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Municípios Entrevista ao O Presente

“Vamos enxugar a equipe de governo”, avisa prefeito de Entre Rios

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Prefeito Jones Heiden: “Vamos agrupar algumas (secretarias). Hoje contamos com 11 vagas e pretendo trabalhar com no máximo sete secretarias” (Fotos: Maria Cristina Kunzler/OP)

 

Todo gestor municipal encontra no decorrer do mandato alguns desafios que precisam ser encarados e superados no dia a dia. Em Entre Rios do Oeste não é diferente. O prefeito Jones Heiden (PSD) tem lidado com alguns percalços, mas mesmo assim demonstra otimismo diante dos trabalhos que estão sendo realizados pela administração.

Dentre uma das dificuldades que ele prevê que deve acometer o município com a perda da representatividade política diante do resultado eleitoral de outubro envolve a conquista de investimentos: “Até arrisco dizer que mais de R$ 2 milhões por ano, principalmente com emendas parlamentares”, avalia o gestor.

Em entrevista ao Jornal O Presente, o mandatário adianta que deve enxugar a equipe de governo com o agrupamento de algumas secretarias, assim como efetuar o corte de alguns cargos comissionados. Confira.

 

O Presente (OP): De modo geral, como o senhor avalia o ano de 2018?

Jones Heiden (JH): Por ser um ano eleitoral, 2018 foi bem atípico. Em ano eleitoral muita coisa trava e mesmo diante da crise instalada no Brasil há alguns anos, em Entre Rios do Oeste conseguimos dar um passo grande dentro daquilo que planejamos. Onde havia dinheiro a fundo perdido fomos buscar. Não perdemos nada neste sentido, tanto no governo estadual como no governo federal, assim como em emendas. Há algumas emendas federais que ainda não vieram, mas estão aprovadas e só faltam as liberações. Então acredito que se não houver a liberação neste ano em 2019 ocorrerá para concluirmos alguns projetos. Resumidamente, vejo que foi um ano bom e em que conseguimos avançar. A creche, que era um sonho para essa administração, deve ser concluída ainda antes do início do ano letivo. Outro sonho era concluir o barracão da Secretaria de Viação e Obras, sendo que até junho de 2019 acredito que estará finalizado. Desta forma, teremos uma área maior e em que todas as máquinas ficarão em um espaço coberto. Até março acho que a incubadora já poderá atender mais quatro empresários na área industrial. A compra da Cassava envolvia um planejamento que vinha se arrastando por muitos anos e em 2018 deu certo a aquisição dessa área, onde vamos instalar o Parque Industrial 2 e devemos gerar ao menos 120 empregos diretos logo no início, em junho ou ainda antes. Além disso, não deixamos de investir na malha viária e na pavimentação com pedras irregulares. Contamos com vários trechos sendo executados e outros que serão licitados ainda este ano, a partir de uma parceria com a Itaipu. Isso sem contar os inúmeros programas nos diversos setores. São várias frentes de trabalho.

 

OP: Quais são os principais investimentos que a prefeitura planeja para 2019?

JH: Um deles é o recape asfáltico. No próximo dia 18 (terça-feira) haverá reunião dos Lindeiros para darmos mais um passo adiante no projeto do recape asfáltico sobre pedras irregulares. Há uma demanda de 20 quilômetros e tentaremos em dois anos executar o máximo possível. Há, também, uma demanda de seis quilômetros de pedra irregular no interior. Quando fizermos isso alcançaremos praticamente 80% de pavimentação poliédrica no interior, atendendo as principais vias. Na área central da cidade há o projeto de revitalização da Rua Amazonas. A iluminação já está concluída e agora vai começar a colocação dos pavers. Será uma rua toda remodelada e, fora a rodovia, é a principal via do município. Queremos deixar essa rua como um cartão-postal. A revitalização da Rua Paraná deve ocorrer na sequência, cujo projeto já está pronto. O futuro Parque Industrial 2 conta com cinco mil metros quadrados de área construída e metade desses barracões disponibilizaremos a partir de junho e a outra metade posteriormente, pois precisaremos de orçamento para isso. O nosso objetivo é deixar o Parque Industrial pronto e funcionando no prazo de dois anos. Além disso, todos os convênios em todas as áreas queremos manter e melhorar.

 

OP: A retomada no pagamento dos royalties ainda é uma pendência. De que forma o atraso no repasse deste recurso tem afetado as contas do município neste final de ano?

JH: Quando fomos avisados do não pagamento demos uma segurada. Não paramos (investimentos), apenas acompanhamos mais de perto o orçamento para não chegar o final do ano e de repente faltar recursos para atender toda demanda no município. Nossa principal preocupação foi a folha salarial dos servidores, 13º salário, pagamento de terceirizados e fornecedores, pois não queríamos comprometer o orçamento das famílias ou empresas. Mas a economia que fizemos no ano e uma administração enxuta estão permitindo que a gente toque o município sem paralisar obras. Inclusive iniciamos algumas obras em dezembro. Como havia orçamento demos sequência aos investimentos. Nos preocupamos, claro, com o caixa da prefeitura, mas fizemos uma administração enxuta. Daqui para frente não vindo os royalties, aí sim começa a nos preocupar. Nossa esperança é que o dinheiro venha nos próximos dias. Por ora, em Entre Rios do Oeste o caixa do município está 100% tranquilo e todas as demandas estão sendo atendidas.

