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Marechal Entrevista ao O Presente

“Vou trabalhar para Rondon ser referência regional no Ensino Fundamental”, diz novo secretário de Educação

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Secretário de Educação, Fernando Volpato: “De uma maneira geral, mesmo os alunos recebendo materiais e atendimento de maneira remota, a aprendizagem foi prejudicada. A falta do professor no cotidiano das crianças é o principal motivo, seguido da continuidade” (Foto: Divulgação)

A Secretaria de Educação de Marechal Cândido Rondon conta com um novo titular. Está à frente da pasta, desde terça-feira (09), Fernando Daniel Henz Volpato, que até então vinha exercendo a função de diretor de departamento.

A administração municipal aguardava a liberação, pelo governo estadual, do nome da servidora Andreia Jaqueline Bach, que vinha respondendo interinamente pela Educação rondonense desde o início deste ano. A Secretaria de Estado da Educação, no entanto, impôs algumas condições que implicariam em prejuízo funcional no plano de carreira dela, que por este motivo tomou a decisão de permanecer na função de diretora da pasta no município.

Ao O Presente, o novo secretário falou da expectativa em assumir a Educação, dos desafios do setor diante da pandemia de Covid-19 e das prioridades iniciais de trabalho. Confira.

 

O Presente (OP): Na sua opinião, a que se deve o convite para ser secretário?

Fernando Volpato (FV): Pelo trabalho realizado ao longo dos anos como funcionário público. Enquanto professor, sempre procurei realizar o meu trabalho com dedicação, e quando passei para o cargo de diretor escolar e de diretor de departamento, na Secretaria de Educação, busquei atender a todos da melhor forma possível, com honestidade e sinceridade, respeitando o trabalho de cada um.

 

OP: Como o senhor recebeu este convite?

FV: Com bastante entusiasmo. Ele veio através da Andreia Bach, que quando decidiu que não assumiria o cargo me procurou e disse da indicação do meu nome ao prefeito. Conversei com Marcio (Rauber) recentemente e ele oficializou o chamado.

 

OP: Qual é o seu objetivo enquanto secretário?

FV: Tornar a educação de Marechal cada vez melhor. Melhorar a estrutura física, promover as adequações necessárias nos educandários para, principalmente, atender bem todas as crianças, com profissionais qualificados e satisfeitos. Será um grande desafio, e irei trabalhar para que os professores da nossa rede sejam cada vez mais capacitados e nossa cidade seja referência regional no Ensino Fundamental de 1º ao 5º ano.

 

OP: O que os rondonenses podem esperar do Fernando secretário?

FV: Muito trabalho, dedicação, honestidade e seriedade. Comandar uma pasta como a da educação não é fácil, entretanto, tenho uma equipe de assessores educacionais e administrativos capacitada e disposta ao trabalho. Buscaremos a educação ideal todos os dias.

 

OP: Qual é a sua expectativa para esse início de trabalho?

FV: A expectativa é muito boa. Com a continuidade do grupo, o encaminhamento inicial já foi facilitado, e temos muito trabalho pela frente em razão da pandemia. Precisamos buscar novas alternativas para as dificuldades enfrentadas e para aquelas que ainda surgirão. 

 

OP: Há alguma prioridade?

FV: No momento a prioridade é atender bem os alunos do ensino híbrido. Continuar investindo nesse processo com materiais e equipamentos para que todos estejam seguros nas escolas. Num segundo momento iremos atender os Cmeis (Centros Municipais de Educação Infantil). Estamos caminhando para isso, entretanto, é preciso redobrar os cuidados nesta faixa etária em razão do contato físico. Temos ainda como prioridade a conclusão de obras que estão em andamento. São obras que estão em fase final e o quanto antes queremos entregá-las à comunidade para serem utilizadas.

 

OP: A sua experiência até aqui junto ao serviço público vai lhe ajudar a desenvolver esse trabalho referência que o senhor pretende realizar?

FV: Acredito que sim. No primeiro mandato do prefeito Marcio e do vice Ila (Ilario Hofstaetter) estive numa área que lidou diretamente com as escolas e Cmeis no que diz respeito à infraestrutura. Conheço as demandas das instituições. Aliado a isso, trabalhei com licitações, contratos, entre outras funções que foram me dando cada vez mais experiência para atuar nesta área. Então, acredito que posso acelerar este processo e ampliar as ações da Secretaria por já ter essa bagagem, o que talvez uma pessoa que estivesse fora da Secretaria levaria mais tempo para obter e colocar as suas ideias em prática.

 

OP: O senhor assume a Secretaria em plena pandemia, entremeio a muitos decretos. Como vai funcionar os trabalhos da rede municipal de educação?

FV: As aulas, conforme decreto municipal e estadual, foram autorizadas a retornar na quarta-feira (10), porém, a rede municipal iniciará na segunda-feira (15) as aulas nas escolas municipais, no modelo híbrido, atendendo o que os decretos estabelecem, ou seja, com 30% da capacidade total da escola. Os Cmeis ainda não retornarão com atividades presenciais. Apenas terão atendimento administrativo e, para os alunos, atendimento remoto.

 

OP: Qual a expectativa para os trabalhos neste formato híbrido?

