Fale com a gente

Marechal Por Giuliano De Luca

A vida pede passagem na rotatória da morte

Publicado

em

(Foto: Divulgação)

Em um cenário onde o asfalto ainda exala o frescor da inauguração, uma tragédia se materializou no coração da cidade de Marechal Cândido Rondon. Apenas oito dias após as festividades de inauguração, as novas rotatórias no prolongamento da Avenida Rio Grande do Sul se transformaram em testemunhas silenciosas de uma morte que ninguém antecipou, mas quem passava por lá já tinha imaginado que poderia acontecer.

No último sábado fatídico, dia 27 de abril, a juventude eterna de Adriano de Moraes Ribeiro, aos seus 27 anos, encontrava seu fim prematuro em meio aos destroços de sua moto e uma poça de sangue.

As novas rotatórias, concebidas para serem faróis de segurança, revelaram uma faceta sinistra: suas largas pistas, reminiscentes das rodovias que deixamos para trás, tornaram-se uma armadilha para os imprudentes e desatentos. Não é difícil avistar os destemidos, ou talvez imprudentes, acelerando além do limite, como se o pavimento fosse uma extensão interminável da estrada aberta.

A realidade é que o perigo espreita nas sombras da velocidade imprudente. Enquanto as rodas giram em um frenesi desenfreado, o risco de um desfecho trágico é mais tangível do que gostaríamos de admitir. E no entanto, mesmo com a tragédia já inscrita na história, a consciência dos motoristas parece um horizonte distante, uma promessa não cumprida no futuro incerto.

É essencial que o despertar para a realidade aconteça agora, não amanhã, não em algum ponto vago no futuro. As rotatórias são pontos cruciais para a fluidez do tráfego, mas sua eficácia está intrinsecamente ligada à segurança dos que nelas trafegam. É uma dança entre o movimento e a proteção, uma harmonia frágil que pode se desfazer com um único passo em falso.

Apelo à ação imediata. Enquanto a conscientização dos motoristas é um objetivo nobre e digno, medidas tangíveis devem ser implementadas sem demora. Sinalização aprimorada, física e visual, é a chave para desacelerar o ímpeto dos velocistas urbanos, forçando uma pausa reflexiva em sua corrida contra o tempo.

Que a memória de Adriano de Moraes Ribeiro seja mais do que uma estatística sombria, mais do que um lembrete doloroso de nossa vulnerabilidade nas estradas da vida. Que seja o catalisador para uma mudança significativa, uma mudança que nos lembre, a cada curva e cada reta, que a segurança viária é uma responsabilidade compartilhada por todos nós. Que as tragédias anunciadas não precisem mais acontecer para sermos despertados para a realidade que nos cerca.

Giuliano De Luca é jornalista, editor-chefe do O Presente Rural e do O Presente Pet

@giulianojornalista

Copyright © 2017 O Presente