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Policial Segurança pública

Mesmo com divisas fechadas, crime organizado não dá trégua na fronteira

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Em dois dias de trabalho policiais fizeram três apreensões de quase 500 quilos de maconha. Volumes indicam possível mudança de tática dos bandidos. Preocupação das forças policiais é de que com o fechamento das fábricas de cigarro paraguaias contrabandistas comecem a migrar para o tráfico da maconha (Foto: Divulgação/BPFron)

O atual cenário que o mundo enfrenta com a pandemia causada pelo novo coronavírus (Covid-19) obrigou países que fazem divisa com o Estado do Paraná a fechar as fronteiras para evitar a circulação de pessoas e consequentemente a proliferação do vírus causador da doença.

Mas as medidas adotadas não inibiram contrabandistas e traficantes de drogas, que continuam agindo na região Oeste do Estado em municípios que fazem fronteira com o Paraguai.

Em apenas três dias, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) registrou três apreensões que totalizaram quase 500 quilos de maconha.

No dia 20, agentes da PRF prenderam no município de Mandaguari um indivíduo que transportava uma carga de 259 quilos da droga. Ele havia saído de Guaíra e seguia para a cidade de Londrina.

Um dia depois, foi localizada no interior de um veículo uma carga de 100 quilos de maconha, e no dia seguinte, dois homens foram flagrados transportando 131 quilos da droga em um caminhão-baú, no interior do Mato Grosso do Sul. A carga era oriunda de Foz do Iguaçu e tinha como destino o Estado de São Paulo.

Embarcação apreendida em Guaíra pelo BPFRron com 1,5 mil caixas de cigarro contrabandeadas do Paraguai (Foto: Divulgação/BPFron)

 

APREENSÕES DO BPFRON

Segundo o comandante do Batalhão de Polícia de Fronteira (BPFron), major André Dorecki, durante o período de isolamento social, também conhecido como quarentena, não houve diminuição no número de apreensões efetuadas pelo batalhão. “Por incrível que pareça esse tipo de delito continua acontecendo, até mesmo porque o crime organizado não respeita a questão de saúde, seja de seus familiares ou da população em geral”, afirma Dorecki.

Entre os dias 21 e 23 de março, três grandes apreensões de cigarros contrabandeados do Paraguai foram realizadas pelos policiais do BPFron em conjunto com demais forças de segurança, durante a Operação Hórus.

Na primeira, foram apreendidas na zona rural do município de Guaíra 1,5 mil caixas de cigarro, além de uma embarcação de grande porte, dois caminhões e cinco veículos pequenos que fariam o transporte da mercadoria.

A segunda apreensão aconteceu na cidade Terra Roxa, onde cerca de 700 caixas de cigarros paraguaios foram encontradas em dois caminhões. Além do contrabando e dos veículos, os motoristas foram detidos e encaminhados para a Delegacia da Polícia Federal de Guaíra.

A terceira situação aconteceu em um porto clandestino em Foz do Iguaçu, onde a polícia encontrou 1,1 mil pacotes de cigarros contrabandeados do Paraguai que estavam escondidos na margem do Lago de Itaipu.

Nas três apreensões, estima-se um prejuízo de aproximadamente R$ 6 milhões aos contrabandistas.

“Estamos atuando em conjunto com as demais forças de segurança em todas as frentes, seja por terra, ou no patrulhamento aquático no Lago de Itaipu e no Rio Paraná, para inibir o contrabando de armas, o descaminho e o tráfico de drogas”, destaca o comandante do BPFron.

Apreensão de 700 caixas de cigarro paraguaio realizada pelo BPFron no município de Terra Roxa (Foto: Divulgação/BPFron)

 

Carga com 1,1 mil pacotes de cigarros contrabandeados do Paraguai estava escondida em uma mata às margens do Lago de Itaipu, em Foz do Iguaçu (Foto: Divulgação/BPFron)

 

BARREIRAS SANITÁRIAS

De acordo com Dorecki, a fim de atender o art. 14 do decreto geral/2020 do Governo do Paraná e a portaria nº 125 do Diário Oficial da União, o BPFron articulou um novo formato de operação voltado para o controle das barreiras sanitárias em diversos pontos da região de fronteira com restrições de entrada no país. A medida visa contribuir com as ações de contenção à Covid-19, tanto nas divisas de Estados, quanto nas fronteiras com países vizinhos. “Estamos concentrando nossos esforços no apoio às prefeituras na divulgação e na sensibilização para que a comunidade mantenha o isolamento social, reduza ao máximo a saída de casa para evitar a proliferação do vírus”, enfatiza.

