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Municípios Anúncio do Siduscon

Alerta para apagões em obras públicas

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(Foto: Patrícia Porto)

Recentemente, o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Oeste do Paraná Oeste (Siduscon) acendeu um sinal de alerta. De acordo com a entidade, a região corre perigo de sofrer com um apagão nas obras públicas, visto o aumento vertiginoso no preço dos insumos e a dificuldade em obter matérias-primas básicas para a construção civil.

Aço, concreto, materiais elétricos, tijolos e outros itens seriam os responsáveis pela paralisação das obras, tanto as em andamento quanto as programadas para iniciar em breve. Os itens mais atingidos pelo aumento, segundo dados de fevereiro do Índice Nacional da Construção Civil (INCC), elaborado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), foram vergalhões e arames de aço ao carbono, com aumento de 21,34%; tubos e conexões de ferro e aço, acréscimo de 11,56%; tubos e conexões de PVC, com aumento de 7,39%, tijolo/telha cerâmica, acréscimo de 2,57%; e condutores elétricos, com aumento de 3,78%.

 

APAGÃO IMINENTE

O alarme vermelho para as obras púbicas se dá, conforme o Siduscon, “diante dos efeitos colaterais de impacto econômico surgidos após a pandemia e que se agravaram nos últimos meses”.

“O setor da construção civil já emitiu o sinal de alerta, informando os poderes públicos federal, estadual e municipais, bem como as empresas estatais, sobre a necessidade de promover reequilíbrios econômico-financeiros. São várias empresas enfrentando dificuldades extremas para honrar compromissos firmados. O aumento no preço de insumo gera insegurança, em especial para os contratos em andamento”, afirma o vice-presidente do Siduscon, engenheiro civil Ricardo Parzianello.

Para o profissional, o apagão causará danos irreversíveis para todos os setores, tanto que o INCC apresenta altas históricas desde o ano passado. “Os aumentos têm sido surpreendentes e a consequência disso é muito ruim. Provocam desequilíbrio nos contratos de obras públicas, nos contratos industriais, nos lançamentos imobiliários que estão previstos para acontecer e nos que já estão em andamento. Em um momento em que é preciso gerar emprego, renda e fazer girar a economia, isso é um perigo”, considera.

Diante do alerta dado, a reportagem do Jornal O Presente verificou como estão as obras públicas nos municípios da microrregião.

 

PATO BRAGADO

Em Pato Bragado, de acordo com o secretário municipal de Planejamento, Lucas Blatt, as obras públicas seguem em andamento, sem nenhuma paralisação, mas com algumas que acumulam atrasos devido ao aumento e à falta de materiais. “Não há como prever com exatidão essas variações de preço. Normalmente, as empresas contratadas solicitam realinhamento de preços, inclusive o município já deu parecer favorável a pedidos nesse sentido”, conta ele, ao O Presente.

Blatt comenta que o orçamento das obras é feito por meio das planilhas do Sistema Nacional de Preços e Índices para a Construção Civil (Sinapi), constantemente atualizadas. “O percentual de variação de cada obra depende do material. Alguns tiveram variações de até 100% no valor, enquanto outros se mantiveram estáveis. No geral, a porcentagem média que uma construção foi afetada varia entre 20% e 40% em Pato Bragado”, mensura.

Secretário de Planejamento de Pato Bragado, Lucas Blatt: “O percentual de variação de cada obra depende do material. Alguns tiveram variações de até 100% no valor, enquanto outros se mantiveram estáveis. No geral, a porcentagem média que uma construção foi afetada varia entre 20% e 40%” (Foto: Divulgação)

 

NOVA SANTA ROSA

Para a secretária de Administração e Planejamento de Nova Santa Rosa, Angélica Laura Hardt, é de conhecimento que a pandemia de Covid-19 tem influenciado nos preços de materiais e serviços em geral. “No que se refere a construções, por sermos um município de pequeno porte a demanda de obras é consideravelmente menor que nas cidades  de maior porte. Então, as obras ocorrem em um fluxo considerável, dentro de suas previsões”, avalia.

