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Política Entrevista ao O Presente

“Marechal Rondon precisa se adaptar para o futuro”, avalia Luciano Palagano

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Candidato a prefeito do PSOL de Marechal Rondon, Luciano Palagano: “Precisamos combater o pensamento único, seja de esquerda ou de direita. A necessidade da democracia é que precisa ser o único pensamento” (Foto: Maria Cristina Kunzler/OP)

O PSOL de Marechal Cândido Rondon decidiu, desde sua fundação, lançar candidaturas no município com o objetivo de possibilitar aos eleitores uma alternativa de voto.

Luciano Palagano disputa em 2020 sua 7ª eleição desde 2008, considerando os pleitos municipais e gerais. O candidato a prefeito defende que é dever da sigla apresentar uma proposta e um projeto diferente para o município.

Em visita ao Jornal O Presente, ele frisou que é preciso pensar Marechal Rondo para o futuro e acredita que a população deve ter maior participação nas decisões de governo. Confira.

 

O Presente (OP): Qual avaliação o senhor faz desta campanha eleitoral?

Luciano Palagano (LP): Foi uma campanha diferente. Devido à própria pandemia, nós, do PSOL, tomamos todos os cuidados possíveis. Não fizemos reuniões como costumávamos fazer e focamos na campanha on-line nas redes sociais. No último momento decidimos ir para as ruas, mas passando álcool em todo material antes de entregá-lo às pessoas. Então foi bem diferente neste sentido.

 

OP: Neste momento de fake news, o PSOL temia que pudessem chegar notícias falsas?

LP: Eu temia. Tinha receio de novos como o requentar de antigos. Já fui alvo de situações como essa e esse receio realmente existia. Mas com exceção de um ou outro comentário de pessoa desinformada, felizmente acho que não aconteceu, ou ao menos não chegou até mim.

 

OP: O PSOL em Marechal Rondon tem uma estrutura pequena, mas mesmo assim o partido tem lançado candidatura a prefeito ao longo dos anos. Por quê?

LP: Primeiro, porque acreditamos que é dever nosso, enquanto partido, apresentar uma proposta e um projeto diferente para Marechal Rondon. O fato de lançar candidatura própria, desde a fundação do partido, tem mais a ver com o fato de discordarmos dos projetos de sociedade, dos programas políticos apresentados ao longo de todos esses períodos, do que qualquer outra questão. A primeira questão é essa principalmente, mas isso faz parte da democracia e da divergência. O pensamento divergente precisa existir. Só a divergência que possibilita pluralidade política e é no crescimento desta pluralidade que conseguimos construir situações melhores. As candidaturas do PSOL sempre se apresentaram neste sentido: tem o projeto A, mas também tem o projeto B, e cabe à sociedade escolher um deles.

 

OP: Em algum momento houve conversa com outro partido visando formação de coligação?

LP: Neste pleito sim, mas acabou não se consolidando. Fizemos alguns diálogos com o PDT e o próprio PT, que depois decidiu ficar neutro no processo eleitoral. Não chegamos a um acordo ao programa a ser apresentado e, na defesa da democracia, decidimos cada um na sua própria chapa seguir o seu caminho.

 

OP: Na região o eleitor está muito voltado à direita e extrema-direita. Na sua opinião, há espaço para uma candidatura de esquerda?

LP: Eu acho que exatamente para quebrar esse extremismo é necessário ter candidaturas à esquerda, progressistas. Não é à toa que um dos lemas que estamos usando na nossa candidatura é de que é preciso ter coragem. Precisamos combater o pensamento único, seja de esquerda ou de direita. A necessidade da democracia é que precisa ser o único pensamento. A necessidade que é possível haver em uma sociedade pensamentos divergentes, programas políticos diferentes, que muitas vezes têm pontos de contato. Costumo dizer que não se faz política com o fígado, mas com a cabeça. Mas, infelizmente, nos últimos anos temos visto não só na nossa região, mas em nível nacional e até mundial, uma polarização extrema para um determinado setor, que tem feito as pessoas tomar decisões emocionais na política. E isso tem levado a situações perigosas.

 

OP: O senhor se considera um candidato de esquerda ou extrema-esquerda?

LP: Eu me considero de esquerda. Não me considero de extrema-esquerda, porque assim como a extrema-direita, acho que política não é credo, apesar de alguns confundirem e até usarem como lema, mas política é racionalidade. Tem que ter muito mais da ciência na política do que na religião, inclusive no próprio fazer política. Eu me alinho com diversos programas, projetos e formas de pensar a sociedade que se alinham à esquerda, que vem da Revolução Francesa, do que com a direita. Mas, como falei, existem pontos de contato.

 

OP: Se eleito, qual investimento ou projeto que considera essencial para que seja implantado logo no início do governo?

LP: Marechal Rondon precisa se adaptar para o futuro. Temos uma vocação chamada de agrícola, no entanto, esse processo precisa se adaptar ao futuro. Em nível mundial, vários países já estão deixando de consumir produtos com excessivo uso de agrotóxicos. A Alemanha, por exemplo, quer banir o glifosato até 2023 no seu território. Qual o futuro da agricultura? É a agricultura orgânica. Porém, temos pleno conhecimento que é difícil. O que propomos é criar um programa, um departamento no município, para orientar agricultores que queiram fazer a transição agroecológica. Orientar tanto no sentido técnico como estimular políticas de fomento para que isso aconteça e o agricultor, no período de transição, que é o mais complicado, consiga enfrentar e depois seguir adiante. Na Unioeste temos um curso de Desenvolvimento Rural Sustentável em Marechal Cândido Rondon e diversas pessoas qualificadas. É preciso haver mais diálogo entre as estruturas governamentais. A prefeitura quase não senta com a Unioeste para conversar. E produzimos muitas coisas na Unioeste que não chegam à população porque não tem diálogo entre as estruturas. Essa é uma das primeiras políticas que implementaríamos. A segunda é mudar o formato de governo na questão de gestão. Estamos propondo maior participação popular com a implementação do orçamento participativo. Não é só fazer audiências para discutir o orçamento municipal, mas possibilitar à população que ela delibere sobre o recurso. Chamar a população a também decidir sobre o uso do dinheiro público.

 

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