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Municípios É coisa de cinema!

Morada cascavelense inspirada em clássico de Hollywood troca de mãos

Industrial até então discreto, salvador da fábrica Guerra, passa a habitar mansão de “E o Vento Levou”

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Casarão da Rua Pará e Ivo Riedi, o novo proprietário: Hollywood é aqui!

A troca de donos na mais glamourosa residência de Cascavel faz lembrar a sucessão aristocrática pós-medieval no Reino Unido. O dinheiro e a fortuna migraram dos donos das terras para os donos das máquinas a vapor da revolução industrial. O primeiro dono da mansão inspirada no filme “E Vento Levou”, edificada na Rua Pará, área nobre de Cascavel, foi o “medieval” coronel PM Aroldo Cruz, controverso homem da terra, assassinado a mando de um tal “Mosquito”, em disputa de áreas no Mato Grosso – conforme relatou a revista Pitoco Magazine, edição de janeiro de 2019.

Aroldo tinha a fama de promover “assentamentos definitivos”. Mas foi sua esposa, dona Leia, quem acompanhou o desenho da morada, bem como os “recheios” – a decoração. Para tanto, relata Victor Hugo Bertolucci, a quem coube executar o projeto, Leia viajou duas vezes aos Estados Unidos e visitou a mansão original de “E o Vento Levou” – isso tudo no final da década de 1970.

Depois, há quatro décadas, a residência veio para a família Mascarello. “Comprei do coronel Aroldo, paguei em dinheiro, mas não me recordo mais o valor”, disse ao Pitoco, na última segunda-feira (13), o empresário Rovílio Mascarello. Aqui começa a transição aristocrática: Rovílio tem um pé na roça e outro no chão da fábrica. Ele e a ex-esposa Celinha expandiram a Comil e fundaram a Mascarello Ônibus.

No ano passado, começou a circular a informação de que Celinha manifestava a intenção de vender o imóvel. Não faltaram interessados. Um deles foi o “new rich” Fernando Mantovani. Ao expandir em escala geométrica seus loteamentos na periferia Norte de Cascavel, o criador de cavalos deu um lance ousado como parte do pagamento para colocar os pés na Rua Pará: ofertou para Celinha a imensa cobertura do edifício Francisco Henrique Renz, a ser entregue em 2025 por Jadir Saraiva de Rezende.

O comprador

Celinha recebeu outros lances igualmente atraentes. Mas a venda foi consumada mesmo para um novo player industrial de envergadura nacional: Ivo Ilario Riedi Filho. O palotinense radicado em Cascavel ganhou as manchetes latino-americanas quando salvou a tradicional indústria de implementos rodoviários Guerra, de Caxias do Sul.

Aqui fecha o ciclo da revolução industrial britânica: dos feudos do coronel Aroldo para um jovem industrial de 37 anos que cultiva uma vida discreta. Riedi, neto do fundador do grupo que leva o mesmo nome, já habita com esposa e cinco filhos a morada de dois pavimentos e 14 banheiros distribuídos em 1,2 mil metros quadrados.

Quanto pagou?

Celinha Mascarello deixou a cargo da Imobiliária Beck Lima a complexa operação de venda. Arredio ao assunto, Marco Aurélio Beck Lima não quis trazer detalhes do negócio. Porém, fontes do mercado estimam que a mansão cinematográfica trocou de mãos por não menos que R$ 20 milhões.

Ou seja, a “bilheteria” de “E o Vento Levou”, filme exibido em Cascavel em 1956 no Cine Coliseu (onde hoje está a sede da Caixa, na Avenida Brasil) não decepciona 67 anos depois. “A projeção era feita a partir de filme de rolo. Deu problema. Todos foram embora desapontados, mas eu, minha namorada da época e futura esposa Almeri e mais um casal de amigos, aguardamos o conserto. Deu certo, mas o filme terminou eram quatro horas da madrugada”, relatou Darci Gomes, pioneiro de Cascavel, falecido em janeiro último.

Ou seja, tudo que está no entorno da mansão da Rua Pará é passível de se tornar coisa de cinema!

Casarão da Rua Pará e Ivo Riedi, o novo proprietário: Hollywood é aqui!

Por Jairo Eduardo, editor do Pitoco

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