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Ataque de saúvas causa preocupação a produtores rurais

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em

Maria Cristina Kunzler
Na propriedade de Moacir Schmidt a saúva já atacou árvores que são utilizadas para sombreamento dos animais. Em meio à plantação de mandioca também é possível ver os ninhos

Produtores de Marechal Cândido Rondon estão preocupados com a invasão e ataque das formigas cortadeiras, popularmente conhecidas como saúvas e quenquéns. Não é por menos: a praga ataca folhas e devora várias plantas, com destaque para as frutíferas, podendo até levá-las à morte. Apesar de não existir dados científicos, na prática há constatação de que está ocorrendo um aumento na incidência do inseto. A informação é do engenheiro agrônomo da Divisão de Defesa e Sanidade Vegetal da Secretaria de Estado de Agricultura e Abastecimento (Seab), Ricardo Moares Witzel.
Conforme o profissional, o motivo para isso é o êxodo rural, que faz com que o produtor deixe de observar com mais cuidado a propriedade, mas especialmente a falta de um controle adequado da saúva. “Percebemos que a falta de um controle eficaz faz com que a cada ano aumentem os focos da saúva, porque um ninho mal controlado faz com que outros ninhos sejam propagados a cada primavera, quando acontece a revoada”, afirma.
Este é o período em que ainda é indicado para fazer o controle da formiga, tendo em vista que na primavera acontece a revoada, quando as saúvas se reproduzem e instalam novos ninhos, ampliando sua área de atuação. “Como no inverno diminui o aparecimento da saúva, muitos produtores deixam de combatê-la e voltam a se preocupar somente na época da revoada. Contudo, o importante é fazer o controle antes da primavera”, alerta.

 

 

De acordo com Witzel, uma das formas para combater a formiga é por meio de iscas, que são levadas pelas saúvas para dentro dos ninhos e causam a destruição dos fungos que são cultivados e utilizados como fonte de alimentação. Outra forma é através da termonebulização, que consiste na utilização de produto químico que produz fumaça junto às entradas do formigueiro até que ocorra uma saturação e intoxicação dos insetos.
Porém, o engenheiro agrônomo ressalta que de nada adianta o produtor fazer o controle se na propriedade vizinha não acontecer o mesmo. Este trabalho precisa ser simultâneo e conjunto, aponta. “O controle não pode ser individual. Se existe o ninho da formiga em mais de uma propriedade, todos precisam trabalhar ao mesmo tempo. Não adianta um produtor cuidar do combate em junho e o vizinho somente em agosto”, declara.
O produtor que constata o surgimento de ninhos de saúva em sua propriedade deve procurar o escritório da Seab para que o órgão auxilie no processo de combate à formiga. “O órgão existe para atender o produtor. Como a Seab não consegue visitar todas as propriedades para fiscalizar o aparecimento da praga, o produtor precisa nos procurar para que possamos tomar providências em conjunto”, informa o engenheiro agrônomo.
Entretanto, ele menciona que a procura por ajuda na Seab é muito baixa. Da última revoada da saúva, que aconteceu na primavera passada, até ontem (25), somente dois produtores entraram em contato solicitando auxílio no controle, sendo um de Palotina e outro de Marechal Cândido Rondon. “A maior dificuldade em fazer o controle da saúva é conseguir localizar os pontos em que deve ser aplicado o produto e a dosagem correta. Por isso é importante o produtor solicitar a ajuda de um técnico para acompanhar o trabalho”, salienta.

Problema visível
O produtor Moacir Schmidt reside na Linha Schmidt, em Curvado, no interior de Marechal Cândido Rondon. Durante cinco anos ele fez o controle da saúva, mas há cerca de dois anos deixou de combater a formiga. Não demorou muito para que a praga voltasse a assolar sua propriedade e de sua família, que fica nos arredores. “A saúva está no limite de causar prejuízos financeiros maiores, porque já está atingindo horta e flores. Além disso, já é possível ver ninhos na plantação de mandioca”, informa.
Segundo o rondonense, a saúva migra para outras regiões e destrói o que vê pela frente. Algumas árvores em sua casa já não possuem mais folhas, tendo em vista que as formigas levaram tudo para o ninho. “A nossa preocupação também é com o sombreamento, pois a saúva ataca as folhas das árvores que são utilizadas para refrescar os animais e que também servem como proteção contra vendavais”, afirma.

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