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Municípios Dados preocupantes

Marechal Rondon e Guaíra aparecem com destaque no mapa do crack

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(Foto Ilustrativa/internet)

Levantamento publicado no último dia 13 pela Confederação Nacional de Municípios (CNM) mostra que 89% dos pequenos municípios do Paraná possuem problemas ligados ao consumo e à circulação de substâncias entorpecentes. A pesquisa avaliou informações de 136 municípios – o que representa 35,59% das 399 cidades do Estado – especialmente aqueles com menos de 50 mil habitantes.

Em âmbito nacional, 1.599 dos 5.570 municípios brasileiros têm problemas devido às drogas. O tráfico e consumo de crack foram citados por 73,8% dos municípios brasileiros que participaram do estudo. O mapa está atualizado no Observatório do Crack.

A situação do Paraná é tão grave quanto à do restante do Brasil. Dos municípios paranaenses avaliados, 42,65% têm risco médio, 27,95% nível alto de consumo e 18,38% nível baixo. No Brasil, os índices são 49,73% (médio), 36,24% (alto) e 13,68% (baixo). O estudo pode ser acessado por meio da biblioteca disponível.

Segundo a CNM, o caso é classificado pelos gestores na pesquisa com base em suas próprias percepções, ou seja, não há números delimitando os níveis. O levantamento mostra que o problema atinge cidades de todos os tamanhos e está perto de grandes polos ou das regiões de fronteira.

Com 53 mil habitantes, Marechal Cândido Rondon figura na lista de municípios apontados com nível alto para os problemas relacionados ao consumo de crack, de acordo com levantamento do Observatório do Crack. Cidade de fronteira, aliás, os problemas são citados como maiores para entorpecentes como cocaína e maconha. Guaíra, com seus 33 mil habitantes, também possui nível alto aos problemas gerados pelo consumo do crack. Santa Helena, com sua população de 26 mil pessoas, aparece com nível médio.

Clique aqui para conferir o nível de consumo de crack por município.

 

CONSEQUÊNCIAS

Produzido a partir da cocaína, bicarbonato de sódio ou amônia e água, o crack gera um composto que pode ser fumado ou inalado. O nome crack surgiu do barulho que as pedras fazem ao serem queimadas durante o uso.

Entre as principais consequências do consumo do entorpecente constam doenças pulmonares e doenças psiquiátricas, a exemplo de psicose, paranoia, alucinações e doenças cardíacas. O maior prejuízo ao usuário é a agressão ao sistema neurológico, provocando oscilações de humor e problemas cognitivos, ou seja, no modo como o cérebro percebe, aprende, pensa e recorda as informações. O viciado em crack possui dificuldades de raciocínio, memorização e concentração.

 

USO COMPULSÓRIO

O subcomandante da 1ª Companhia do Batalhão de Polícia de Fronteira (BPFron), em Marechal Rondon, aspirante Erioberto Joeckel, destaca que o usuário de crack geralmente pertence a uma classe social mais baixa, contudo não está descartado que pessoas abastadas consumam o entorpecente. “O traficante está nas diversas classes sociais, desde empresário à pessoa importante ou então quem fica à margem da sociedade”, declarou ao O Presente.

Conforme Joeckel, no ano passado o BPFron não efetuou apreensão de crack em Marechal Rondon, no entanto há poucos dias foram retirados de circulação 260 quilos do entorpecente em Foz do Iguaçu. “Isso representa ao menos um milhão de pedras ou doses que não entraram no território brasileiro”, ressalta.

Ele menciona que, apesar de não ter sido feita apreensão de crack em 2019, há consumo desta droga no município. “Aqui não há concentração de usuários de drogas em um local específico, diferente de outras cidades”, compara.

O policial militar menciona que, a partir de estimativas, uma pedra de crack de 0,2 grama em média custa em torno de R$ 5, enquanto a grama da cocaína é vendida por R$ 50 e a porção da maconha varia de R$ 10 a R$ 15. “Em relação ao efeito produzido pelo crack, o usuário fica com sensação de bem-estar. O efeito psicotrópico é muito forte, contudo com duração muito curta. Pelo fato do crack ser barato e ter tempo curto de duração, o usuário compra a droga com maior frequência para manter a alucinação, tornando-se algo extremamente viciante”, detalha, acrescentando: “O crack afasta o usuário da família e da sociedade. A pessoa vira zumbi porque usa o entorpecente compulsoriamente e comete pequenos delitos”.

