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Política Operação Quadro Negro

Depoimento de delator compara viagens de Beto Richa à “farra dos guardanapos” de Sérgio Cabral

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O ex-diretor da Secretaria de Educação do Paraná Maurício Fanini entregou imagens das viagens em acordo de colaboração premiada (Foto: Divulgação)

O depoimento do ex-diretor da Secretaria de Educação do Paraná (Seed) Maurício Fanini, delator da Operação Quadro Negro, comparou fotos de viagens de luxo ao exterior do ex-governador Beto Richa (PSDB) com empresários ao episódio que ficou conhecido como a “farra dos guardanapos” do ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral.

São fotos de viagens ao Caribe e aos Estados Unidos, que fazem parte da proposta de acordo de colaboração assinada por Fanini com o MP na Operação Quadro Negro, que investiga desvios de R$ 20 milhões na construção e reforma de escolas estaduais.

Nas imagens, aparecem o ex-governador com um grupo de empresários, alguns com contratos milionários com o estado.

“Foto que deixaria envergonhado até o Sérgio Cabral. A foto do Cabral, aquela dos guardanapos, não diz nada perto dessa foto. Todo mundo brindando, dentro da piscina, é uma foto bastante emblemática” afirmou Fanini.

As viagens foram feitas em 2014. No depoimento, Fanini descreve o luxo delas.

“Era a fogueira das vaidades essas viagens, cada um querendo aparecer mais. O próprio Beto que alugou uma BMW conversível para usar em Miami. Vinhos, champanhes, uma vida de luxo mesmo”, disse o delator.

Na viagem a Aruba, no carnaval de 2014, Fanini afirmou à Justiça que quem bancou as despesas do então governador foi o empresário Eron Cunha, dono da construtora Empo. Na época, a empresa tinha contrato com o governo do estado.

“O Beto não pagava uma conta. Os restaurantes que íamos com as famílias o Eron pagava. Todas as despesas que eram referentes ao Beto ele que custeava. E tudo pago em dinheiro”, afirmou Fanini.

Em novembro de 2014, o grupo viajou de novo por vinte dias, desta vez para Miami e ilhas do Caribe.

O delator falou sobre um presente que, segundo Fanini, foi dado a Beto Richa pelo empresário Carlos Gusso, dono da empresa que fornecia marmitas para vários setores do governo.

“O Carlos Gusso acabou presenteando o Beto com um colete, que depois eu fui saber, é uma marca italiana Loro Piana, que eu nem conhecia e dizem que é a marca de roupa mais cara do mundo”, afirmou.

O presente descrito pelo ex-diretor da secretaria de Educação hoje custa em torno de R$ 8 mil. No mesmo depoimento, o delator destacou outra foto, tirada em um hotel de luxo em Miami Beach, onde as diárias variam de R$ 2 mil a R$ 14 mil.

“Nós estávamos na piscina dentro do Hotel Delano, todo mundo brindando com champanhe Dom Peringnon”, relatou.

A bebida citada por Fanini no brinde na piscina custa entre 500 e 1 mil dólares no hotel.

 

Farra dos guardanapos

O episódio que Fanini usou para comparar as viagens de Richa ficou conhecido como a “farra dos guardanapos” do ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral.

Na imagem de Cabral, o ex-governador do Rio de Janeiro aparece em um restaurante de luxo de Paris, em 2009, junto com empresários e secretários de governo.

Cabral foi preso por corrupção, condenado a mais de 100 anos de prisão.

 

Operação Quadro Negro

O ex-governador Beto Richa foi preso na terça-feira (19) no âmbito da Operação Quadro Negro.

Os promotores apontam Richa como chefe da organização criminosa que prejudicou a educação do estado.

De acordo com denúncia do MP-PR, o esquema era chefiado pelo então governador do Paraná, Beto Richa. Os promotores afirmam que o ex-governador era o comandante e principal beneficiário dos desvios.

A investigação que levou o ex-governador à cadeia foi baseada, entre outras provas, na delação premiada feita pelo ex-diretor da Secretaria de Educação do Paraná Maurício Fanini, preso desde 2017.

 

O que dizem os citados

A assessoria do empresário Carlos Henrique Gusso, um dos sócios da Risotolância, disse que ele e Beto Richa são amigos de longa data e moram no mesmo prédio há mais de 20 anos. E que, por conta dessa amizade, estiveram em Miami na companhia de outros amigos pessoais, cada um pagando suas próprias despesas. O empresário negou que tenha dado um colete a Richa.

A Empo, empresa do empresário Eron Cunha, informou que está em recuperação judicial desde 2016, e que não participou de nenhum processo de contratação de qualquer obra citada na Operação Quadro Negro, nem atuou nelas como contratante ou sub contratada. A empresa informou que nunca pagou nenhuma despesa do ex-governador e que está à disposição das autoridades para prestas esclarecimentos.

A defesa de Maurício Fanini afirmou que ele vai continuar colaborando com a Justiça.

 

Com RPC Curitiba 

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