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Política Eleições 2022

Ademir Bier não descarta candidatura, mas deixa decisão para março

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Deputado estadual Ademir Bier (PSD) em visita ao Jornal O Presente (Foto: Maria Cristina Kunzler/OP)

Depois de aproximadamente dois anos comandando a Diretoria de Obras da Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar), o rondonense Ademir Bier (PSD) voltou à Assembleia Legislativa, em abril, diante do falecimento do então deputado estadual Delegado Recalcatti (PSD).

Ao reassumir o mandato, Bier retomou a agenda política nos municípios e tem percorrido a região para manter contato com prefeitos e lideranças.

Diante disso, voltaram a surgir questionamentos se ele pretende ser candidato a deputado estadual ano que vem ou não.

Em visita ao Jornal O Presente, o parlamentar frisou que qualquer decisão neste sentido será tomada somente em março de 2022, tendo em vista que, inclusive, precisa aguardar se o Congresso Nacional vai aprovar alguns trechos da reforma política que tem sido discutida – qualquer mudança para a eleição do ano que vem precisa ocorrer até 02 de outubro, um ano antes do pleito.

Bier também expôs que tem trabalhado para que o grupo de oposição em Marechal Cândido Rondon volte a se unir e seja lançado apenas um nome, com viabilidade eleitoral, para concorrer a uma vaga na Assembleia. Confira.

 

O Presente (OP): O senhor tem percorrido os municípios da região e, naturalmente, surgem questionamentos se pretende disputar a eleição de 2022. Já há uma decisão tomada?
Ademir Bier (AB): Não. Estamos percorrendo a região no sentimento profundo do municipalismo que prega minha caminhada política visando o atendimento aos municípios. Através de emendas parlamentares, que são oportunizadas aos deputados estaduais, estamos fazendo com que os recursos cheguem nas cidades do Oeste do Paraná. Além de levantar as demandas, estamos fazendo individualmente a entrega do protocolo das emendas encaminhadas ao Governo do Estado. Este sentimento que principalmente o Oeste perdeu na sua representação, pois sempre tínhamos um número considerável de deputados na Assembleia Legislativa, este vácuo oportunizou aos prefeitos e lideranças a necessidade futura de preenchimento deste vazio e rebuscar o espaço que perdemos. Então é neste sentimento que estamos fazendo o nosso mandato e queremos aproveitar bem o tempo. Além disso, precisamos avaliar as reformas que podem ocorrer e mudar muito a eleição de 2022. Com toda tranquilidade, queremos lá no mês de março fazer uma avaliação se disputamos a campanha do ano que vem ou não.

 

OP: O seu nome, inclusive, chegou a ser cogitado como um possível candidato a deputado federal. Se for para a disputa, será para a Assembleia Legislativa ou para a Câmara Federal?
AB: Toda essa avaliação vamos fazer lá na frente. Ninguém é candidato de si próprio. Temos que ouvir os companheiros da região. Quero ouvir também o governador do Estado, Ratinho Junior (PSD). Estivemos juntos na sua caminhada na eleição e estive dois anos dentro do governo. Então sei o quanto é importante para o Estado a sua reeleição e o governo que está sendo feito no Paraná. Portanto, além de ouvir as lideranças regionais, vou conversar com o governador.

 

OP: Na eleição de 2018, surgiu a onda do presidente Jair Bolsonaro e muitos candidatos de fora receberam votos aqui. O senhor acha que no pleito de 2022 isso muda e representantes da região voltam a ser eleitos, preenchendo este vazio que ficou?
AB: Tenho plena convicção disso, até pelo dia a dia após a eleição de 2018, que foi totalmente atípica. Todos os encaminhamentos, as pesquisas que aí estão, demonstram isso. O nosso dia a dia de convivência com lideranças da região, ouvindo seus posicionamentos, é de que a região Oeste do Paraná vai buscar ter o número de representantes que havia no passado.

 

OP: No cenário político, o senhor enxerga hoje algum pré-candidato com potencial para disputar a eleição contra o governador Ratinho Junior?
AB: Achamos que o governo dele é diferenciado. Tenho a condição de falar porque estive lá dentro por dois anos. É um governo moderno, conciliador e que vê o Paraná como um todo. Aqui no Oeste já podemos acompanhar os avanços que ocorreram, mas isso está acontecendo no Estado todo. É um governo de avanço.

 

OP: O senhor está no PSD, mas sua carreira política foi formada no MDB. O partido emedebista tem convenção no próximo dia 31. Dependendo de quem saia vitorioso na disputa pode haver uma aproximação da sigla com o governador?
AB: Isso está aí na imprensa e se falando muito. Acho que vai depender muito da convenção.

 

OP: O senhor tem algum candidato que gostaria que vencesse a convenção do MDB?
AB: O meu candidato é o governador Ratinho Junior.

 

OP: Do MDB.
AB: Eu não estou lá e não posso fazer essa avaliação. Aqui na região os amigos todos que tenho são do MDB e sempre me apoiaram nas eleições.