 

OP: Quando se fala em investimentos, muitos dependem da articulação política para sair do papel. A região perdeu representatividade com o resultado eleitoral de outubro. Com quem o senhor espera contar em relação aos deputados eleitos?

JH: De deputado federal, tínhamos quatro representantes de Entre Rios do Oeste: o Dilceu Sperafico (PP) não disputou a reeleição; o Evandro Roman (PSD) não foi reeleito e ficou na 1ª suplência, sendo que eu acredito que ele deve assumir o mandato; o Alfredo Kaefer (PP) não foi reeleito; e o Sérgio Souza (MDB) foi reeleito. Dos quatro não conversei com nenhum após a eleição. Vejo que nesta eleição houve uma pulverização e deputados que achávamos que seriam bem votados não foram, outros que não tínhamos nem conhecimento que eram candidatos foram bem votados. Infelizmente os votos foram muito distribuídos. No âmbito estadual, dois deputados que representam Entre Rios do Oeste não foram reeleitos, que são o Ademir Bier (PSD) e Elio Rusch (DEM). Outros fizeram votos, foram eleitos e a partir do ano que vem teremos que bater à porta. Não estou fazendo isso hoje porque é cedo, mas faremos isso assim que assumirem.

 

OP: Quem são esses deputados?

JH: O Marcel Micheletto (PR, eleito deputado estadual). O próprio Elio pode assumir e o Ademir também tem chance. Então estamos no aguardo disso também. Em termos de deputado com quem tenho uma ligação maior para bater à porta é o Micheletto, até pela proximidade que tínhamos como prefeito. Tenho um carinho e respeito por ele. Mas se o Elio ou o Ademir assumirem vou, acima de tudo, procurá-los para tentar representar o município. Mesmo buscando de repente novos reforços políticos, Entre Rios do Oeste vai perder muito. Até arrisco dizer que mais de R$ 2 milhões por ano, principalmente com emendas parlamentares.

 

OP: O senhor é um dos poucos prefeitos da região filiado ao PSD, partido do Ratinho Junior. Isso credencia o município a conquistar mais investimentos na esfera estadual ou o governador eleito tende a governar de forma igualitária?

JH: Acho que vai governar para todos, mas também não vai me dar as costas. Isso espero dele. O governador eleito não pode destinar a Entre Rios do Oeste algo diferente, mas o que cabe ao município e se tivermos os projetos, porque é o principal para buscar algum recurso, penso que vai trabalhar da mesma forma como atuou quando era secretário (da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Urbano, Sedu). Se o projeto for viável e estiver ok, não vai dizer que não. O chefe da Casa Civil será do PSD (deputado estadual Guto Silva), na Sedu vai assumir o João Carlos Ortega, com o qual contamos com um bom relacionamento. Não quero que ele me atenda diferente. Desejo que faça uma administração para todos, mas não esqueça de Entre Rios. Se continuar da forma como ele foi enquanto secretário, estará 100% ótimo.

 

OP: O senhor pretende fazer alguma mudança na sua equipe de governo?

JH: Vamos, vamos mudar. Isso foi um pedido da comunidade a partir de uma sondagem que foi realizada no município. A comunidade acha necessária essa mudança e lá atrás anunciamos que nos dois primeiros anos da gestão teríamos uma equipe e nos dois anos seguintes valorizaríamos outras pessoas que sabemos que possuem potencial. Vamos dar oportunidade a essas pessoas.

 

OP: Quando o senhor planeja fazer as mudanças?

JH: Já a partir do início do ano. Estamos conversando com toda a equipe. Outro objetivo é enxugarmos mais. Pretendemos trabalhar com no máximo 20 comissionados, sendo que hoje são 24. Queremos fazer isso ao menos neste início de ano para aguardar o que vai acontecer no Brasil com o novo presidente e no Estado com o novo governador. Vamos começar com uma equipe enxuta para evitar de repente algum problema no final do ano ou até mesmo no final da administração.

 

OP: O senhor já definiu quais secretarias quer mudar?

JH: Vamos agrupar algumas. Não vamos mudar por uma questão da pessoa não ter dado certo ou não ter eficiência, mas por uma questão de orçamento nestas pastas. Não tem como crescer politicamente. Então muitas vezes assumir uma pasta que não tem crescimento o secretário, politicamente, acaba se desgastando e perdendo popularidade. Vamos agrupar algumas, como a Secretaria de Governo com a Administração, a Secretaria de Finanças talvez com o Planejamento. Hoje contamos com 11 vagas e pretendo trabalhar com no máximo sete secretarias.

 

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