FV: As turmas que necessitarem serão divididas em dois ou três grupos para atendimento presencial, conforme cada escola estabelecer, de acordo com o número de alunos que aderiram ao ensino híbrido. Alguns alunos permanecerão na modalidade remota 100%, por opção dos pais. Estes continuarão recebendo o material pedagógico para realizar as atividades em casa conforme cronograma de entregas organizado pela Secretaria em conjunto com as escolas. Os alunos do modelo híbrido irão uma semana para a escola e na outra permanecerão em casa com atividades para realizarem. Para estes alunos optantes pelo modelo híbrido todos os cuidados serão mantidos, como a obrigatoriedade do uso de máscara, lavagem das mãos, uso de álcool gel, espaçamento entre as carteiras nas salas de aula, horário de lanche escalonado, entre outras ações nas escolas para diminuir o contato entre os alunos. Buscamos sempre a manutenção da segurança entre os envolvidos.

 

OP: Atualmente, qual é o maior gargalo da Secretaria de Educação? Quais os principais desafios?

FV: O principal desafio neste momento é combater o coronavírus e manter a tranquilidade das famílias, dos alunos, dos professores e de toda a comunidade. Precisamos incansavelmente trabalhar para que as orientações de convivência sejam respeitadas para que a educação possa lentamente retornar ao seu habitual, mas, para isso, precisamos da colaboração de todos. Temos muitos outros desafios na educação. Precisamos ampliar a oferta de vagas na Educação Infantil, modalidade creche, precisamos continuamente realizar manutenções nas escolas e Cmeis, continuar investindo na formação de professores para que possam trabalhar neste momento pandêmico com segurança, conhecimento e possibilidades diferentes. Ano passado iniciamos uma formação para capacitar os professores na área de informática e mídias digitais, possibilitando aos professores a formação e o conhecimento em novas ferramentas educacionais para aplicabilidade nas aulas remotas e também nas aulas presenciais. Tivemos mais de 300 participantes e neste ano realizaremos novamente esta formação, já com grande procura pelos professores. Sobre o gargalo da educação, acredito que hoje é a falta de investimento do governo federal nos municípios. Recentemente, o novo Fundeb foi aprovado com a previsão de envio de mais recursos aos municípios, mas no nosso caso estes recursos são na totalidade investidos na folha de pagamento. No ano passado houve um aumento no piso nacional na qual o governo federal não ajudou em nada os municípios e no nosso caso este aumento foi integralmente custeado com recursos próprios. Então, precisamos de mais investimentos na educação para que os municípios tenham fôlego para maiores investimentos, seja em infraestrutura ou em pessoal.

 

OP: Na sua opinião, quais os impactos da pandemia na educação até aqui?

FV: Penso que os impactos foram mais negativos que positivos. De uma maneira geral, mesmo os alunos recebendo materiais e atendimento de forma remota, a aprendizagem foi prejudicada. A falta do professor no cotidiano das crianças é o principal motivo, seguido da continuidade. Quando a criança frequentava a escola todos os dias e tinha o acompanhamento do professor e da professora ela vivenciava experiências novas a cada momento. A escola é o melhor lugar para aquisição do conhecimento. Com a chegada da pandemia, as crianças passaram para o distanciamento, perderam a sociabilização, capacidade de cooperação, além do contato com a inovação, e tiveram alterações sérias de suas vivências diárias. Em casa elas também tiveram essas possibilidades, mas numa escala muito menor. Muitos permaneceram com pais, avós, cuidadoras, irmãos mais velhos, entre outros que auxiliaram as famílias, que não puderam dispender a mesma atenção que o professor o tempo todo, e foi aí que as crianças deixaram de ampliar os seus conhecimentos da maneira que poderiam alcançar. Aliado a isso, para muitos alunos o fato de deixar de frequentar a escola representou uma perda nutricional, haja vista que na escola a refeição do lanche era muito importante. Entregamos no decorrer do ano kits de alimentação visando suprir esta demanda nutricional, mas sabemos que nem todos foram atingidos da mesma forma que seria caso estivessem na escola. Como fator positivo, vislumbro a capacidade das escolas, diretoras, coordenadoras e dos professores em buscar novas alternativas para atender os alunos e a unidade que se formou nas escolas e Cmeis em torno da formação de um conjunto de profissionais, ou seja, ajudar uns aos outros de forma que o conhecimento de um agregava ao conhecimento já adquirido pelo outro. Essa troca foi fundamental para que o ensino remoto acontecesse com êxito, caso contrário teríamos tido um prejuízo pedagógico ainda maior. O crescimento profissional dos professores da nossa rede neste momento foi muito grande, principalmente pelo engajamento.

 

Novo secretário de Educação de Marechal Rondon, Fernando Volpato: “Temos muito trabalho pela frente em razão da pandemia. Precisamos buscar novas alternativas para as dificuldades enfrentadas e para aquelas que ainda surgirão” (Foto: Divulgação)

 

TRAJETÓRIA

Fernando Volpato é nascido em Marechal Rondon, tem 37 anos e é servidor de carreira do município desde 2007. O novo secretário é formado em Educação Física pela Unioeste e em Pedagogia pela UEM. No período entre 2013 e 2016 foi diretor da Escola Municipal São João Batista, do distrito de Novo Três Passos.

A partir de 2017 trabalhou na Secretaria de Educação, na qual exerceu o cargo de assessor pedagógico e diretor de departamento.

 

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