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Política Entrevista ao O Presente

“O PSD não tem perfil sindicalista”, declara Roman sobre indicação de Wilson Moraes

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Deputado federal Evandro Rogério Roman (PSD): “Avalio a possibilidade de ir para o Democratas, assim como tenho convite muito grande do Cidadania (antigo PPS), do PTB e do Podemos. No entanto, existe ainda a possibilidade de assumir o Patriota, que é um partido novo e poderia ter o comando estadual” (Foto: Maria Cristina Kunzler/OP)

 

O deputado federal Evandro Rogério Roman (PSD) foi uma das autoridades que prestigiou a Expo Rondon, festa que marcou os 59 anos de Marechal Cândido Rondon, realizada entre a última quinta-feira (25) e domingo (28).

Durante sua passagem pelo município, o parlamentar concedeu entrevista ao Jornal O Presente, ocasião em que comentou sobre a indicação por parte de lideranças locais do PSD pela pré-candidatura a prefeito do sindicalista Wilson Moraes. Roman reforçou que a sigla é de centro-direita e exemplificou a escolha: “É como tentar misturar a água com o óleo. É impossível”, afirmou.

O parlamentar revelou ainda que existe a possibilidade de sair do PSD para migrar para outra agremiação, como Democratas, ou até mesmo assumir o Patriota. Por outro lado, o deputado diz que recente declaração polêmica do presidente Jair Bolsonaro (PSL) pode causar um entrave na Câmara pela aprovação em segundo turno da reforma da Previdência. Confira.

 

O Presente (OP): O PSD de Marechal Cândido Rondon possui hoje três alas: uma do senhor, outra do ex-deputado estadual Ademir Bier e uma terceira do vereador Ronaldo Pohl. Afinal, o PSD fica com quem no município?

Evandro Roman (ER): Primeiramente, o meu grupo político em Marechal Cândido Rondon é muito claro e direto ligado ao prefeito Marcio Rauber (DEM) e ao deputado estadual Elio Rusch (DEM). Existe um impasse em relação ao PSD, que é o meu partido e também o partido do diretor da Copahar, o Ademir Bier. Não fizemos nenhuma reunião até agora dentro da executiva estadual, cujo presidente é o governador Ratinho Junior, para traçar se serão mantidas as regras do mais votado. Se não for o mais votado, qual será o critério? É isso que estamos aguardando. Como pessoas maduras dentro da estrutura, vai ter diálogo em determinado momento. Encontrei o Ademir e combinamos de conversar (o encontro seria no último fim de semana). Em determinado momento terei que fazer a seguinte análise: convém permanecer no PSD sem briga ou buscar um novo caminho. E isso é natural, porque a política tem esse dinamismo e é muito maduro da minha parte. Tenho conversado com o governador sobre esses posicionamentos. Ele vê que tratam-se de projetos pessoais diretamente ligados a mim, mas temos que ver quais serão os caminhos que vamos traçar em Marechal Cândido Rondon. Não estou fugindo da pergunta, mas não sabemos quais as regras que a executiva estadual vai definir, porque ela não se reuniu neste ano para dizer se serão mantidas as regras do ano passado. Se forem as regras do ano passado, o deputado mais votado tem o mando do partido. Foi o Ademir, então consequentemente ficaria com ele. Se isso ocorrer vai me forçar a buscar outro caminho.

 

OP: O senhor vê essa possibilidade então?

ER: Total.

 

OP: O senhor se sente desconfortável hoje no PSD?

ER: Acredito que a palavra não seja desconforto, porque só fiz amigos no PSD e foi o partido que me abriu as portas por vários momentos. Acho que consigo crescer mais tendo um comando em outra situação. Eu tenho essa máxima e talvez a inspiração seja da minha vida de árbitro. Não é sobre mandar, mas estar em situações em que não posso me movimentar não me sinto bem. Hoje, no PSD, em alguns locais estou me sentindo assim. Se isso perdurar provavelmente venho a mudar de partido.

 

OP: O senhor já declarou que pretendia se filiar ao Democratas. O partido pode ser o novo caminho?

ER: O PSD foi meu primeiro partido político. Avalio a possibilidade de ir para o Democratas, assim como tenho convite muito grande do Cidadania (antigo PPS), do PTB e do Podemos. No entanto, existe ainda a possibilidade de assumir o Patriota, que é um partido novo e poderia ter o comando estadual. Isso está sendo analisado. Porém, sem ter um posicionamento do PSD pode ter certeza que não tomarei nenhuma decisão, pois minha vontade é ficar. No entanto, precisamos entender quais serão as regras. E mesmo se sair, será apertando a mão e olhando no olho, até porque o critério de vida que adotei é manter as portas sempre abertas para sair, porque poderá um dia ser uma porta para voltar.

 

OP: O senhor mencionou que tem conversado com o governador. O que ele sinaliza a respeito de uma possível saída sua do PSD?

