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Política Entrevista ao O Presente

Durante visita a Marechal Rondon, secretário estadual fala sobre investimentos no município e na região

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Secretário de Estado da Infraestrutura e Logística, Sandro Alex, em visita ao Jornal O Presente, realizada quinta-feira (05), ocasião em que falou dos investimentos na região e no Paraná (Foto: Maria Cristina Kunzler/OP)

O secretário de Estado da Infraestrutura e Logística, Sandro Alex, percorreu municípios do Oeste do Paraná, na última quarta-feira (04) e quinta-feira (05), visando acompanhar de perto os investimentos que estão sendo realizados, manter contato com prefeitos e vereadores e, naturalmente, receber novas demandas.

Em Marechal Cândido Rondon, Sandro Alex visitou o Jornal O Presente, ocasião em que concedeu entrevista exclusiva para relatar algumas das obras que estão previstas, como em Guaíra e Marechal, além de outras e que devem transformar a região. Por outro lado, o chefe da pasta também mencionou o desafio em assumir uma Secretaria que foi alvo da Operação Lava Jato, na gestão passada, e, com isso, muitos contratos passaram a ser investigados. Confira.

 

O Presente (OP): Diante de todo investimento que está sendo realizado em Foz do Iguaçu, que é um polo turístico, de que forma é possível projetar a região para os próximos anos?

Sandro Alex (SA): Temos um volume de obras em Foz do Iguaçu que é espetacular. O governo Ratinho Junior tem hoje a maior parceria de infraestrutura com o governo federal no país. O maior volume de obras, disparado, é hoje no Estado do Paraná. Graças a um bom relacionamento do governador com o presidente (Jair Bolsonaro), o meu com o ministro (Tarcísio de Freitas, de Infraestrutura) e também com a presença da Itaipu. Buscamos uma solução para a construção da segunda ponte (Brasil-Paraguai), porque havia uma dúvida como seria construída. Propomos que o Estado poderia executar e, desta forma, foi firmada a parceria da construção da Ponte da Integração. Quando avançamos com a ponte a própria Itaipu e o governo federal nos disseram que seriam feitas mais obras neste formato. Perceberam que temos a expertise, começamos a tocar a obra da ponte e o governo federal nos procurou para outros investimentos. Um dos objetivos do governador Ratinho é a infraestrutura. Ele tem focado nisso e trabalhamos pela ampliação do aeroporto de Foz e a duplicação da Rodovia das Cataratas. Vamos tocar com recursos da Itaipu. Avançamos e já pensamos em novas obras.

 

OP: Os investimentos em Foz do Iguaçu devem trazer reflexos para a região de Marechal Rondon?

SA: Sempre. Hoje estamos com obras em todas as regiões, em todos os municípios, de pequeno, médio e grande porte em termos de infraestrutura. Foz do Iguaçu é referência na região e é o local onde tem o aeroporto, que tem demanda nacional e agora internacional. Haverá um ganho na região inteira com aeroporto internacional, sem restrições, que vai permitir pegar voos para a Europa e Estados Unidos, assim como vão receber pessoas da Europa e Estados Unidos, sem escala. Isso é fantástico não só para Foz do Iguaçu, mas para a região. Vamos ter um hub aqui. As pessoas não vão mais precisar ir para Guarulhos (SP) ou Galeão (RJ). Vão pegar os voos aqui. Também há a mobilidade internacional com a nova ponte, com a perimetral em Foz, o que ajuda muito no desenvolvimento regional. E estamos pensando em outras obras e que são importantes. Quando afirmamos que vamos duplicar a BR-277 de Foz do Iguaçu a Paranaguá, isso já está definido. Estará no próximo leilão das rodovias do Paraná. Não aceitaremos a modelagem sem duplicação. Isso é ponto pacífico. Vamos duplicar essa rodovia. E vamos começar as terceiras faixas. Estamos fazendo o Trevo Cataratas em Cascavel e iniciaremos as terceiras faixas até Guarapuava. São 13 trechos, principalmente na região de Guaraniaçu e Laranjeiras.

 

OP: O Governo do Estado implantou um programa de aviação regional, que possibilitou a ampliação dos voos e novas linhas aéreas, como em Guaíra. Mas com a pandemia houve uma paralisação geral. Como estão as perspectivas agora?

SA: Estamos retornando. As empresas estão ainda muito lentas, porque foi um impacto muito grande na aviação, não só regional, mas no país e no mundo. Estamos negociando a retomada destas empresas para os voos. Chegamos a ter a maior malha área regional do Brasil. Até fomos surpreendidos, porque Guaíra foi a cidade que teve o melhor desempenho do Voe Paraná, com maior número de voos com acentos ocupados. Foi uma cidade que precisava desta aviação, pois era uma demanda reprimida. Infelizmente veio a pandemia e a operação foi suspensa. A TwoFlex foi comprada pela Azul. Como a Azul não voltou a operar em nenhum lugar ainda, estamos negociando para que retome os voos o mais rápido possível. Algumas empresas retornaram alguns voos, mas dependemos do fim da pandemia para que seja possível restabelecer de forma concreta o programa, que foi um sucesso. Foi espetacular o ganho para a região Oeste em ter mais voos.

