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Paraná Tragédia no Rio de Janeiro

Após incêndio no RJ, bombeiros iniciam diagnóstico dos museus paranaenses

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Comando da corporação quer levantamento da real situação dos espaços culturais da Capital (Foto: Reprodução/TV Globo)

Após o incêndio que destruiu o Museu Nacional da Quinta da Boa Vista, no Rio de janeiro, o Corpo de Bombeiros do Paraná se prepara para evitar que situações parecidas ocorram em Curitiba. Na manhã de domingo (02), os grupamentos de Curitiba realizaram uma reunião e receberam a determinação para iniciarem um levantamento a fim de se saber quais as condições reais dos espaços museais da Capital.

A última vez que foi realizado um levantamento desse tipo foi em 2013 e na ocasião os bombeiros do Paraná constataram que pelo menos cinco museus estavam em desacordo com as regras e orientações estabelecidas pela corporação: Museu de Arte Contemporânea (MAC), Museu Oscar Niemeyer (MON), Museu Alfredo Andersen, Museu Paranaensense e Museu do Expedicionário.

Em 2015, logo após um incêndio de grandes proporções atingir o Museu da Língua Portuguesa, na região central de São Paulo, apenas dois desses estabelecimentos (o MON e o do Expedicionário) já estavam se adequando às recomendações, enquanto o Museu Paranaense havia prometido colocar em prática no ano seguinte um projeto que colocaria o espaço em conformidade com as regras e orientações dos bombeiros (mas a situação dependeria da disponibilidade de verbas).

Já os casos do MAC e do Museu Alfredo Andersen eram mais complicados. Os estabelecimentos não possuíam nenhum projeto de prevenção de incêndio, sofriam com a falta de sinalização sobre saídas de emergência e os espaços não eram adaptados para facilitar a saída do público, em caso de necessidade de evacuação.

De acordo com o Major Leonardo, ainda não é possível avaliar qual a situação atual dos museus curitibanos e qualquer avaliação nesse sentido seria precipitada neste momento. Segundo a Secretaria Estadual de Cultura, existem atualmente no Paraná 313 museus, sendo que cerca de 40% desses estabelecimentos estão sediados na Capital.

“Essa informação (de como estão os museus que precisavam de adaptações) que pedimos para as unidades operacionais levantar, bem como a real condição dos museus da cidade. É um levantamento não tão simples de se fazer”, explica o Major Leonardo. “Amanhã (hoje) possivelmente faremos uma reunião pela manhã para verificar como estão esses dados e poderemos passar mais informações à sociedade.”

 

Museu Nacional

O incêndio no Museu Nacional teve início no começo da noite de domingo e durou mais de seis horas. O prédio histórico foi completamente destruído. O Museu guardava cerca de 20 milhões de peças das mais variadas áreas do conhecimento – de múmias egípcias ao fóssil de Luiza, o fóssil humano mais antigo encontrado no Brasil, com mais de 12 mil anos.

 

Governo vai liberar recursos; tragédia era anunciada

O ministro da Educação, Rossieli Soares, afirmou no domingo (02) que o governo vai liberar recursos emergenciais para atender o Museu Nacional do Rio de Janeiro, após o incêndio,  que destruiu o prédio e o acervo da instituição. Segundo ele, é necessário que se faça um projeto executivo após avaliar as perdas, para saber exatamente quanto terá de ser empregado para a recuperação do museu. “A prioridade [do governo] é que se coloque o recurso necessário para a recuperação do museu”.

Mas, a situação também recebeu críticas. O Museu Nacional era o mais antigo do Brasil. Há 14 anos, em 3 de novembro de 2004, o então secretário estadual de Energia, Indústria Naval e Petróleo Wagner Victer denunciou, em entrevista à Agência Brasil, os riscos de que o Museu Nacional do Rio de Janeiro poderia vir a ser destruído por um incêndio.

 

Reconstrução não recupera perdas, diz o Ministério Público

O Ministério Público Federal (MPF) afirmou por meio de uma nota pública, que a perda do acervo do Museu Nacional do Rio de Janeiro é “irreparável”, não podendo ser recuperada por nenhum esforço de reconstrução.

“A perda é irreparável e a falta de estabelecimento de prioridades das políticas públicas na área cultural afetam não somente o Brasil mas toda a humanidade. A reconstrução do seu prédio apenas preservará o referencial arquitetônico daquele monumento, mas jamais os tesouros que compunham seu acervo”, diz o texto. As investigações sobre as causas do incêndio ficarão com a Polícia Federal, que abriu inquérito.

Na ocasião, o secretário disse ter ficado impressionado com a situação das instalações elétricas do museu, em estado deplorável, em sua avaliação: “O museu vai pegar fogo: são fiações expostas, mal conservadas, alas com infiltrações, uma situação de total irresponsabilidade para com o patrimônio histórico”, denunciou então.

O próprio ministro Rossieli Soares reconheceu parte da culpa para o governo.  “É nossa (a responsabilidade), mas não é exclusiva de agora. Mas a reforma necessária, desde a época que se tinha mais recursos, não foi feita, provavelmente, a reforma necessária”, disse.

O reitor da UFRJ, Roberto Leher , disse que cobrará do governo federal empenho para reconstruir o prédio e o acervo da instituição, que, segundo o próprio Museu Nacional, tem a maior coleção da América Latina.

 

Acervo pode estar salvo em cofres e armário 

Pesquisadores do Museu Nacional nutrem a esperança de que parte do acervo, justamente peças mais raras e valiosas, possa ter sido salva do fogo dentro de cofres e armários de aço especiais. Entre essas, está o crânio de Luzia, o fóssil humano mais antigo encontrado no Brasil, com mais de 12 mil anos. Até ontem ela não havia sido encontrada.

Eles reconhecem que o trabalho não será fácil, pois o interior do prédio ainda está muito quente e os dois andares superiores desabaram sobre o térreo, formando uma grossa camada de cinzas, carvão, ferros retorcidos e tijolos. Os esqueletos de dinossauros que estavam em exposição eram, em sua maioria, réplicas.

 

Com Bem Paraná

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