ER: Tenho conversado muito com ele. O Ratinho tem entendido que se chegar em um determinado momento que inviabilizar por uma quantidade maior de municípios, realmente pode ser uma saída. Claro que ele não gostaria, pois perde um deputado federal, mas o governador tem esse entendimento de que realmente pode ser uma alternativa e, em primeiro lugar, respeitando um projeto pessoal. O Ratinho é um homem muito humano e tem sabedoria, até porque na construção da vida dele, para chegar ao governo, passou por inúmeros partidos. Então ele sabe que até se encaixar em um leva um tempo. Estou até hoje no meu primeiro partido, que é o PSD.

 

OP: Em recente encontro político, o ex-vereador e ex-secretário Luiz Carlos Cardozo foi anunciado como novo presidente do PSD rondonense. O senhor mencionou que a executiva estadual não se reuniu ainda para tratar sobre as comissões provisórias após as dissoluções. Afinal, como está essa situação?

ER: Foi anunciado e pode até ser que se confirme com o tempo, mas eu sou da executiva do PSD e hoje garanto com todas as letras que não teve, em nenhum momento, alguma reunião que extinguisse todas as antigas comissões e criasse novas. Hoje não há uma provisória sequer aprovada, porque isso passa pela executiva. Poderá ser o Cardozo? Poderá, pois não sei quais serão os critérios do partido, mas hoje eu poderia dizer que no momento foi leviano afirmar, porque não é nada certo.

 

OP: Neste mesmo encontro o PSD fez a indicação do sindicalista Wilson Moraes como pré-candidato a prefeito pelo partido. O único vereador da sigla no município, Ronaldo Pohl, criticou duramente essa escolha por ir contra a ideologia partidária. E como o senhor avalia essa escolha?

ER: O PSD não tem perfil sindicalista, seja patronal ou laboral. O PSD é um partido de centro-direita. Não o conheço e não quero entrar em um julgamento prévio, unicamente só por ser sindicalista. Só por este ponto diria que vai contra todas as designações partidárias. É como tentar misturar a água com o óleo. É impossível. Mas quero deixar claro que meu compromisso é 100% cravado, independente de qualquer partido, com a reeleição do prefeito Marcio Rauber. Este é o meu compromisso e com este grupo que hoje está (na prefeitura). Então independente de qualquer linha partidária, é o meu compromisso. Mas surpreende realmente saber que um sindicalista hoje é indicado como pré-candidato. Sabemos de todo trabalho que houve para fazer sindicatos perderem a sua força em relação ao Brasil, porque eles mandavam no país. Acabou aquele financiamento para levar centenas ou milhares de pessoas a Curitiba ou Brasília, pagando diárias, para fazer protestos que, muitas vezes, nem sabiam do que se tratava. Eram massas de manobra em mão de sindicato. Portanto, realmente me preocupa muito ter um sindicalista à frente de uma posição como essa, mas volto a dizer que nada ainda está definido, pois não houve reunião da executiva estadual.

 

OP: Ano que vem haverá eleição municipal. O senhor pretende disputar a Prefeitura de Cascavel?

ER: Já está claro que irei disputar a eleição. Eu tenho a necessidade de mostrar para o município de Cascavel a quantidade de recursos que levei para lá, até porque o prefeito que tinha esse compromisso não mostrou para a sociedade. Vou com muita tranquilidade, espírito desarmado e estruturas propositivas, mas sei que hoje a situação está polarizada entre dois pré-candidatos. Não vou abrir mão do direito de disputar a eleição para que a sociedade possa conhecer o trabalho destes quase R$ 200 milhões em recursos que o deputado Roman levou a Cascavel em quatro anos.

 

OP: A Câmara dos Deputados se dedicou no primeiro semestre do ano quase que exclusivamente à reforma da Previdência. A votação do segundo turno ficou para o início de agosto. O senhor acha que o recesso pode atrapalhar o governo no sentido de eventualmente perder votos para aprovar a matéria em definitivo?

ER: O recesso em si não, mas faço parte de diversos grupos em Brasília, os quais possuem cada um dezenas de deputados, como da bancada do PSD, da bancada da FPA (Frente Parlamentar da Agropecuária), do Comércio, enfim. A frase que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) fez de forma pejorativa chamando os governadores do Nordeste de “paraíba” pode atrapalhar (a votação). O Bolsonaro é o meu presidente, votei nele, o apoiei na campanha, mas não posso negar que isso está prejudicando muito, tanto que nos grupos está havendo ordens de governadores para que a base aliada não vote mais no segundo turno. Diria que o recesso não atrapalha, mas o que atrapalhou foi a fala do presidente em um sentido ofensivo e discriminatório. Não adianta dizer que foi em tom de brincadeira, porque os preconceitos são feitos em tom de brincadeira. Só tem uma forma de resolver isso: é pedir desculpa. No entanto, para isso é necessário ter humildade. Se o presidente não pedir desculpa acredito que teremos dificuldade, sim.

 

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Deputado Evandro Roman: “Surpreende realmente saber que um sindicalista hoje é indicado como pré-candidato. Sabemos de todo trabalho que houve para fazer sindicatos perderem a sua força em relação ao Brasil, porque eles mandavam no país” (Foto: Maria Cristina Kunzler/OP)

 

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