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Cresce consumo de bebidas energéticas entre adolescentes

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Carina Ribeiro/OP
Bebidas energéticas devem ser consumidas somente no caso de necessidade de reposição de sais minerais (isotônico) ou aumento da disposição (estimulante)

 

O aumento progressivo do consumo de bebidas energéticas principalmente por adolescentes tem preocupado pais, educadores e até mesmo revendedores do produto em Marechal Cândido Rondon.
De acordo com a proprietária da Loja de Conveniência do Pátio Camilo, Eliane de Paula, o crescimento do consumo de bebidas como isotônicos e energéticos estimulantes chama a atenção. “Até parei de vender isotônicos, porque a maioria dos consumidores eram adolescentes e crianças, pois muitos pais davam para os filhos. Já no caso de energéticos, observo que cerca de 80% das vendas são para adolescentes”, declara, não descartando que o consumo seja feito misturado com bebida alcoólica, supõe.
No entanto, profissionais da área de Educação Física e Nutrição explicam as diferenças entre os produtos e a indicação de consumo.
Conforme o educador físico, professor e proprietário da Academia Flex, Marcel Buth, não é necessário um alarde sobre o consumo de bebidas isotônicas, pois, segundo ele, tratam-se apenas de repositores de sais minerais para praticantes de atividades físicas. “A bebida serve para repor sódio, potássio e cloreto no organismo, além de carboidratos”, afirma.

De acordo com ele, a composição do isotônico é semelhante à de elementos encontrados no sangue, o que favorece uma hidratação mais rápida. “A composição é similar à do plasma sanguíneo”, detalha.
Por esses motivos, em geral, não chega a provocar consequências drásticas quando consumido por crianças ou adolescentes, sendo até admitido o consumo. “Porém, deve ser consumido quando necessário e não a qualquer hora do dia”, ressalta.
O profissional explica que o isotônico é recomendado para pessoas que realizam a prática de atividade física prolongada, ou seja, por mais de uma hora. “É destinada a atletas e recomendada mais no caso de se praticar uma atividade aeróbica em que haja uma perda de peso corporal equivalente a cerca de 2%”, salienta. Significa que o consumo da bebida é recomendado para uma pessoa de 100 quilos que perdeu dois quilos durante o exercício físico, exemplifica. “Caso não haja essa perda de peso, não tem necessidade de consumir isotônico”, expõe.

Consequências
Ele constata que devido à ampla variedade de sabores e por ser uma bebida colorida, de embalagem atrativa, muitas crianças acabam consumindo indiscriminadamente, sem terem realizado exercícios, o que não é recomendado. “Não é indicado o consumo no recreio da escola ou após aulas de Educação Física. Já no caso da criança realizar algum treinamento com duração maior de uma hora já seria admitido”, explana Marcel.
Segundo o professor, a ingestão inadequada da bebida pode gerar sobrecarga de potássio e de sódio. A sobrecarga no rim pode gerar aumento da pressão arterial (hipertensão). “Ela também não deve substituir a ingestão de água durante a atividade física”, ressalta.
A quantidade também é outro fator que deve ser observado. “O indicado é que o consumo seja limitado a uma garrafa”, diz. Em excesso, os isotônicos também podem dificultar a perda de peso.

Muscular
A nutricionista rondonense Keli Lang Schäfer lembra que também existem outros tipos de energéticos, que têm por finalidade recuperar os estoques de glicogênio muscular entre as sessões de treinamentos mais intensos. São produtos que se constituem de, no mínimo, 90% de carboidratos na formulação, e podem ser acrescidos de vitaminas e minerais. “Apesar de serem usados por esportistas que não querem perder peso e massa muscular, o ideal é procurar um profissional da saúde antes de consumi-los”, expõe.
Recomenda-se os repositores energéticos para atletas em treinos moderados e intensos, antes e depois da atividade física, e durante competições. Os repositores podem, ainda, ser adquiridos em forma de gel ou sachês para serem diluídos em água.

Estimulantes
A profissional explica que os isotônicos são diferentes de energéticos estimulantes. Segundo ela, enquanto os primeiros são repositores, os estimulantes contêm substâncias que agem no sistema nervoso central, como cafeína e outras substâncias.
Devido à composição, os estimulantes não são recomendados para adolescentes ou crianças. “Algumas marcas inclusive trazem essa recomendação no rótulo”, lembra.
Keli explica que em doses elevadas, as bebidas estimulantes podem gerar nervosismo, ansiedade, insônia, tremores e até distúrbios neurológicos, da mesma forma que o café, guaraná, entre outros.
A nutricionista lembra que essas bebidas têm em sua composição carboidratos, cafeína, taurina, inositol e glucoronolactona. “A cafeína, estimulante cerebral, pode causar dependência leve e aumentar a frequência cardíaca”, alerta.
Além disso, as pessoas que sofrem de alterações cardíacas precisam tomar cuidado, pois a substância pode provocar arritmia e taquicardia. “Hipertensos e diabéticos também devem evitar esse tipo de bebida”, orienta.

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