 

OP: A bancada federal do Paraná, deputados estaduais e lideranças cooperativistas da região têm demonstrado não ser favoráveis ao novo modelo de pedágio que o governo federal havia sugerido. É possível chegar em um entendimento até ano que vem, quando encerram os atuais contratos e haverá leilão?

SA: Acredito que sim, porque o ministro (Tarcísio) é uma pessoa extremamente ponderada e é técnico. Ele conhece o que está fazendo. Estamos debruçados sobre uma modelagem extremamente complexa, não é tão simples. O nosso modelo não é o mesmo de Santa Catarina e não deve ser o mesmo de Goiás e de outros Estados, que também tiveram feridas. O Paraná tem feridas abertas, mas o ministro nos disse que também existem feridas abertas em outros Estados e que não quer que aconteça no Paraná, por exemplo, o que ocorreu em Goiás. O governo federal fez uma modelagem somente pelo menor preço. O leilão foi um sucesso, teve uma redução muito grande na tarifa e todos comemoraram. No momento em que as obras tinham que acontecer não foram feitas. Aliás, algumas concessões foram devolvidas e algumas estão judicialmente sendo discutidas. E isso não é bom para o Paraná. Queremos uma tarifa justa e vamos ter uma tarifa bem menor que a atual, mas é necessário levar em conta o volume de obras. A bancada tem razão quando pede por um modelo ou defende uma discussão mais profunda. Tem razão, pois tivemos um sofrimento com o contrato malfeito e até criminoso no passado. Ninguém quer que se repita, mas é importante ouvir o que o governo federal tem falado dos outros Estados. Às vezes o modelo de Santa Catarina, que todos imaginam que poderia ser o adotado no Paraná, tem diferença. Santa Catarina é modelo de concessão em que não há investimentos, apenas a manutenção da BR-101.

 

OP: Qual o modelo que o senhor acredita que deve prevalecer e proporcione um consenso?

SA: Eu entendo que até é possível fazer o modelo híbrido como o ministro tem falado. Tenho conversado muito com ele e ainda estamos alterando a modelagem. Não está definida, até porque vai para consulta pública. A população vai participar. Vamos discutir com a população. Não será definido sem falar com a população, que terá acesso às informações para dar a palavra final. Vamos mostrar o volume de obras, quais são os investimentos e qual será o valor referência da tarifa. Claro que quanto mais obras, talvez menor o desconto; quanto menos obras, maior o desconto. Quem vai decidir isso? A população. Queremos duplicação, contornos, viadutos, trincheiras, qual o volume de obras que queremos? Maior volume de obras, menor o desconto. Desconto vai ter, mas queremos saber qual o percentual, pois estamos discutindo as obras. Não queremos apenas o menor preço, mas queremos o menor preço com a garantia das obras. Por isso o ministro tem falado de termos um modelo híbrido. Ele disse que vai pessoalmente participar das consultas, ouvir e dialogar com a população. Estamos conversando com a bancada e já avançamos bastante. Estamos com valores bem abaixo da tabela atual.

 

Secretário estadual Sandro Alex: “O recurso está garantido e o convênio assinado (remodelação do prolongamento da Avenida Rio Grande do Sul). Ao término do período eleitoral vamos fazer o decreto de municipalização e a ordem de serviço” (Foto: Maria Cristina Kunzler/OP)

 

OP: Bem abaixo quanto?

SA: Depende do lote, porque ainda estamos definindo quantos lotes teremos. O Anel de Integração foi ampliado. Saímos de 2,5 mil quilômetros para quatro mil quilômetros. Inicialmente, se falou em seis lotes e depois em oito, mas imaginamos sete. Isso está sendo fechado. Para cada lote tem um valor porque há um volume de obras. Em algumas regiões temos mais obras que em outras. Mas também temos pedágios que são extremamente excessivos, como da descida para o Litoral e no Norte do Paraná, próximo a Jacarezinho. Ainda estamos estudando lote por lote, modelo por modelo. Vamos ter um leilão transparente, com tarifa justa e realização de obras. O governador não abre mão destes três itens, por isso o leilão será feito na Bolsa de Valores. Tenho certeza que a redução vai acontecer e estamos prevendo o maior volume de obras do país: são R$ 70 bilhões.

 

OP: Guaíra é um município que sofreu muito após o fim das Sete Quedas, que tinha um enorme potencial turístico. O município durante muitos anos foi deixado de lado em termos de investimentos. O que o Governo do Estado tem proposto?

