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Sete deputados terminam campanha com dívidas no Paraná

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Nishimori (PR): R$ 33,12 por voto para se reeleger (Foto: Lucio Bernardo Jr/Câmara dos Deputados)

O número de deputados federais eleitos pelo Paraná que iniciarão a próxima legislatura (2019-2022) endividados cresceu nas eleições de 2018 comparado com o pleito anterior. Em 2014, foram quatro deputados eleitos que fecharam as contas de campanha com dívidas. Já neste ano, sete parlamentares ficaram no vermelho, um crescimento de 75%.

Como 2018 foi o primeiro ano em que a campanha eleitoral não contou com financiamento de empresas, os políticos se viram obrigados a restringir os gastos, que tiveram queda de 26,5% (passando de R$ 49.477.076,96 em 2014 para R$ 36.371.233,33 em 2018). As receitas para campanha, por sua vez, caíram 24,1% (de R$ 49.221.728,45 para R$ 37.369.341,40).

Isso tudo explica porque os futuros deputados federais tiveram menor gasto por voto nestas eleições do que na anterior. Há quatro anos, os candidatos eleitos investiram R$ 13,81 para cada voto que receberam, em média. Já neste ano, o valor foi de R$ 11,27, o que dá uma diferença de 18,4%.

Mas apesar do maior número de parlamentares que terminaram o pleito endividados e dos gastos mais restritos, quando considerada a diferença entre despesas e receitas das 30 campanhas vitoriosas nas eleições para a Câmara dos Deputados no Paraná temos um saldo positivo (sobra) de R$ 998.108,07, enquanto na eleição anterior os deputados federais fecharam a campanha com dívidas que somavam R$ 255.348,51, ao todo.

Isso se explica pelo fato de que em 2014 os candidatos gastaram a maior parte dos valores que arrecadaram, tanto que a maior sobra de campanha na ocasião foi de Sergio Souza (PMDB), com R$ 2,77 mil, e 11 parlamentares declararam ter gasto tudo o que receberam.

Já neste ano, três parlamentares fecharam o pleito com saldo positivo acima de R$ 300 mil. Foram eles: Vermelho (PSD), com R$ 367 mil de sobra; Leandre (PV), com R$ 334 mil; Luisa Canziani (PTB), com R$ 300 mil. Pela legislação eleitoral, esses valores devem ser repassados aos respectivos partidos.

Nos três casos, a principal fonte de recursos para as campanhas foi o fundo partidário, responsável por 90,2% dos recursos da campanha de Leandre (que arrecadou um total de R$ 1,22 milhão), 97% das verbas de Canziani (que somou R$ 2,3 milhões) e 100% do montante juntado por Vermelho (R$ 500 mil).

Considerando-se as 30 candidaturas vencedoras, temos que 80,7% do total arrecadado veio do fundo partidário e de repasses das siglas aos candidatos; 12,3% da doação de pessoas físicas; 6,3% de recursos próprios; 0,6% de doações de outros candidatos; e 0,1% de campanhas de financiamento coletivo.

 

Ranking

Os deputados que apresentaram maior gasto por voto conquistado foram Luiz Nishimori (PR) e Toninho Wandscheer (PROS). O primeiro precisou desembolsar R$ 33,12 em campanha para cada voto conquistado, tendo gasto R$ 2,43 milhões numa campanha que ainda teve sobras de R$ 1,65 mil. Já Wandscheer gastou R$ 27,99 por voto e, ao todo, desembolsou R$ 2,03 milhões.

Enquanto Nishimori arrecadou verbas principalmente pelo fundo partidário (R$ 2 milhões) e doações de pessoas físicas (R$ 430 mil), o ex-prefeito de Fazenda Rio Grande foi o deputado eleito que mais gastou recursos próprios na campanha: R$ 1,47 milhão, o equivalente a 43,6 salários de um parlamentar, considerando-se o valor atual de R$ 33.763 (que pode subir ano que vem, caso o salário dos ministros do STF sejam reajustados).

 

Mais votados gastaram menos

Se Luiz Nishimori e Toninho Wandscheer fizeram duas das campanhas mais caras e tiveram um desempenho medíocre no pleito (com 73.344 e 72.475 votos, respectivamente, aparecendo na 25ª e 26ª posição entre os 30 eleitos), curiosamente os dois deputados mais votados em 2018 foram também os que menos gastaram na campanha: Sargento Fahur (PSD) e Felipe Francischini (PSL).

Surfando na onda militarista que tem como grande referência o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL-RJ), Fahur e Francischini conseguiram se eleger gastando R$ 0,67 e R$ 0,52 por voto, respectivamente. Enquanto o primeiro foi o candidato mais votado no pleito, com 315 mil votos, o segundo veio logo atrás, com 241 mil. Além disso, as duas campanhas foram das mais baratas entre os parlamentares eleitos (R$ 210 mil e R$ 125 mil). Apenas Aline Sleitjes (PSL) investiu menos na campanha (R$ 90 mil), mas ainda assim gastou mais proporcionalmente (R$ 2,66 por voto).

Fahur chegou perto do político paranaense recordista em votos Ratinho Junior, que fez 358,9 mil votos para a Câmara em 2010. Com atuação em Maringá (região Noroeste), ele virou hit da internet com frases como “quer fumar essa porcaria, vai fumar no inferno”, “depois que ‘enfinco’ a mão na cara de um vagabundo desse eu respondo processo” e “pra mim foi até bom que ele fugiu porque senão eu ia quebrar a cara dele e ia dar problema para mim”. As frases, na maioria, foram ditas em entrevistas às redes de TV locais.

A campanha de Fahur não utilizou recursos do fundo eleitoral, sendo que R$ 150 mil foram repassados pelo diretório nacional do PSD, fruto de doações, e R$ 60 mil do próprio bolso, de acordo com a declaração ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE). O maior dos repasses do partido, de R$ 100 mil, veio do empresário José Carlos Valente Pontes, dono do Grupo Marquise, do setor de construção civil, imobiliário e de serviços.

 

Com Bem Paraná 

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