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Suspensão do ciclo de canoagem em Entre Rios do Oeste gera polêmica

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A recente decisão do governo de Entre Rios do Oeste de suspender o ciclo da canoagem no município fez com que cidadãos, até de outras cidades, emitissem inúmeros comentários de desaprovação pela rede social Facebook nesta semana, criando uma polêmica em torno do assunto. O principal afetado com a medida é o atleta Fabionei Rauber, medalhista nos Campeonatos Brasileiro, Pan-Americano e Sul-Americano de Canoagem Velocidade e Maratona, esta última a categoria pela qual disputa com maior frequência. Inclusive, ele embarcaria nesta semana a Brasília (DF) para participar do Campeonato Brasileiro de Canoagem Maratona – que acontece de hoje (26) a domingo (28) -, mas, devido à suspensão do apoio por parte da prefeitura, não foi à competição.

 

Notoriedade

A canoagem viveu um período de notoriedade em Entre Rios do Oeste na década passada, o qual durou aproximadamente quatro anos, depois ficou sem ser referência, até o retorno no ano de 2014, com duração de pouco mais de dois anos devido às novas conquistas. A partir de agora deixa de ser uma modalidade oferecida pelo município.

Conforme a secretária municipal de Esportes e Lazer, Joceli Wickert Schmitt, os motivos de suspensão se devem ao fato da canoagem ser muito onerosa para o município, que conta com somente um atleta competidor. “Não temos escolinha, não há formação de categorias de base e os gastos com alimentação, passagem, transporte, deslocamento e aluguel de barco são muito onerosos. São em torno de R$ 8 mil a R$ 10 mil por competição. Durante o ano são cerca de três competições, o que se torna inviável, sendo que no município nós temos, por exemplo, o futebol de campo, modalidade em que atendemos 140 atletas e que a partir dela reunimos pessoas da comunidade, adultos e crianças, que comparecem para assistir aos jogos, e não se gasta R$ 15 mil. É um evento a longo prazo e que atende as pessoas no nosso município”, expõe.

 

Incentivo às modalidades

Joceli diz que sua intenção enquanto gestora da pasta é focar nas crianças e no esporte de massa, atendendo a população em geral. “Com esportes de massa você consegue atender um número grande de pessoas com menos dinheiro. Hoje o cenário político no Brasil é incerto, então eu penso que deve ser feito mais com menos recursos”, destaca.

De acordo com a secretária, as escolinhas de base e demais atividades mobilizam entre 800 e 900 pessoas da comunidade. “Hoje nós temos 32 turmas divididas no handebol masculino e feminino, futsal, vôlei, vôlei da terceira idade, pilates para a terceira idade, ginástica para mulheres, hidroginástica, natação e futebol de campo com escolinhas na cidade e no interior, nesse último com grande número de crianças, além de bocha, bolão, jogos de mesa, sinuca e 48”, relaciona.

Segundo ela, o campeonato de futsal, que é o forte do município, reúne cerca de 1,3 mil torcedores na final. A disputa é realizada em três meses com 12 equipes e outras categorias, somando quase 400 pessoas entre atletas, dirigentes e organizadores, cujos investimentos chegam a R$ 19 mil.

 

 

Joni Lang/OP

Secretária de Esportes e Lazer, Joceli Wickert Schmitt: “Com esportes de massa você consegue atender um número grande de pessoas com menos dinheiro. Devemos fazer mais com menos recursos”

 

 

Questionamento

“Me questionaram sobre os valores da canoagem, mas eu não posso colocar a escolinha e não pensar em longo prazo. É fácil eu falar em colocar a escolinha, trazer canoas, coletes, começar e daqui dois anos o projeto morrer. Eu penso que não seja um dinheiro bem aplicado. Qual é o incentivo dessas crianças continuarem na escolinha? Competir, o que hoje é caro. Só para manter um atleta federado no Paraná e no Brasil custa R$ 840 para ele estar em condições de competir”, enaltece.

Além do mais, Joceli cita que apenas um profissional de Educação Física não é o suficiente para desenvolver o projeto e cuidar das crianças. “É uma responsabilidade muito grande colocar crianças na água, portanto precisa de duas pessoas. Dez anos atrás as crianças respeitavam mais o professor, enquanto hoje a realidade mudou, então você precisa ter uma responsabilidade maior”, frisa.

O prefeito Jones Heiden reforça que 20 crianças, além dos gastos, envolveriam logística e profissionais. “Não podemos pôr 20 crianças de dez anos na água com uma pessoa só, tem que colocar duas porque senão deixamos as crianças em risco. A água chega a 15 metros de profundidade, o que acaba sendo perigoso”, pontua.

 

Orçamento

O mandatário municipal salienta que o orçamento da Secretaria de Esportes e Lazer é de cerca de R$ 740 mil por ano, o que é investido para manter estrutura, pagar professores, material de limpeza, zeladoras, manter o campo, associações, adquirir equipamentos, materiais esportivos, uniformes, medalhas, troféus e pagar alimentação dos atletas. “A logística de tudo isso tem um custo, então é pouco dinheiro para uma secretaria manter tudo isso”, emenda, acrescentando: “Precisamos saber gerir, é claro que gostaríamos de atender mais modalidades, mas infelizmente não tem como porque se torna pouco recurso. Você se programa e administra o ano em cima do orçamento. Teria que dobrar para poder fazer algo diferenciado e investir num esporte com custo maior, até porque se desloca do município, do Estado e do Brasil e exige um custo muito alto”, enfatiza.

Heiden ressalta que o judô mobiliza 65 crianças e tem custo anual de R$ 35 mil, o que representa quase R$ 3 mil por mês com atividades diárias, semanais e mensais. “É um gasto no coletivo, com investimento atendendo maior número de pessoas, e este é o nosso foco”, finaliza.

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