêmea Rafaela, ambas inspiradas na irmã mais velha, Julia, de 13 anos, que iniciou antes na modalidade. As três participam de competições em toda a região.

Mesmo criança, Helena sabe bem o que é preciso para se tornar uma grande amazona. “Precisa treinar bastante para ir bem”, declarou a menina à reportagem de O Presente.

E no que depender da professora de equitação, uma das pessoas responsáveis pela preparação das atletas, Juliana Cristina dos Santos Vorpagel, dedicação e trabalho duro não faltarão para que os alunos se desenvolvam no esporte. “Precisa se dedicar bastante, ter amor pelo animal e pelo que está fazendo”, enfatiza.

 

NÍVEL ALTÍSSIMO

Ela comenta que o nível dos competidores é altíssimo, por isso, além dos treinamentos, é preciso ensinar os alunos a lidar com as frustrações. “Sempre falamos para cada menina: vai lá e dá o seu melhor, não se importe com os outros, vai e faz o que você sabe”, menciona.

 

RETORNO DAS COMPETIÇÕES

Segundo Juliana, as competições oficiais de três tambores, que foram suspensas por conta da pandemia, aos poucos estão voltando, como o campeonato da Expovel, que está previsto para acontecer ainda esse mês. “A gente fica bastante ansioso porque estava acostumado a um ritmo grande de provas e espera que volte logo”, ressalta.

 

MUDANÇA DE ESPORTE

Outra pequena atleta, porém, não menos apaixonada pelo esporte, é Gabriele Eduarda Griep, que há cerca de um ano decidiu trocar a motocicleta pelo cavalo. Aos 12 anos, ela diz que corria motocross, esporte praticado pelo pai, que tentou incentivar a filha nas duas rodas, mas pegou gosto mesmo foi pela montaria. “Eu achava um esporte muito radical”, salienta.

Gabriele conta que participa de competições e que não se arrependeu pela troca, e ao que parece, a mudança foi aprovada pela família, pois já serviu de inspiração para a irmã mais nova, Mariana, de sete anos.

A mãe das jovens amazonas e total incentivadora é Josiane Griep. Ela relata que no início as filhas tinham aula uma vez por semana, mas, com o tempo, os treinos se intensificaram. “Passaram a gostar mais e estão vindo duas vezes por semana. Se deixar querem vir todos os dias”, revela.

 

BOM PARA O CORPO E A ALMA

A exemplo de outras atividades esportivas, a prova dos três tambores, além de trazer inúmeros benefícios à saúde física dos praticantes, proporciona contato com animais, o que auxilia no desenvolvimento psicológico das crianças.

Josiane, mãe de Gabriele e Mariana, ressalta que a filha era muito ansiosa e isso prejudicava seu rendimento na escola. “Ela sempre sofria por antecedência com tudo e era muito nervosa”, expõe.

No entanto, desde que as crianças começaram a praticar o esporte, a mãe garante que mudanças positivas no comportamento se tornaram evidentes. “Um dia a professora perguntou se eu havia levado a Gabriele em algum psicólogo porque ela estava tão diferente, foi aí que percebi que o esporte estava ajudando nisso também”, salienta.

 

APOIO FAMILIAR

Tudo começa com a satisfação da criança em montar a cavalo. A partir daí entra em cena o incentivo da família, fundamental para o progresso dos pequenos atletas que pretendem seguir no esporte.

Algumas crianças montam em seus próprios cavalos, um investimento necessário quando os pais percebem o desenvolvimento e o comprometimento da criança com o esporte. “Se vejo que ela gosta do esporte, acho que preciso incentivar”, enaltece Josiane.

Ela afirma que além do investimento financeiro é preciso muita disposição para acompanhar os pequenos em campeonatos e rodeios, onde acontecem as provas, mas garante que todo o esforço vale a pena, inclusive porque nesses eventos as famílias interagem, o que torna o momento acolhedor. “Acho bem bacana por ter esse contato. A gente reencontra as pessoas nos rodeios, é tudo muito família”, declara a rondonense.

 

MUSA INSPIRADORA

A modalidade dos três tambores é praticamente dominada por mulheres. Muitas se destacam em nível nacional e algumas internacionalmente. Um exemplo de que são elas que realmente mandam no esporte pode ser encontrado em Marechal Rondon.

