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Municípios 1º presidente da Câmara

“Uma ou outra vez tinha debate entre os vereadores da Arena”, relembra Juca

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José Bohn (Juca), primeiro presidente da Câmara de Vereadores: “A gente recebia 1.111 cruzeiros ao mês, mais como uma espécie de ajuda para ser vereador. Apenas o presidente viajava e como não tinha diária acompanhava o prefeito a Curitiba e era ele quem custeava a viagem” (Foto: Joni Lang/OP)

José Albino Bohn (Juca) veio do Rio Grande do Sul ao Paraná no ano de 1958, tendo se instalado primeiramente no atual município de Marechal Cândido Rondon, onde foi o primeiro professor do Colégio Cristo Rei. Já em 1966 se dirigiu ao distrito de Alto Santa Fé, que naquela época pertencia a Palotina. Lá, Juca atuou como empresário e professor, além de ter trabalhado na agricultura.

Apesar de não ter participação na emancipação, ele foi eleito vereador na 1ª legislatura, de 1º de fevereiro de 1977 a 31 de janeiro de 1983, tendo inclusive se tornado o primeiro presidente da Câmara, no biênio 1977/1978.

“Nós praticamente não conhecíamos Nova Santa Rosa antes da emancipação, pois pertencíamos a Palotina. Comércio e tudo era para lá. Quando fizeram as divisas incluíram Alto Santa Fé, houve plebiscito e acho que 90% escolheu pertencer para Nova Santa Rosa por ser mais perto. Daí começamos a conhecer o povo daqui, que é de outra região do Rio Grande do Sul e com dialeto alemão diferente”, conta.

Juca foi vereador nas três primeiras gestões do município: 1977/1982, 1983/1988 e 1989/1992. Hoje aposentado e residindo no BNH, ele também presidiu o Legislativo nos anos de 1989 e 1990. Um de seus genros, o professor Elio Migliorança, tornou-se o segundo prefeito de Nova Santa Rosa, no governo de 1983 a 1988.

 

1ª PRESIDÊNCIA

Sobre a primeira gestão no município e a primeira presidência do Legislativo, Juca menciona que no começo era tudo difícil, pois simplesmente não tinha nada. “Não havia prefeitura e nem Câmara. O mais difícil era para o prefeito, pois a Câmara fazia o trabalho de projetos, mas o prefeito devia arrumar tudo para movimentar o município numa época em que não havia caneta, nada. Nós aprovávamos os projetos e fiscalizávamos o prefeito Armindo Fischer”, salienta.

Em relação ao salário, o primeiro presidente do Legislativo enaltece que era pago um valor a título de ajuda. “A gente recebia 1.111 cruzeiros ao mês, mais como uma espécie de ajuda para ser vereador. Apenas o presidente viajava e como não tinha diária acompanhava o prefeito a Curitiba e era ele quem custeava a viagem”, expõe.

Além do prefeito Armindo Fischer e do vice José Luiz Dosciatti, que eram filiados à antiga Arena, a sigla partidária dominava no município com oito dos nove vereadores na época. Juca, Arnoldo Bloch, Daniel Wutzke, Erwin Eitel, Lauro München, Leopoldo Schirmer, Nilso Pinz e Oscar Arndt eram arenistas, partido do governo militar, enquanto Roque Dewes era filiado ao MDB. Mais tarde, conforme Juca, Dewes se mudou para o Mato Grosso.

“Com oito vereadores da Arena e um do MDB não havia discussão, era bem tranquilo. Não tinha polêmica, porque como o vereador estava sozinho ele sabia que não adiantava bater. Mas era tudo novo e as sessões aconteciam nas terças-feiras antes da noite. Uma ou outra vez gerava debate entre vereadores da Arena, nada de polêmica, embora às vezes as discussões entravam em assuntos particulares”, relembra Juca.

“Em outro período da Câmara houve discussão entre Arnoldo Bloch e Walter Schulz, que eram da Igreja Batista. Um acusava o outro até que o Walter foi dar a resposta para o Arnoldo, mas não se lembrava mais do que ia responder. Um radialista de Marechal Rondon que assistia às sessões tinha uma questão particular com o Walter, então ele largou algo na rádio dizendo que era para o Walter ir no Paraguai que tinham achado a memória dele no toco”, conta, lembrando da ironia gerada naquele tempo.

 

ACOMPANHAMENTO

Juca destaca que os vereadores que fizeram parte da primeira gestão e das outras na sequência acompanhavam os trabalhos com máquinas no interior do município. “No começo a estrada de Nova Santa Rosa ao distrito de Planalto do Oeste não tinha passagem, era um atolador, então quando chovia não passava ninguém. O (prefeito) Armindo Fischer conseguiu arrumar máquinas do DER (Departamento de Estradas de Rodagem), que fez drenagem, cascalho, tanto que eu mesmo acompanhei muitas vezes o serviço”, recorda.

“Em Alto Santa Fé também tinha duas baixadas e depois da enxurrada lavava tudo, quase não existia conservação de solo. Quando o Elio Migliorança foi prefeito lembro que a máquina abria as baixadas e vinha terra de quilômetros com a enxurrada, pois chovia muito naquela época. Hoje não chove mais tanto”, enaltece o primeiro presidente do Legislativo.

Juca afirma que, apesar de ter sido vereador e o primeiro presidente da Câmara, não influenciou para o genro Elio ser escolhido como candidato a prefeito. “O Elio já trabalhava com o prefeito Armindo. Me recordo que no passado ficávamos até de madrugada preparando as candidaturas na casa do Armindo e o Elio era muito bom na máquina de escrever”, salienta.

 

CRESCIMENTO

Juca se diz surpreso de como o município cresceu ao longo das décadas. “Esses dias demos a volta nos bairros e fiquei admirado como cresceu tanto. Brinquei com nossas filhas que moram em Cascavel que daqui alguns anos Toledo e Cascavel vão se tornar bairros de Nova Santa Rosa. Cresceu demais. Aqui mesmo no BNH era uma chácara, o Armindo Fischer conseguiu lotear para transformar em BNH. Foi tudo edificado e só depois surgiram os moradores”, conclui.

 

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