 

ESCRAVOS DO VÍCIO

De acordo com o delegado Rodrigo Baptista dos Santos, em 2019 a Polícia Civil de Marechal Rondon apreendeu 25 gramas de crack. Contudo, frisa, há mais preocupação com a cocaína e a maconha. “A cocaína e a maconha são as drogas mais consumidas nos municípios da comarca rondonense”, destaca.

Segundo ele, em meados de outubro foram cumpridos dez mandados de busca e apreensão por tráfico de drogas nas cidades de Marechal Rondon e Nova Santa Rosa. “O trabalho contou com o apoio da Polícia Militar (PM), sendo que entre os mandados um tinha como alvo crack, o que possibilitou a apreensão de 33 pedras desta droga, somando cerca de nove gramas. A acusada de tráfico presa em flagrante disse ser usuária do entorpecente há 20 anos e declarou que vende drogas para sustentar o seu consumo”, ressalta.

Conforme o delegado, a pessoa que está no mundo do crack passou por outras drogas anteriormente. “O crack é considerado o estágio final dos entorpecentes. Pessoas com certa condição financeira perdem tudo por conta do vício nesta droga. O indivíduo que consome crack se torna altamente dependente e não há como conviver com essa pessoa, que fica insuportável, agressiva e acaba afastada do seio familiar, de amigos e do trabalho”, salienta.

Baptista diz que na cadeia rondonense há várias pessoas presas por tráfico. “Especialmente tráfico de passagem, pois aqui é uma rota. Só no ano passado apreendemos 1,2 tonelada de maconha em toda a comarca, contudo notamos mudança para as drogas sintéticas. Em 2019 o BPFron e a Polícia Federal prenderam duas pessoas com inúmeros comprimidos de ecstasy”, pontua.

 

REFUGO DAS DROGAS

De acordo com o comandante da 2ª Companhia da PM, tenente Daniel Zambon, o crack tem sido consumido em menor escala no município, uma vez que não houve apreensão do entorpecente, contudo maconha e drogas sintéticas têm sido retidas frequentemente pela PM.

“Não vemos em Marechal Rondon um ponto específico nos moldes de cracolândia, mas já flagramos e encaminhamos pessoas à delegacia quando conduziam outras drogas nas ruas. Elas buscam um local onde se sintam confortáveis, como praças públicas, meio-fios e casas abandonadas, tendo em vista que o crack é procurado por pessoas de baixa renda que desejam passar despercebidas”, menciona.

Ele lembra que a característica do flagrante determina se a pessoa presa é traficante ou usuária, no entanto o consumidor muitas vezes também faz a traficância. “O crack causa tamanha destruição na parte neurológica que a pessoa acaba não acatando o início do tratamento. Além disso, observamos que a maioria dos usuários do crack não finaliza o tratamento devido ao imenso poder de vício da droga, que é muito destrutiva”, lamenta.

Zambon salienta que o crack é o refugo da cocaína e da maconha e em alguns casos chega a ser usado gasolina em meio à composição desse entorpecente. “No caso de Marechal Rondon e região a maconha e a cocaína dominam, devido ao bom poder aquisitivo das pessoas, além do álcool. A tendência é dos usuários em drogas migrarem para as sintéticas, o quem vem sendo percebido no consumo em determinadas baladas”, revela o tenente.

 

APOIO

Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPs) atuam como fonte de apoio devido às atividades terapêuticas desenvolvidas. Tais entidades são formadas por equipe de psicólogos, psiquiatras, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, assistentes sociais, terapeutas, entre outros. Entre as ações constam psicoterapia, oficinas terapêuticas, acompanhamento psiquiátrico, visitas domiciliares, orientação e inclusão das famílias e atividades comunitárias. É possível que a pessoa seja atendida em uma consulta ou passe o dia ou parte dele na unidade.

O trabalho é realizado para pessoas com algum tipo de transtorno ou dependência química, sendo o tratamento definido de forma específica depois de avaliar o caso do paciente.

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