A grande fonte de inspiração das pequenas amazonas rondonenses é Franciele Navarini Giacobbo, que fez os olhos das fãs brilharem assim que a viram chegando no local de treino, onde foi realizada esta reportagem.

A Fran, como é carinhosamente chamada pelas crianças, começou a praticar o esporte há cerca de cinco anos, tardiamente, se comparado com a média de idade das atletas que frequentam a escola de equitação. No entanto, já acumulou inúmeras premiações nesse período.

Além de muitos primeiros lugares em toda a região, Franciele e seu cavalo Jet Seller ADW possuem o recorde da pista de Colorado, conquistado durante a 45ª Festa de Peão no ano passado, com o tempo de 14 segundos e 253 centésimos.

Em 2018 a atleta faturou o 2º lugar no Campeonato Nacional de Rodeio Três Tambores (CNR) e em 2019 a rondonense esteve entre as dez melhores no ranking nacional de rodeios.

 

TREINOS

Além do mérito indiscutível dos animais que formam dupla com Franciele, as conquistas da atleta são reflexos da intensa dedicação aos cavalos e da total entrega nos treinos, que acontecem todos os dias.

Ela explica que há alguns anos, quando decidiu intensificar o treinamento, a família trocou a vida na cidade pelo campo. “Compramos um rancho e fomos morar no sítio para ter uma estrutura melhor e eu poder me dedicar mais”, conta Franciele.

Além de se dedicar aos treinos diários, ela precisa conciliar a profissão de zootecnista, por esse motivo mandou instalar iluminação na pista em sua propriedade. “Trabalho todos os dias condicionamento e flexibilidade, e duas vezes na semana meu treinador vai até a minha casa, onde realizamos treinos em percurso, que são mais técnicos”, explica a rondonense.

 

NOVOS ADEPTOS

O aumento do número de novos praticantes da modalidade dos três tambores é comemorado por Franciele, afinal, ela sempre defendeu a prática do esporte, pois, segundo aponta, além de desenvolver habilidades como concentração, ensina as crianças a respeitar o próximo e os animais.

“Quando eu comecei existiam poucas meninas que faziam na cidade, mas hoje, se quisermos podemos fazer um rodeio entre nós”, brinca.

Ela diz que observa nas crianças muita rapidez para adquirir a técnica da montaria, no entanto, explica que o animal precisa de um tempo de interação com a dupla, o que requer certo cuidado dos pais e treinadores para as crianças não se frustrarem. “Quando a pessoa inicia no esporte mais tarde, a gente entende que isso demora, mas a criança não tem essa consciência do tempo ainda. Ela espera que as coisas aconteçam muito rápido, porém, às vezes, demora um pouco”, frisa.

Franciele comenta que para se destacar na modalidade a dedicação aos treinos é fundamental por conta do alto nível das atletas, todavia, existem outras atitudes que fazem toda a diferença para ter uma carreira vitoriosa no esporte. “Existem momentos bons e ruins, porque tem provas que a gente vai bem e em outras não tem um bom resultado, portanto, só você amando muito seu animal, que irá voltar chorando, mas no outro dia vai erguer a cabeça e seguir em frente”, pontua.

 

HISTÓRIA

Considerado o berço da modalidade, foi no Estado do Texas, nos Estados Unidos, que aconteceram as primeiras competições. Em 1948 a prova caiu no gosto feminino através de uma associação americana chamada Girls Rodeo Association, que realizou as primeiras provas. A partir de 1981, a associação passou a se chamar WPRA (Women’s Professional Rodeo Association).

No Brasil a Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Quarto de Milha foi quem introduziu a modalidade e em 2003 foi criada a Associação Nacional dos Três Tambores (ANTT).

Outro importante divulgador do esporte é a Brasil Associação Brasileira de Treinadores de Tambor e Baliza (ABTB), que busca melhorias para os esportistas e os animais e trabalha o desenvolvimento e a ampla aplicação de conhecimento do esporte.

A Associação Nacional dos Três Tambores, fundada em 2003 também é responsável pelo crescimento do esporte no Brasil. São os próprios competidores que dirigem a instituição, que foi formada para unir atletas e difundir a modalidade.

 

 

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