Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo

O Brasil é o país que mais consume agrotóxicos, segundo dados divulgados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O relatório do Programa de Análises de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (Para), que avaliou mais de 12 mil amostras de alimentos em todos os Estados brasileiros entre 2012 e 2015, apontou pela primeira vez a laranja como o fruto de maior risco de contaminação aguda. A análise explica que a contaminação aguda é aquela que causa intoxicações em um período de até 24 horas após o consumo do alimento.

De acordo com o relatório, o maior risco associado a laranjas está relacionado ao agrotóxico carbofurano, atualmente em processo de reavaliação na Anvisa. Das amostras avaliadas, 11% apresentaram situações de risco relativas ao carbofurano. Além da laranja, foram avaliados cereais, leguminosas, frutas, hortaliças e raízes, totalizando 25 tipos de alimentos. O critério de escolha foi o fato dos itens representarem mais de 70% dos alimentos de origem vegetal consumidos pela população brasileira.

 

 

 

 

No Paraná

No Estado do Paraná, as olerícolas entram em cena quando o tema é agrotóxico. Segundo Edleusa Seidel, que trabalha na coordenação do curso de Agronomia da Universidade do Oeste do Paraná (Unioeste), campus de Marechal Cândido Rondon, e no Núcleo de Agroecologia formado por professores da universidade, a última pesquisa a que teve acesso apontou para esta classe de alimentos. Pimentão, tomate e morango são os que mais contêm agrotóxico de acordo com o último estudo a que tive acesso, menciona.

Substituições saudáveis

Para quem pensa em saúde, substituir frutas, verduras e legumes convencionais por orgânicos pode ser uma alternativa, pois não possuem agrotóxicos. Em Marechal Rondon, a Feira do Produtor conta com três bancas de verduras e legumes com produção livre de agrotóxicos. Conforme o produtor Sadi José Maldaner, que possui o Certificado da Rede de Agroecologia Eco Vida de Conformidade Orgânica, esses produtos são a garantia de que o cliente está consumindo alimentos saudáveis. Nós notamos uma diferença na nossa própria saúde e sabemos que o consumidor também pode ter esses resultados benéficos com alimentos livres de agrotóxicos, enaltece Maldaner, que trabalha na feira com a família há 18 anos.

Além da Feira do Produtor rondonense, que ocorre todas as terças e sextas-feiras, a partir das 17 horas, no centro da cidade (Rua D. João VI), na Unioeste, todas as quartas, acontece uma feira de produtos orgânicos, a partir das 08 horas. Organizada pela Associação Central dos Produtores Rurais Ecológicos (Acempre), durante a feirinha os produtores orgânicos da região têm a oportunidade de comercializarem seus produtos.

Cultivares orgânicos

Na Fazenda Experimental da Unioeste em Entre Rios do Oeste são cultivadas de maneira orgânica as culturas de milho, soja, feijão e quinoa. Segundo Edleusa, com a colheita os alunos realizam estudos e alguns produtos são comercializados. Estamos na busca pela certificação para podermos trabalhar com o termo orgânicos, pois, mesmo que todo o processo ocorra sem agrotóxicos, tem uma série de itens que precisam ser cumpridos para que a liberação ocorra. Acreditamos que ainda nesse semestre teremos a certificação, pontua a representante do Núcleo de Agroecologia da Unioeste.

Hidropônicos

Outra alternativa saudável e livre de agrotóxicos são os hidropônicos. A nutricionista Simone Giese diz que, neste caso, as plantas são cultivadas na água e não têm contato com a terra. São cultivados em estufas fechadas e contemplam toda uma técnica. Na água são acrescentados todos os minerais, colocados em forma de composto para nutrir a planta, que também é sem agrotóxicos, explica ela, que é consumidora desta classe e também dos orgânicos.

Sistemas agroflorestais

Uma maneira alternativa de produzir alimento, que ao mesmo tempo prima pelo equilíbrio biológico. Assim são os Sistemas Agroflorestais (SAFs), que tratam de consórcios de culturas agrícolas com espécies arbóreas, usadas para restaurar florestas e recuperar solos degradados.

Na Fazenda Experimental da Unioeste, em Entre Rios do Oeste, uma área de aproximadamente seis hectares é usada para este tipo de cultivo. Realizamos uma pesquisa para verificarmos quais espécies podem conviver juntas. Depois vamos fazendo as plantações e acompanhando o crescimento. O resultado é uma agrofloresta em equilíbrio, explica Edleusa. No local, bananeiras e espécies florestais já vivem juntas.

Dica da nutricionista

Quando não for possível encontrar alimentos orgânicos, hidropônicos ou agroflorestais, a nutricionista Simone Giese aconselha mergulhar os frutos em água com vinagre ou com hipocloreto de sódio por 20 minutos para fazer a desinfecção antes de prepara-los ou consumi-los. É importante cuidar da alimentação e da saúde como um todo. Quando consumimos um alimento com agrotóxico, o primeiro órgão afetado é o fígado, assim, evitar comidas gordurosas e bebidas alcoólicas e ingerir alimentos que beneficiem o fígado, como o gengibre, boldo e alcachofra, são estratégias que podem ajudar, orienta.