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Esportes "Vou de bike ao Litoral"

Após pedalarem 1.019 km até Florianópolis, rondonenses pensam em novo desafio

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Fotos: Divulgação/Arquivo pessoal

 

Qual o tamanho do seu sonho e da sua determinação para realizá-lo? Os ciclistas Sérgio Mokfa, Paul Lírio Berwig (Lírio) e Marcelo Garcia se prepararam durante meses para o ousado propósito de pedalar de Marechal Cândido Rondon até Florianópolis (SC). O projeto foi denominado de Vou de bike ao Litoral.

Após inúmeros treinos os três partiram no último dia 25 do portal de entrada de Marechal Rondon até a Capital catarinense. A aventura durou sete dias com paradas em inúmeras cidades e média de 145 quilômetros de pedal por dia. A chegada ao destino foi na tarde de sexta-feira (31). “Além de inédito, o desafio pode ser descrito como uma experiência incrível”, afirmam eles.

A cada dia um desafio diferente, e nem a chuva e o frio fizeram os três desanimar, tanto que a todo momento o desejo de completar o objetivo ficava mais forte. No entanto, eles passaram por momentos de superação em virtude do cansaço corporal, da fome, sede e do fator tempo, além de trajetos com alto grau de dificuldade, a exemplo de terrenos elevados.

Em entrevista ao O Presente, Sérgio lembra que no primeiro dia havia expectativa sobre como seria o desafio e era preciso os ciclistas se acostumarem com a bagagem, composta por uniforme reserva, roupa para o frio, calçado, bermuda, mantimentos como barra de cereal, chocolate, água, água de coco e suco.

O ciclista Marcelo conta que os dias mais difíceis foram os chuvosos, porque as roupas ficavam sujas. “Ao chegar no hotel pedíamos se tinha centrífuga para secar e se havia quarto. A nossa preocupação era a roupa estar seca e limpa para o outro dia, então muitas vezes penduramos no ventilador ou deixamos perto do ar-condicionado”, relembra.

Quanto aos números, cada um pedalou 1.019,83 quilômetros de mountain bike, sendo que a altimetria foi de 11.480 metros para todo o percurso. Sérgio queimou 39.819 calorias, Marcelo 30.965 e Lírio pouco mais de 20 mil calorias.

 

DIFICULDADE

Embora muitas pessoas pensem que o frio seja um empecilho, Lírio salienta que a chuva é o maior “vilão” de quem se aventura a um passeio como este. “A maior dificuldade foi a chuva e consequentemente o frio, tanto que um dia eu tive início de hipotermia, mas graças a Deus melhorei logo e tudo ocorreu bem no passeio. O segundo dia foi tenso no percurso de Guaraniaçu a Guarapuava, devido ao constante sobe e desce, sendo que três subidas somaram 14 quilômetros, cujo esforço para subir nos deixava com calor, mas na descida a temperatura caía. Agora o trajeto mais difícil foi de Irati a Curitiba, porque chovia muito e constante, o que diminuía a visibilidade por causa da água”, relata.

No segundo dia os ciclistas chegaram ao hotel onde pernoitaram, em Guarapuava, por volta das 21 horas, pois pedalaram noite adentro. Teve dia em que entraram no hotel às 20 horas, mas em outros dias a média de entrada era às 18h30.

A jornada percorrida por eles era de oito horas de pedalada por dia, sendo que Sérgio e Marcelo dormiam de 04h30 a cinco horas por noite, ao passo em que Lírio conseguia descansar sete horas por noite. Eles despertavam às 06 horas ou 06h30, arrumavam os apetrechos, tomavam café da manhã e reiniciavam o desafio.

 

RISCOS

Lírio recomendou aos amigos e assim os três pedalaram no sentido da via de trânsito que ocupavam, uma vez que poderia soltar um pedaço de lona de freio, parte de pneu de caminhão, o que evita impacto até mesmo de vento quando pedala na mão certa.

Um dos perigos que os ciclistas enfrentaram foi na parte das terceiras faixas que não tinham acostamento. “Você anda praticamente na linha, então de dia o motorista tem boa visão, mas à noite fica perigoso. Como hoje o motorista respeita o ciclista, então o risco diminuiu. O trecho de maior perigo foi entre Guarapuava e Prudentópolis”, expõe Lírio.

Marcelo tomou um susto em Santa Catarina, porque um pedaço de lona de freio quebrou e passou três metros à frente dele.

 

PARADAS

A cada média de uma ou duas horas, o que representava 20 ou 40 quilômetros pedalados, era registrada parada para tomar água, se alimentar, antes mesmo de sentir fome, e um breve descanso, mas coisa rápida. “Comíamos barra de cereal, chocolate, tomávamos água, gatorade, e no caso de algumas paradas fazíamos lanche, comíamos pizza, além do almoço e do jantar ficarem à base de salada, macarrão e pouca carne. Não é aconselhável ingerir carne porque um desafio assim precisa de alimentos que facilitem a digestão”, dizem os três.