Angélica pondera que não há como prever as variações com antecedência, haja vista que a estimativa de preços é baseada na tabela Sinapi. Quando as licitações são feitas em determinado valor e veem os preços aumentando no meio do processo, a secretária explica que “é feito um reequilíbrio de preços para as empresas, mediante as devidas comprovações fiscais”.

Segundo ela, não há obras paralisadas em Nova Santa Rosa. “Quando a obra é paralisada por algum motivo, a administração faz um estudo, por meio do Departamento de Engenharia, para verificar o motivo, que pode ser tanto pela falta de materiais quanto pela elevação dos preços. Desta maneira, é discutido com a empresa sobre a retomada dos serviços, seja através de reequilíbrio de preços ou prorrogação de prazos”, menciona.

Secretária de Administração e Planejamento, Angélica Laura Hardt: “Por sermos um município de pequeno porte, a demanda de obras é consideravelmente menor que nas cidades de maior porte. Então, as obras ocorrem em um fluxo considerável, dentro de suas previsões” (Foto: Divulgação)

 

MERCEDES

Em Mercedes, o secretário de Administração e Finanças, Edson Knaul, conta que o aumento dos preços ainda não foi percebido, posto que as obras estão todas concluídas, ou seja, não há construções acontecendo no momento. “Deixamos de levantar novos projetos devido a essa situação. Por outro lado, uma situação semelhante, tivemos uma compra de duas ambulâncias em que os contratos não foram cumpridos por conta de valores e disponibilidade”, relata.

Secretário de Administração e Finanças, Edson Knaul: “Deixamos de levantar novos projetos devido a essa situação” (Foto: Divulgação)

 

ENTRE RIOS DO OESTE

Mesmo com as dificuldades geradas pela pandemia, as obras públicas continuam avançando em Entre Rios do Oeste. “Há algumas restrições impostas pela defasagem de parte das matérias-primas que englobam o corpo geral de uma obra, mas, de todo modo, o município não possui obras paralisadas”, constatam os secretários municipais de Finanças, Jôseli Stein Lerner, e de Planejamento, Júnior Backes.

De acordo com Backes, a maior dificuldade se encontra nas prestações de serviços e consumo de materiais permanentes. “Não há cronograma e a utilização é de longo prazo. O aumento excessivo pode gerar pedidos de realinhamentos”, expõe.

Jôseli explica que os realinhamentos acontecem por meio da apresentação de notas comprobatórias dos valores antes e depois do aumento. “O pedido vai para o Setor de Licitações, é feita uma análise do processo licitatório e do mercado, para então atestar a veracidade da solicitação da empresa”, pontua ela.

De acordo com os secretários, as obras paralisadas não são atribuídas a esse fator. “A falta de matéria-prima no segundo semestre do ano de 2020 ocasionou em um atraso no cronograma das obras, refletindo neste ano e alterando cronogramas futuros”, ressaltam.

Para exemplificar, os secretários comentam que a falta de uma matéria-prima pode direcionar a execução de outras etapas da edificação. “No âmbito da pavimentação sentiu-se mais dificuldade. No segundo semestre de 2020 houve falta de matéria-prima: sem o ligante não produz a massa, sem a massa não obtemos a aplicação do recape e, se não bastasse a dificuldade de produção da matéria-prima, o ligante é derivado do petróleo, que teve vários aumentos e teve seu valor elevado”, contam.

As planilhas bases de orçamentos não acompanham, mesmo com atualizações, os aumentos e causam, segundo eles, uma desconformidade de orçamento e mercado. “Não há como equalizar corretamente essa conta, levando em consideração que alguns materiais e matérias-primas tiveram um aumento maior em relação a outros. Por exemplo, o que se estima para derivados do petróleo é um aumento de 10% a 25% no custo das obras”, exemplifica.