 

OP: Existem dois nomes do grupo de oposição em Marechal Cândido Rondon que podem ser eventualmente candidatos a deputado estadual, que é o vereador Arion Nasihgil (PP) e o ex-vereador Josoé Pedralli (MDB). O grupo tem conversado a respeito de haver uma unidade e lançar apenas um candidato?
AB: Estamos conversando. A minha volta à Assembleia também ocorreu para fazer com que nosso grupo em Marechal Rondon possa estar unido. Queremos recompor o grupo, que é muito forte. Na campanha de 2018 iniciou um processo de separação e que culminou em 2020, quando não tivemos a condição de nos unir e, por isso, o resultado da própria eleição. A volta à Assembleia nos dá a condição de reunir e de aproximar essas lideranças. Já tivemos reunião com os cinco vereadores e estamos juntos em um projeto que não é individual, mas coletivo, tanto para a eleição de 2022 como para a de 2024. Temos que ter a sabedoria de estarmos juntos. A eleição de 2024 passa pela campanha de 2022. Sobre essa questão (lançar apenas um candidato), não tive oportunidade de conversar com o Josoé. Vai ficar para uma próxima oportunidade. Ele é nosso companheiro, uma liderança, presidente do MDB. Queremos somar com todos. Espero e tenho a convicção que todos terão a sabedoria que não existe um projeto individual.

 

OP: Se algum deles for candidato a deputado estadual atrapalha o seu projeto político, caso decida disputar novo mandato à Assembleia?
AB: A candidatura tem que ser única. Primeiro, para fortalecimento do grupo e, segundo, para a própria viabilidade da eleição. Tenho conversado com o Arion, que tem potencial muito grande e está preparado para ser deputado. Ele tem buscado o seu espaço e certamente vai fazer uma avaliação de uma eventual candidatura. E lá na frente vamos conversar para ver quem tem a condição de disputar o pleito com viabilidade de eleição. Se ele for candidato, com toda certeza eu não vou ser. E se eu for, provavelmente ele não será, porque inviabiliza. Nos pequenos e médios municípios só teremos (deputados) se houver candidaturas fortes. Senão, vamos perder a representatividade para as grandes cidades, como Cascavel, Foz do Iguaçu e Toledo.

“Se ele for candidato, com toda certeza eu não vou ser. E se eu for, provavelmente ele não será, porque inviabiliza”

OP: A conversa com o vereador Arion já aconteceu no sentido de haver este entendimento?
AB: Sim. O Arion é uma pessoa inteligente e sabe fazer essa avaliação, assim como nós sabemos. Tivemos boas conversas e há sabedoria em entender que este projeto é de todos. Sozinho ninguém vai a lugar algum.

 

OP: E quando o senhor pretende conversar com o ex-vereador Pedralli?
AB: Na próxima vinda aqui. Queremos reunir os presidentes dos partidos que compõem a oposição em Marechal e ele será convidado. Já conversei com ele, mas não sobre questões políticas. Ele é meu amigo de muitos anos e vamos falar sobre política no momento oportuno.

 

OP: O prefeito Marcio Rauber (DEM) foi convidado pelo governador para se filiar ao PSD. Essa aproximação com o Ratinho Junior lhe traz algum desconforto interno no PSD?
AB: Não, nenhum. Eu sei disso pela imprensa, mas também conheço o perfil do governador que é de somar. Ele está somando as pessoas. Não me dá desconforto algum esta questão de ele vir para o partido ou não. Agora, o nosso grupo em Marechal é nosso grupo independente de sigla partidária. Essa consciência que nós temos e vamos retomá-la. Tivemos duas oportunidades de estar com o prefeito Marcio. Precisamos parar com o pensamento de que o adversário é inimigo, pelo contrário, pois a responsabilidade que o prefeito tem com o município nós temos com Marechal e a região. Isso é muito claro. Não vejo dificuldade e não vi essa condição discutida no diretório. Não vejo nada de anormal.

 

OP: O senhor não teme, eventualmente, perder o comando do PSD de Marechal Rondon?
AB: Eu nunca ouvi ventilar isso. Queremos fazer o nosso partido forte no município.

 

OP: Há muitas discussões no Congresso Nacional sobre uma possível reforma política. O tempo para aprovação é curto, mas há especulação envolvendo eventuais mudanças. O senhor acha que algumas mudanças que são ventiladas, como o distritão e o semipresidencialismo, podem ser aprovadas?
AB: A reforma política sempre foi uma das metas e torci muito para que ocorresse no Brasil, mas uma reforma política séria. Não ocorreu. Tivemos um avanço com uma única modificação, que foi o fim das coligações na proporcional. Espero que o Congresso não volte atrás, liberando a coligação na proporcional e inventando o distritão. O distritão é decretar a falência dos partidos no Brasil. Entendemos que a proibição da coligação na proporcional vai diminuir, consideravelmente, o número de partidos e, com isso, vai promover o fortalecimento. Eu torço que fique da forma como está.

 

OP: Essas possíveis mudanças travam as conversas de olho nas eleições do ano que vem, uma vez que não se sabe o que pode vir por parte do Congresso?
AB: Eu acho que sim. Acho que a partir do momento que tiver uma eventual modificação, principalmente o voto distrital, vai tirar muita gente boa da própria disputa. Vai favorecer muito quem está no poder e quem tem muito recurso para a campanha.

Deputado estadual Ademir Bier (PSD): “O distritão é decretar a falência dos partidos no Brasil” (Foto: Maria Cristina Kunzler/OP)

 

Por Maria Cristina Kunzler/O Presente

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