As ações foram desencadeadas no âmbito da Operação Hórus do Ministério da Justiça e Segurança Pública. As barreiras sanitárias acontecem na Ponte Internacional da Amizade em Foz do Iguaçu, Porto Britânia em Pato Bragado, Ponte Ayrton Senna em Guaíra, Santo Antônio do Sudoeste e Barracão na fronteira com Argentina, Porto Felício na divisa do Paraná com Mato Grosso do Sul e em diversos portos clandestinos localizados na região de fronteira do Estado. As barreiras sanitárias são realizadas por terra pelas equipes do Batalhão e em água através do Pelotão Cobra (Corpo de Operações de Busca e Repressão Aquática) do BPFron. As ações de fiscalização ocorrem sem data para terminar.

Comandante do BPFron, major André Dorecki: “As apreensões continuam acontecendo, porque o crime organizado não respeita a questão de saúde, seja de seus familiares ou da população em geral” (Foto: Arquivo/OP)

 

OPERAÇÃO HÓRUS

A Operação Hórus faz parte do Programa Vigia (Vigilância, Integração, Governança, Interoperabilidade e Autonomia) e é coordenada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública. O objetivo é coibir os crimes transnacionais de forma integrada pela Receita Federal do Brasil, Polícia Federal, BPFron e Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar do Paraná, PRF, Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) e Tático Integrado de Grupos de Repressão Especial (Tigre) da Polícia Civil do Paraná, COE da Polícia Militar do Paraná, Polícia Rodoviária Federal, Força Nacional de Segurança Pública e Exército Brasileiro, com apoio da Secretaria de Operações Integradas do Ministério da Justiça e Segurança Pública.

 

POSSÍVEL MIGRAÇÃO

O aumento das apreensões de drogas nos últimos dias pelas forças de segurança pública na região da fronteira com o Paraguai chamou a atenção da Polícia Federal (PF) para uma possível migração dos contrabandistas de cigarro para o tráfico de maconha.

Segundo o delegado Julio Fujiki, da Polícia Federal de Guaíra, com o fechamento do comércio, incluindo as fábricas de cigarro no país vizinho por conta das medidas de prevenção contra o novo coronavírus, existe a suspeita que os contrabandistas de cigarro estejam praticando o tráfico de drogas. “Temos a impressão que com as fábricas de cigarro fechadas, as quadrilhas possam tentar entrar com maconha, já que é período de safra da droga no Paraguai”, supõe Fujiki.

Apesar da paralisação da produção de cigarros no país vizinho, e consequentemente queda nas apreensões, o delegado acredita que os cigarros que já haviam sido produzidos antes das restrições por conta do coronavírus devem continuar entrando no Brasil.

Prova disso foi a última apreensão feita pela PF em conjunto com a Receita Federal de Mundo Novo (MS), ocorrida ontem (30), em Guaíra.

Um comboio de seis carros foi interceptado na cabeceira da Ponte Ayrton Senna. O primeiro veículo foi abordado pelos policiais e o condutor foi detido, mas os outros carros deram meia volta na tentativa de retornar ao MS. Após serem perseguidos, dois carros foram parados e mais duas pessoas foram presas. Um pouco mais à frente, os policiais encontraram outros três carros abandonados sobre a ponte, sem os condutores. A polícia suspeita que dois motoristas pularam na água; eles não foram localizados. Um terceiro tentou se esconder na estrutura da ponte, mas foi preso e encaminhado à PF de Guaíra, assim como a carga com 50 mil carteiras de cigarro, avaliada em R$ 250 mil.

Contrabandista de cigarro tentou se esconder na estrutura da Ponte Ayrton Senna, em Guaíra, mas foi preso pela Polícia Federal (Foto: Divulgação/PF)

 

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