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Política Entrevista ao O Presente

“Se eu pedi voto para ser vereador, serei vereador”, ressalta Gordinho do Suco

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Vereador reeleito Cleiton Freitag (Gordinho do Suco) (DEM): “O Gordinho é pré-candidato a deputado? Eu não sei. A gente não sabe o dia de amanhã” (Foto: Ana Paula Wilmsen/OP)

Um dos mais populares vereadores de Marechal Cândido Rondon, Cleiton Freitag (Gordinho do Suco) (DEM) garantiu, no último dia 15, mais um mandato no Poder Legislativo rondonense. Embora a votação tenha caído em relação a 2016, quando foi o mais votado ao alcançar 1.773 sufrágios – contra 1.293 votos desta vez, o democrata diz que carrega sentimento de gratidão por ter conquistado a cadeira na Casa de Leis. “Fui vereador suplente e digo que vereador suplente não manda nem na casa dele”, desabafou.

Em entrevista ao Jornal O Presente, Gordinho do Suco falou ainda sobre a votação expressiva do prefeito reeleito Marcio Rauber (DEM) e a respeito da futura eleição da mesa diretiva na Câmara. Confira.

 

O Presente (OP): Na eleição passada o senhor foi o candidato a vereador mais votado, com 1.773 votos. Desta vez alcançou 1.293 votos. Esperava fazer mais?

Cleiton Freitag (CF): Tenho que ser verdadeiro. Quando começou a campanha esperava fazer a mesma quantidade de votos da vez passada. Durante a campanha a gente andava muito e diziam “fulano esteve aqui”, “ciclano esteve aqui”, “Gordinho, você já está eleito”, “Gordinho, você vai ser o mais votado”. Na reta final aconteceram muitas coisas de “Gordinho e Pedro Rauber (DEM) serem os mais votados”, “Gordinho eleito e Pedro Rauber eleito, e eu também preciso me eleger”. A gente sabe que aconteceu isso, mas é o jogo da política. O importante é estar lá dentro, ser eleito, ter diploma. Fui vereador suplente e digo que vereador suplente não manda nem na casa dele. Quando era suplente convivi muito sob pressão. Eu pedia todo dia a Deus que não queria ser suplente, queria ser vereador eleito, com diploma. Estou muito feliz. O Gordinho fez voto no sapato. Eu sou vereador eleito de Marechal Rondon e sou vereador dos 60 mil habitantes, não dos 1.293.

 

OP: Esse discurso de “não precisa votar nele, ele está eleito” atrapalhou?

CF: Eu acho que sim, porque todo mundo falava que do Democratas o Pedro e o Gordinho estavam eleitos, e aí o restante o que acontece? Batem muito, se eles já estão eleitos vamos dividir, um voto aqui, outro ali. Ocorreram algumas coisas nessa campanha que na hora você não se toca, mas aconteceram e não é nem por maldade.

 

OP: Foi diferente fazer essa campanha devido à pandemia? O distanciamento social prejudicou ou o senhor conseguiu fazer visitas?

CF: Essa foi uma campanha muito boa. A gente encontrava algumas pessoas de maior idade, passava entregando o santinho, mas foi uma campanha nunca vista antes. Antes fazia uma reunião com quase 50 pessoas. Desta vez, íamos nas empresas e as pessoas diziam estar cuidando devido à pandemia. Algumas empresas não deixaram visitar, mas não só um candidato, não abriram para ninguém pelo cuidado. O gostoso é cumprimentar a pessoa, olhar no olho. Acho que isso não tem preço. Um pouco a pandemia atrapalhou, mas, por outro lado, sabíamos que faríamos mais visitas, já que não tinha como fazer reuniões.

 

OP: A cada eleição surgem novos candidatos e os eleitores, muitas vezes, querem mudar, apostar em novos rostos. Qual a sua estratégia para manter o seu eleitor fiel?