Logicamente aconteciam imprevistos, como pneus furados. Conforme eles, Sérgio foi recordista em pneus furados, com oito em toda viagem, depois veio Lírio com seis, porém com oito trocas, e Marcelo com quatro pneus furados que foram trocados.

No sexto dia, quando pedalaram de Pirabeirada, distrito de Joinville, a Itapema, foi necessário comprar câmaras e remendos, além de pastilhas de freio em virtude do desgaste com água e areia.

Segundo eles, um dia os pneus das bicicletas de todos furaram, então todas as câmaras e remendos foram utilizados. “Para mim o pneu furou de novo, então o Lírio encheu o pneu três ou quatro vezes até que chegamos a uma borracharia, onde o pneu foi consertado. Essa era a única opção, mas já estava escuro e não queríamos pedalar à noite. Isso aconteceu na Serra do Boi, um pouco antes de chegar a Itapema”, relata Sérgio.

Lírio comenta que não sentiu cansaço ao longo da aventura por pedalar com frequência e por já ter participado de muitas competições. Sérgio diz que quando não estava 100% parava e se alimentava antes de sentir fome, assim o rendimento voltava ao normal. Já Marcelo menciona que sentiu bastante cansaço no último dia, no percurso de volta de Florianópolis a Itapema em virtude de dor no joelho.

 

MOMENTOS

Em relação aos momentos vividos, Lírio destaca que o bacana de ter viajado de bicicleta foi a possibilidade do contato com a natureza, porque eles viram paisagens que não se enxerga de carro ou ônibus. “Para mim foi emocionante descer a serra até Itapema pela segunda vez, porém ao lado do Sérgio e do Marcelo foi possível observar locais belos, paisagens e coisas simples como ver a água do rio descer no meio da montanha. A minha maior emoção foi descer a serra de Curitiba a Santa Catarina e registrar esses momentos”, revela.

Sérgio avalia que o desafio foi marcante e inesquecível. “Ganhamos aprendizado com esta viagem e se possível podemos fazer outra, desta vez com mais experiência”, enaltece.

 

CHEGADA

A saída de Meia Praia, Itapema, foi na manhã de sábado (1º), quando partiram de ônibus a Curitiba. Da Capital paranaense os três amigos embarcaram em outro ônibus rumo a Toledo, e de lá foram trazidos por suas esposas a Marechal Rondon.

As bicicletas foram desmontadas e vieram dentro de caixas e já passam por revisão para limpeza de equipamentos visando futuras pedaladas, independente da distância.

De volta à cidade onde residem, os três revelam ter planos futuros. Lírio tem prazo de um ano e meio para pedalar de Marechal Rondon a São Paulo (SP), o que compreende em torno de mil quilômetros, para cumprir um compromisso com um sobrinho.

Marcelo e Sérgio, por sua vez, podem se aventurar a pedalar 1,4 mil quilômetros de Marechal Rondon a Buenos Aires, na Argentina. “Ainda não está definido. Trata-se apenas de uma ideia”, dizem.

 

PARCERIA

O ousado passeio contou com patrocínio das empresas Real Lacto, O Presente, Editora Amigos, Associação Rondonense de Ciclismo (ARC), Bicicletaria Lírio, GQA Elétricos e Hidráulicos e Cercar. Para o desafio, o grupo confeccionou camiseta específica. Os patrocínios pagaram as camisetas, a despesa da viagem e a logística da volta, que foi de ônibus.

 

NÚMEROS DO PERCURSO

1º dia (sábado, 25 de maio)

Marechal Rondon a Guaraniaçu

149,47 km 1.678 metros 7h34min58 19,7 km/hora

 

2º dia (domingo, 26)

Guaraniaçu a Guarapuava

176,01 km 2.588 metros 10h02min57 17,5 km/hora

 

3º dia (segunda, 27)

Guarapuava a Irati

108,87 km 1.296 metros 5h54min51 18,4 km/hora

 

4º dia (terça, 28)

Irati a Curitiba

155,72 km 2.086 metros 9h15min34 16,8 km/hora

 

5º dia (quarta, 29)

Curitiba a Pirabeiraba (Joinville)

112,81 km 837 metros 5h25min34 20,8 km/hora

 

6º dia (quinta, 30)

Pirabeiraba (Joinville) a Meia Praia (Itapema)

130,05 km 726 metros 6h52min21 18,9 km/hora

 

7º dia (sexta, 31)

Meia Praia (Itapema) a Florianópolis (ida e volta)

171,64 km 1.147 metros 8h27min04 20,3 km/hora

 

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