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Chuvas tímidas não diminuem preocupação com o milho safrinha

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(Foto: Sandro Mesquita/OP)

A quinta-feira (06) chuvosa trouxe ânimo aos produtores rurais de Marechal Cândido Rondon e região. Todavia, as precipitações foram tímidas e isoladas. Algumas localidades marcaram sete milímetros, enquanto outras sequer tiveram registro de chuva.

De acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral), vinculado à Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), regional de Toledo, devido à escassez hídrica recorrente já há previsão de perdas na safrinha do milho. O rendimento deve ser 13% menor ao estimado quando da implantação da cultura.

Na região, o milho safrinha está presente em 428 mil hectares e a projeção por hectare diminuiu de seis toneladas para 5,2 toneladas.

Conforme a técnica do Deral, Jean Marie Aparecida Ferrarini, a cada dia as condições do milho se agravam. “Pelo relatório desta semana, as condições de lavoura do milho estão em 15% ruim, 35% médio e 50% bom”, informou, ontem, ao O Presente. “Essa safra está pior que as outras”, afirmou.

Técnica do Deral, Jean Marie Aparecida Ferrarini: “A cada dia as condições do milho só pioram. Pelo relatório desta semana, as condições de lavoura do milho estão em 15% ruim, 35% médio e 50% bom” (Foto: Divulgação)

 

POTENCIAL AFETADO

Segundo Jean Marie, o potencial de produtividade da lavoura tem diminuído e, além disso, parte já foi perdida, como nos casos em que a planta se encontra em fase de floração. “O milho em desenvolvimento vegetativo tem chance de recuperar, mas precisaria chover nos próximos dias”, expõe.

Por se tratar de uma safra de inverno, a técnica comenta que a necessidade de precipitações é menor. “Não precisaria de muita chuva, 20 a 30 milímetros (resolveriam), porque no inverno tem menos calor e insolação, além de contar com o sereno noturno”, explica.

Ela pontua que os registros de chuva de ontem se perdem devido aos dias seguidos de estiagem. “Se o solo tivesse alguma umidade, essa garoa seria bem-vinda, mas com quase 50 dias sem chuvas boas ela não resolve muito”, frisa.

 

DESAFIO DA SAFRINHA

Para o engenheiro agrônomo Cristiano da Cunha, a safrinha de milho apresenta uma qualidade mediana, haja vista que foram bem estabelecidas no plantio, mas enfrentam atualmente a estiagem. “A safrinha é um desafio e, por ser uma segunda safra, não tem nada certo. Comparando a safrinha atual com as anteriores, o cenário é diferente. Em alguns anos plantamos mais cedo e, em outros, há esse atraso. Por vezes lidamos com a estiagem, como aconteceu neste ano, e temos ainda a possibilidade de geada, que pode acometer as lavouras de milho safrinha no Oeste do Paraná”, menciona.

Segundo ele, em virtude da estiagem o milho teve seu porte reduzido. “A maioria das lavouras teve o tamanho da planta diminuído e, com isso, um número de nós menor por planta em relação ao que seria em uma safrinha normal de milho”, relata.

 

PRODUTIVIDADE

O período de seca, avalia Cunha, prejudicou a produtividade da safrinha. “Com certeza, a produtividade média da região vai ser menor em relação a uma safrinha normal, porém temos neste ano uma coisa a favor: os preços do milho. Mesmo com o agricultor colhendo menos, na maioria das áreas é possível ter uma receita considerada boa”, pondera.

Relembrando safrinhas anteriores que renderam cerca de 300 sacas por alqueire, o agrônomo estima números menores desta vez. “Se não tiver geada, as áreas devem ter produtividade entre 150 e 200 sacas de milho por alqueire”, projeta.

 

O ATRASO AJUDOU?

Nos primeiros meses do ano, a preocupação do produtor era com o eminente atraso do plantio da safrinha, o que se consolidou na maior parte das áreas. Contudo, aponta o profissional, essa delonga tem ajudado as lavouras. “Até agora, o atraso no plantio ajudou, sim. Claro, há a questão da geada, pois se ela vier pode ser que essa situação seja revertida pelo fato do milho estar mais atrasado”, observa.

As áreas semeadas entre janeiro e início de fevereiro, aponta ele, apresentam danos irreversíveis. “Nesses locais foi retirado milho para silagem, provavelmente, e a área foi liberada mais cedo para o plantio. Em algumas delas, a perda chega a 100%”, menciona, explicando que as plantas mais comprometidas foram aquelas que entraram na fase de florescimento durante a estiagem, enquanto as lavouras atrasadas (que compõem a maior parte da área com safrinha) estão em fase de pré-pendoamento e aproveitam melhor a chuva.

Engenheiro agrônomo Cristiano da Cunha: “Até agora, o atraso no plantio ajudou, sim. Claro, há a questão da geada, pois se ela vier pode ser que essa situação seja revertida pelo fato do milho estar mais atrasado” (Foto: Arquivo/OP)

 

NECESSIDADE DE CHUVA

Ao contrário de Jean Marie, Cunha considera a chuva, mesmo que tímida, benéfica às lavouras de milho. “O milho é uma planta com um aproveitamento de água muito bom. As folhas servem como uma canaleta que direciona toda a água para as raízes”, explica.

Áreas que ainda não entraram na fase de florescimento são ajudadas pela precipitação, considera o agrônomo. “Com essa precipitação, as lavouras que estão para pendoar vão florescer e precisarão de mais chuva na fase posterior, de enchimento de grão”, comenta.

Para ele, há necessidade de 30 a 50 milímetros de chuva para que as lavouras voltem ao normal. “Por estarmos no inverno, normalmente mais seco, a estiagem não tem um efeito tão grande como nas culturas de verão, quando as temperaturas são mais altas”, compara.

 

ATENÇÃO, AGRICULTORES!

Mesmo com o registro desparelho de chuvas, Cunha reforça a necessidade de monitoramento contínuo da lavoura quanto a pragas que podem prejudicar o milho. “O pulgão, presente na maioria das áreas, traz dificuldades no momento da polinização. Se a lavoura estiver com uma infestação alta de pulgão, é importante o agricultor fazer o controle dessa praga. A aplicação de fungicida também é necessária para que a planta se mantenha com o mínimo de doenças fúngicas instaladas, visando uma produtividade e uma qualidade maior do grão e da planta, para que esta se mantenha em pé até o momento da colheita”, frisa.

Uma preocupação no cenário agrícola durante a implantação do milho safrinha foi a cigarrinha. Até a fase atual da planta, diz o agrônomo, os sintomas da cigarrinha ainda não se mostraram nas lavouras prejudicadas. “Os sintomas surgem na fase de enchimento de grão e maturação do milho. É uma doença que se instala no início, mas só mostra os sintomas no final do ciclo. As áreas acometidas pelo enfezamento só vão mostrar os sintomas daqui a uns 40 a 50 dias”, expõe.

 

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