SA: Eu conheci a Sete Quedas. Tivemos áreas alagadas, mas certamente de todos os municípios Guaíra foi o que teve uma perda maior e irreparável. A população, ao longo dos anos, sempre clamou por investimentos que pudessem dar uma retomada de crescimento e na economia, pois Guaíra perdeu um turismo que era espetacular. Sentia o desejo da população, representada pelo prefeito Heraldo Trento, que gostaria de ver obras presentes, como a iluminação e reforma da Ponte Ayrton Senna, o contorno rodoviário, o modal ferroviário. Não foi uma coincidência, mas acho que foi uma providência. Acabaram-se abrindo as portas para que esses projetos pudessem sair do papel. Levamos isso para o governador e conversamos com a Itaipu Binacional. A Itaipu tem sido sensível com as obras do Oeste. Estamos com R$ 1 bilhão em obras. A Itaipu é parceira do Paraná nas grandes obras e elas estão fazendo a diferença. Em Guaíra, vamos assumir o projeto e licitar a obra da iluminação e adequação da ponte, pois é um cartão-postal e ficará linda novamente; e estamos tratando do contorno rodoviário, pois é uma injustiça o número de caminhões que passam pelo centro da cidade e precisam cruzar o Estado e o país. É impossível um município manter uma avenida.

 

OP: Quanto deve ser o investimento?

SA: Em torno de R$ 100 milhões nesse volume de obras. E também surgiu a possibilidade dos trilhos, porque o governador retomou o projeto da Ferroeste de Maracaju (MS) até Paranaguá, passando por Guaíra, que volta a ser uma cidade logística, forte em infraestrutura e com mobilidade, tanto na aviação, porque o Voe Paraná vai ser retomado no município com certeza, quanto no trilho da Ferroeste e nas obras rodoviárias. Será uma transformação. Temos o Salto del Guairá, mas teremos o ‘salto de Guaíra’, porque será uma transformação em investimentos. Isso tudo está confirmado.

 

OP: O governo Ratinho Junior herdou algumas obras da gestão passada que estão paralisadas, incluindo o Contorno Oeste em Marechal Rondon. Por que não foi possível ainda dar andamento?

SA: Antes de falarmos de um novo investimento, as pessoas podem perguntar por que o governo não toca uma obra que está licitada, que seria o Contorno Oeste. Não fazemos isso porque há uma demanda judicial. Não posso passar por cima de uma decisão da Justiça. Herdamos contratos e obras da gestão anterior, e não estou condenando porque teve o propósito de fazer a obra andar e fez o que estava ao alcance, mas em alguns casos esses processos foram judicializados. Houve questionamentos não só pelas empresas que participaram como, em outros casos, contestação do Ministério Público, do Tribunal de Contas e do Tribunal de Justiça. Eu herdei uma Secretaria na Lava Jato. Uma secretaria investigada, com problemas seríssimos de denúncias. O que aconteceu? Praticamente todos os contratos e convênios que estavam em andamento foram paralisados pelos órgãos de fiscalização e controle. Ficamos meses dialogando para que retomasse a credibilidade, o compliance. Tanto que as rodovias ficaram precárias. Ficamos com a PR-495 e a PR-497 (que liga Pato Bragado a São Miguel do Iguaçu) sem manutenção. Hoje que estamos começando a fazer a revitalização. Estava tudo parado e em investigação. Analisamos contrato por contrato, mas alguns foram judicializados e não podemos dar a ordem de serviço ou retomar essas obras. O Contorno Oeste é um dos casos e dependemos da velocidade do Poder Judiciário. Chegamos a pensar em encerrar todos os contratos e começar novamente, mas ainda confio na Justiça. Muitas vezes as pessoas criticam o governador, mas para a obra tem recurso, está contratada e tem autorização de execução, mas temos que seguir a Justiça.

 

OP: Foi assinado o convênio e autorização de licitação para a remodelação do prolongamento da Avenida Rio Grande do Sul?

SA: O investimento será realizado por meio de um convênio entre a Secretaria de Infraestrutura e foi feita uma parceria com o município e o deputado estadual Hussein Bakri. É uma obra importante para a mobilidade e o desenvolvimento de Marechal. Esse trecho precisa ser municipalizado e a Assembleia Legislativa já aprovou, mas devido ao período eleitoral não foi possível ainda assinar o decreto. Isso não vai impedir de já abrirmos a licitação. O convênio está assinado e vamos abrir o edital de contratação, porque o período eleitoral finda nos próximos dias. A licitação leva pelo menos 60 dias e, neste período, há condições de assegurar o decreto de municipalização.

 

OP: A obra está garantida?

SA: O recurso está garantido e assinado. Ao término do período eleitoral vamos fazer o decreto de municipalização e a ordem de serviço. Não vamos perder tempo.

 

 

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