CF: Eu sempre falo o seguinte: sou muito grato por pessoas que dizem que desde que sou candidato não votam em outros, votam em mim. Por quê? Porque a gente faz política nos quatro anos do mandato. A política é de quatro anos. Uma pessoa me falou “Gordinho, você tem que trabalhar, mas não trabalhar muito, porque você trabalha demais”. Outras pessoas acharam que eu seria candidato a prefeito dessa vez, mas eu sou grato. Nós temos uma coisa muito boa que é quebrar o gelo. As pessoas falam que o vereador só esteve lá durante a pré-eleição, já o Gordinho esteve aqui na pré-eleição, passou também só para dar um abraço, dizer para contar comigo. O número do meu telefone é o mesmo desde que eu vendia suco. Muitos candidatos e vereadores trocam de telefone depois da eleição. Eu não. Essas são as diferenças. Durante quatro anos as pessoas queriam falar comigo e eu sempre fazia atendimento na Câmara de Vereadores. Não somos de nos esconder e esse é o nosso diferencial. Por isso saímos na frente. Dinheiro nós não temos, temos amigos.

 

OP: O senhor é muito conhecido como uma pessoa do povo, que percorre o município dia e noite e não somente em tempos de eleição, quando precisa de voto. Da onde vem tanta disposição?

CF: Eu acho que, primeiramente, é Deus, porque se você não tiver Deus acima de tudo, orar, pedir sabedoria, força de vontade, não tem como. Tem dias que é desgastante. É cansativo. Tem coisas que às vezes as pessoas pedem e não temos condições de atender. Há pessoas que pedem algumas coisas que não existem. Eu falei muito na campanha que o caráter não tem preço. Quanto vale o seu caráter? A gente vê muitas pessoas trocando voto por coisas, é difícil. O gasto psicológico de uma campanha é maior que o físico. As pessoas conhecem a gente e sabem que só ganhei a eleição pelo povo de Rondon. O que me dá força são essas pessoas.

 

Vereador reeleito de Marechal Rondon, Cleiton Freitag (Gordinho do Suco) (DEM): “Hoje o presidente da Câmara tem que ser do Democratas, porque não podemos deixar acontecer como aconteceu na eleição passada” (Foto: Ana Paula Wilmsen/OP)

 

OP: A atual legislatura foi uma das conturbadas da história de Marechal Rondon. Como o senhor imagina que será o clima no novo mandato?

CF: Pelo que eu tenho visto até o momento acredito que vai ser uma Câmara diferenciada, muitos jovens e pessoas com vontade de trabalhar. Gosto e quero isso, porque íamos em alguns lugares e as pessoas falavam que a Câmara estava bagunçada, com picuinhas pessoais. Lá não tem porque ficar atacando a vida pessoal do outro. É preciso pensar na população e, acima de tudo, em Marechal Rondon. As pessoas estão vendo hoje. Tem muitos vereadores que acham que não, mas as pessoas estão vendo a atitude do vereador, vendo ele atacar outras pessoas. A gente não foi eleito para isso, fomos eleitos para o bem da população. Tivemos alguns projetos de lei que os vereadores se atacaram. Aconteceram episódios e a população não gosta disso. Muitas pessoas falaram no começo que teria um ou dois vereadores que não seriam reeleitos. Mas por quê? Porque alguns vereadores plantaram isso, mexendo na família dos outros, brigas, palavrões na tribuna, e isso não foi bom. Paramos de produzir, ficamos um ano sem produzir, porque começaram as CPIs (comissões parlamentares de inquérito), ataques pessoais e a população pagando o preço.

 

OP: Qual análise o senhor faz dos resultados do seu partido nas urnas, com a eleição da maioria na nova composição da Câmara e dos mais votados, e em relação à majoritária, com a reeleição do prefeito Marcio Rauber?

CF: Quero parabenizar o vereador (Josoé) Pedralli (MDB) que foi candidato a prefeito, mas quando a gente tem um projeto, precisa pensar em união. O MDB sempre foi um partido histórico em Rondon. Então, teve um candidato. Os vereadores ajudam muito, são bons de boca. Chegava nas casas e as pessoas pediam quem era o meu candidato prefeito, e eu já falava no professor Rauber. O prefeito refez o Anel Viário, forneceu uniforme às crianças. As mães têm seus filhos aqui. Antigamente, uma mãe colocou na certidão de nascimento a BR-163. Imagina uma mãe falando que o filho nasceu na BR-163? Então o prefeito fez todos esses investimentos. Olha o quanto de asfalto que o prefeito fez e nenhuma inauguração. O Marcio é um cara diferenciado. As pessoas podem olhar onde está sendo investido o dinheiro do imposto. O ruim é quando você paga, mas nunca vê onde está. Então esse governo foi bom.