Secretários de Finanças, Jôseli Stein Lerner, e de Planejamento, Júnior Backes, de Entre Rios do Oeste: “No segundo semestre de 2020 houve falta de matéria-prima: sem o ligante não produz a massa, sem a massa não obtemos a aplicação do recape e, se não bastasse a dificuldade de produção da matéria-prima, o ligante é derivado do petróleo” (Foto: Patrícia Porto)

 

MARECHAL CÂNDIDO RONDON

Em Marechal Cândido Rondon, o secretário de Coordenação e Planejamento, Alisson Ostjen, expõe que o aumento dos insumos e serviços, bem como a dificuldade de as empresas conseguirem matéria-prima e mão de obra qualificada foram sentidos no município. “Na maioria dos casos tivemos pequenas interrupções em obra, em decorrência da falta de mão de obra ou material. O único caso em que a obra foi efetivamente paralisada por algum período foi a reforma do Centro de Eventos, devido à implantação do Hospital de Campanha”, relata.

Segundo ele, há certa dificuldade para prever as variações com antecedência. “A estimativa de preços nas obras públicas se dá com base na Sinapi. Essa planilha é atualizada a cada 30 ou 60 dias, mas nem sempre acompanha a evolução dos preços em tempo real. Às vezes, a planilha chega no preço real com um pouco de atraso”, considera.

Desde o início da pandemia, pontua Ostjen, a maioria das construções em Marechal Rondon foi de pavimentação. “Essas obras não tiveram um aumento tão significativo nos preços”, diz.

Sobre uma análise dos aumentos sofridos nas obras públicas, o dirigente da pasta explica que cada construção é atingida de maneira diferente. “Algumas tiveram um aumento maior e outras aumento nenhum. Em média, esse aumento ficou entre 15% e 20% do valor total da obra”, estima.

Secretário de Coordenação e Planejamento, Alisson Ostjen: “A estimativa de preços nas obras públicas se dá com base na Sinapi. Essa planilha é atualizada a cada 30 ou 60 dias, mas nem sempre acompanha a evolução dos preços em tempo real” (Foto: O Presente)

 

QUATRO PONTES

No município quatro-pontense, para minimizar as perdas financeiras entre a elaboração do orçamento e a data da execução da obra, também são utilizadas as tabelas do Sinapi. “A grande maioria das altas de preços de insumos acabam sendo absorvidas pelas próprias empresas, mas há casos em que o insumo é o grande item formador do preço do serviço, como em pavimentações asfálticas, em que o derivado do petróleo age diretamente no custo do serviço”, mencionam o assistente administrativo Luiz Nelson Kraemer, o pregoeiro Evaristo Ferreira Vilha, e o engenheiro civil de Quatro Pontes, Jefferson Luis Martiny.

Segundo eles, quando o aumento do custo do insumo é comprovado, a empresa solicita o reequilíbrio financeiro do contrato. “Em Quatro Pontes temos como exemplo uma solicitação de reequilíbrio financeiro de uma empresa que executou uma obra de pavimentação asfáltica. Os insumos para pavimentação são derivados do petróleo e, como é sabido, os preços tiveram altas sucessivas em pouco tempo. A empresa não teve como honrar com o valor que ela propôs na licitação e, então, houve a solicitação de realinhamento de preço”, relatam.

Assistente administrativo, Luiz Nelson Kraemer: “Os insumos para pavimentação são derivados do petróleo e, como é sabido, os preços tiveram altas sucessivas em pouco tempo” (Foto: Divulgação)

 

SANTA HELENA

O secretário de Planejamento de Santa Helena, Eduardo Demenighi, afirma que não há obras paralisadas no município, mesmo com o alerta do Sinduscon. “As obras estão todas em andamento, algumas apenas com atraso devido à falta na entrega de alguns materiais”, observa.

De acordo com ele, nos processos licitatórios atuais é bem perceptível o aumento no custo global das obras. “Todas as construções foram afetadas pela alta nos preços”, constata.

Secretário de Planejamento de Santa Helena, Eduardo Demenighi: “As obras estão todas em andamentos, algumas apenas com atrasos devido à falta na entrega de alguns materiais” (Foto: Divulgação)

 

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