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Atacado por tigre em 2014, Vrajamany Rocha desponta no esporte e se torna promessa da natação paralímpica

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Vrajamany Fernandes Rocha ficou conhecido pelo grande público por um episódio trágico; agora quer chegar ao holofote pelas medalhas que colocará no peito (Fotos: Reprodução/TV Globo)

 

Um acidente capaz de mudar uma vida para sempre. A imagem da dor de Vrajamany Fernandes Rocha correu o Brasil. Depois, chocou o mundo. E o impacto daquelas cenas refletiu no futuro do jovem para sempre. Então com 11 anos, no dia 30 de julho de 2014, uma quarta-feira, Vrajamany foi vítima de um ataque ao entrar inadvertidamente na área de felinos no Zoológico Municipal de Cascavel, que visitava acompanhado do pai e de um irmão.

Ele teve o braço direito dilacerado após levar duas mordidas de um tigre de 200 quilos. Após ser socorrido, o membro foi amputado.

A primeira dentada atingiu a mão direita. A segunda, próxima à axila, por poucos centímetros não alcançou artérias importantes, que poderiam causar sua morte instantaneamente. Tudo foi filmado por visitantes que estavam no zoológico. As cenas foram destaque no Fantástico, da TV Globo, e o acidente com o menino brasileiro tornou-se assunto nacional.

No último domingo de 2018, dia 30 de dezembro, a história do jovem novamente ganhou os holofotes nacionais, em reportagem do Esporte Espetacular, na TV Globo. Desta vez, no entanto, o assunto foi positivo, pois mostrou que, mesmo com as dificuldades enfrentadas após o episódio, Vrajamany encontrou motivação e hoje é uma promessa da natação paralímpica do Brasil.

 

Talento

Aos 15 anos, o jovem encontrou no esporte o escape definitivo para as frustrações que sempre procurou combater. Tornou-se um nadador de talento e tem aprimorado suas habilidades para brilhar no mundo paraolímpico. Neste ano, passou a treinar no Centro Paraolímpico Brasileiro em São Paulo, mesmo local que serve de base para a seleção brasileira, mantido pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB).

Egresso de projetos de iniciação de deficientes no esporte, Vrajamany acabou descoberto em um programa de base do comitê e atualmente ele treina ao lado dos maiores nomes do país.

O progresso feito em poucos meses faz Vrajamany sonhar com participações em Campeonatos Mundiais e – por que não – medalhas em Paraolimpíadas. Inspirações não lhe faltam.

“Eu assisti ao Mundial [paralímpico de natação do ano passado (2017), na Cidade do México] para ver o pessoal da minha área nadando. Gosto de ver o Gabriel Cristiano, que é da minha classe, e os meus amigos. Acho o Daniel Dias muito bom também. Ele é mais rápido do que eu em tudo”, brincou Vrajamany em entrevista ao Globo Esporte.

Vrajamany disputa a classe S8, e é especialista em provas rápidas. Prefere, sobretudo, os 50m livre. Sua melhor marca é 32 segundos, enquanto a elite internacional cumpre a distância em 27 segundos.

Cinco segundos são bastante representativos, mas quem o treina assegura que a curva evolutiva do ainda jovem nadador é enorme. As maiores dificuldades são manter o equilíbrio e o alinhamento do corpo na água, uma vez que a falta do membro prejudica.

“A gente tem que trabalhar muito o core, o centro do corpo, para ele conseguir ficar estabilizado. E a gente precisa trabalhar muito corretivos que vão ajudá-lo a pensar nessa estabilização. Eu vejo no Vraja muita inteligência. Ele consegue perceber as coisas e aprender muito fácil”, disse o treinador do nadador, Fabiano Quirino.

Prova dessa inteligência é dada quando o jovem é indagado sobre quais seus maiores obstáculos. “A maior dificuldade que eu tive foi a falta de simetria Eu nadava muito de lado, assim [mostra um desequilíbrio]. Como só um braço mexe, o esquerdo faz força para cima e o outro, pela força da gravidade, afunda e não tem força para subir. E aí tenho que fazer força nas costas para sustentar”, afirmou o atleta, que vai da zona norte de São Paulo até o Jabaquara, onde fica o centro, treinar pelo menos quatro vezes por semana.

E o bom humor reina dentro do centro CPB. “A gente zoa bastante aqui na piscina. As pessoas transformam adversidades em brincadeiras. Isso facilita até a lidar com limitações. E deixam o ambiente mais agradável na piscina”, comentou.

Vrajamany nunca se deixou abater pela perda do braço, nem nutriu raiva pelo incidente. Na primeira prótese que ganhou logo depois da amputação, pediu o desenho do tigre que o atacou. Implorou para que o animal não fosse sacrificado, e foi atendido. Tornou-se vegetariano e afirma ser um defensor dos animais e seguir em frente.

 Inspiração

Em meio tantos casos de atletas com dramas pessoais, o CPB quer que a história única de Vrajamany inspire outros aspirantes a atletas a perseguirem trajetórias no esporte. “O trabalho de iniciação é importante porque garante a inclusão e a oportnuifade pra criança com deficiência como qualquer outra criança. Ou seja: de iniciar a atiovidade física no tempo certo, em idade escolar”, disse o presidente do comitê, Mizael Conrado.

E o próprio Vrajamany, se ficou conhecido pelo grande público por um episódio trágico, agora quer chegar ao holofote pelas medalhas que colocará no peito.

 

Confira a reportagem completa do Esporte Espetacular, exibida no domingo (30), na TV Globo:

https://globoplay.globo.com/v/7266203/

 

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