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Municípios 27 agrotóxicos na água

Melhorar qualidade da água é objetivo de pesquisa da Unioeste Toledo

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(Foto: Divulgação)

A água que chega nas torneiras das casas dos brasileiros não é tão limpa quanto parece, pois está contaminada com pequenas partículas de diversos produtos, como agrotóxicos. É na tentativa de aumentar a segurança e a qualidade da água que o professor Guilherme Bessegato realiza sua pesquisa de pós-doutorado, buscando a criação de novas espécies capazes de removerem as substâncias nocivas do meio líquido.

Uma pesquisa realizada pela Agência Pública e pela organização suíça Public Eye, mostra que a água consumida no país contém uma mistura de agrotóxicos. Na região Oeste do Paraná, foram encontrados pelo menos 27 agrotóxicos na água oferecida para consumo, sendo que 16 deles são catalogados como altamente tóxicos e 11 são relacionados com o desenvolvimento de doenças como o câncer

No interior do laboratório da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), campus de Toledo, o doutor procura maneiras de tornar mais seguro o consumo do líquido essencial à vida. Com a participação dos professores Dr. Cleber Lindino e Dr. Douglas Dragunski e de mais quatro acadêmicos de iniciação científica (Carolyne Crivelli, Bruna Finkler, Felipe Soares e Felipe Kirchhoff), o projeto recebe financiamento do CNPq e do projeto Instituto Nacional de Tecnologias Alternativas para Detecção, Avaliação Toxicológica e Remoção de Contaminantes Emergentes e Radioativos, vinculado à Unesp.

Na última década, a comunidade acadêmica e os órgãos de controle acenderam um alerta em relação aos chamados “contaminantes de preocupação emergentes”, componentes presentes na água, mas que escapam das legislações de controle, conforme explica o professor Guilherme. “São centenas de compostos, na maioria de origem antrópica, que podem apresentar algum risco ao meio ambiente e a saúde humana, mas que não estão incluídos nas legislações e programas de monitoramento de rotina. Esses compostos podem ser fármacos, pesticidas, retardantes de chama, substâncias contidas em produtos de higiene pessoal, hormônios, entre várias outros”, destacou. ¬

Problemas atuais no tratamento de água

Os micropoluentes, como também são chamadas as substâncias citadas pelo professor Guilherme, não estão inclusos em nenhuma legislação que verse sobre o limite máximo de suas concentrações na água, em suas diversas aplicações, com isso, não existem ações de controle e prevenção que possam ser realizadas.

Para agravar ainda mais a situação, os atuais modelos de tratamento de água e esgoto não são capazes de remover completamente as partículas nocivas à saúde que estão presentes no produto que chega nas casas dos consumidores. Os efeitos em longo prazo e a interação dos micropoluentes entre si ainda ocupam um espaço nebulosa na Ciência, que ainda não conhece com exatidão os resultados da ingestão destes contaminantes.

No intuito de buscar mais conhecimento sobre a questão e também de trazer soluções que o professor Guilherme concentra sua energia. “Nosso projeto busca desenvolver métodos que sejam capazes de eliminar completamente essas substâncias por reações químicas. Isso é possível por meio de métodos que geram espécies muito reativas, conhecidas como radicais hidroxila, que degradam os contaminantes e não são perigosas ao meio ambiente. Esses métodos são chamados de “processos oxidativos avançados” pelos cientistas da área”, declarou.

Saúde humana e Meio ambiente limpo

Os métodos de remoção de contaminantes da água que estão sendo desenvolvidos na Unioeste, campus de Toledo, poderão ser aplicados nos processos de tratamento de água de todo o Brasil. Para isso, o professor comenta que será necessário a criação de legislações que classifiquem os contaminantes e que determinem o limite máximo de concentração na água.

“Num futuro próximo esperamos que os principais contaminantes emergentes possam fazer parte das legislações, de forma que a água que se destine a cada atividade tenha que se adequar às concentrações máximas permitidas. Assim, entre os métodos para alcançar a remoção desses contaminantes da água estão os processos que estamos desenvolvendo, que poderiam contribuir para um meio ambiente livre de contaminantes potencialmente perigosos, preservando o ecossistema e a saúde humana”, destacou.

Alguns países utilizam espécies removedoras de contaminantes em processos industriais, por exemplo. Conforme o professor, o desafio atual é difundir essa prática no Brasil e aperfeiçoar os métodos já existentes. “O desafio é encontrar métodos cada vez mais eficientes, que consumam menos reagentes, energia elétrica e apresentem longo tempo de uso com baixa manutenção. Obviamente, entre a pesquisa em laboratório e a aplicação em larga escala há um grande caminho e que, somente com a colaboração de profissionais de várias áreas, além do interesse do ponto de vista de legislação, poderia ser percorrido mais rapidamente”, comentou.

Dedicado ao assunto desde o doutorado, o professor Guilherme Bessegato se sente orgulhoso com o trabalho que desenvolve e que tem aplicações consideráveis na vida humana. “Me sinto bastante realizado por poder desenvolver uma pesquisa com potencial de impacto na área ambiental e que possa prevenir problemas na saúde humana. Também do ponto de vista de um químico, é muito satisfatório trabalhar com novos materiais e no conhecimento de suas propriedades como catalisadores e os processos que podem desempenhar”, declarou.

 

Com assessoria

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