 

OP: Se o prefeito lhe chamasse para fazer parte de uma secretaria, o senhor aceitaria?

CF: Quando eu bati na porta dos meus eleitores, fui pedir voto para ser vereador. É a minha opinião: se eu fui na casa pedir o voto e no dia 1º de janeiro assumo uma secretaria, eu já traí o eleitor. Eu não sou merecedor daquele voto naqueles quatro anos, porque eu traí. Se eu pedi para ser vereador, serei vereador. Eu tive um convite do prefeito Marcio para ser secretário de Governo (nesta gestão). Disse que agradecia de coração, mas não fui. Eu fui eleito, tinha feito 1.773 votos para ser vereador. Com que cara eu vou chegar na casa da pessoa pedir voto para vereador se fui secretário? Então eu não admito e acho que é traição ao eleitor. Portanto, o Gordinho do Suco é da Câmara de Vereadores sendo vereador.

 

OP: Em relação à presidência da Câmara, o Democratas já se reuniu para discutir o assunto? O senhor pretende disputar a eleição?

CF: Não nos reunimos ainda. Acho que (o presidente) deve ser um do Democratas, já que é o partido com mais cadeiras na Câmara. Temos que ouvir o prefeito Marcio. Não é que eu tenha me arrependido de ter votado no vereador Claudinho (Claudio Köhler, PP), mas acho que lá atrás (2018) o prefeito deixou todos os vereadores livres e acabamos escolhendo o Claudinho. Ele fez uma boa gestão. Hoje o presidente da Câmara tem que ser do Democratas, porque não podemos deixar acontecer como aconteceu na eleição passada, quando alguns vereadores de oposição pegaram algumas comissões e barravam o trabalho do prefeito. Aconteceram situações bem complicadas. Eu acredito hoje que se o prefeito não tivesse dado a Secretaria (de Agricultura e Política Ambiental) para o (vereador) Adriano Backes (DEM), ele teria sido cassado, porque o pessoal queria cassar o prefeito. Lembro quando alguns vereadores de oposição vieram conversar e eu falei que era um tiro no pé, porque o prefeito estava fazendo um trabalho excelente. Quando o Adriano aceitou ser secretário, o grupo chamado G8 já foi. Do grupo do G8 só ficou o G1, porque ali foi só um mesmo que teve. Eu acho que o prefeito tem, sim, que se envolver na eleição da Câmara, porque é pelo bem do município. Se o grupo quiser que o Gordinho do Suco seja, eu vou ser. Se o grupo achar melhor outro, pode ser. Eu só acredito que deve ser do Democratas, porque não adianta fazer seis e colocar outro. Também acho que tem que ser gente nova. Acredito que todo mundo tem que ter oportunidade.

 

OP: Quais são as suas projeções políticas para o futuro? O que o senhor alinha para os próximos anos?

CF: A gente tem analisado muitas coisas. O Gordinho é pré-candidato a deputado? Eu não sei. A gente não sabe o dia de amanhã. Com essa saída do Elio (Rusch, DEM) abriu um leque muito grande na região Oeste e a gente tem um trabalho muito bom de Foz do Iguaçu a Guaíra, até Curitiba. Além disso, muitos vereadores estão descontentes com alguns deputados estaduais e federais, porque eles vêm, as pessoas fazem as campanhas e depois não voltam mais. Então esse grupo (de vereadores) tem crescido muito no Paraná inteiro e queremos eleger um deputado estadual que seja vereador, para que ajude os vereadores com as demandas. O pessoal quer se reunir em Curitiba em fevereiro para tomar algumas pautas, então, o que posso falar hoje? Eu, primeiramente, tenho que pensar, pois fui eleito vereador e preciso me ocupar com essa função. Há muita coisa a se pensar, mas a gente tem vontade.

 

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