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Criação de peixes terá cerca de R$ 500 mil em investimentos

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Carina Ribeiro/OP
Pescadores de Entre Rios do Oeste estão animados com a previsão de produzir 25 mil quilos de carne de peixe na safra do próximo mês de outubro: mais renda às famílias

 

A produção de polpa para merenda escolar, de peixes para serem comercializados vivos ou ainda em diferentes cortes devem alavancar cada vez mais a aquicultura em Entre Rios do Oeste. O município é o único da microrregião de Marechal Cândido Rondon que aderiu ao programa de tanques-rede desenvolvido por Itaipu e a partir do convênio firmado entre a hidrelétrica, o Poder Público e os pescadores, a aquicultura receberá um investimento total de aproximadamente R$ 500 mil até julho de 2012.
De acordo com o secretário de Agricultura e Meio Ambiente, Elton Luiz Willens, o projeto vai garantir a ampliação do volume de produção de peixes, melhorando a renda dos pescadores e ainda representará retorno em ICMS para o município.
Os recursos que estão sendo investidos representam contrapartida das três partes, sendo em torno de R$ 310,2 de Itaipu, R$ 174,4 da municipalidade e outros R$ 10 mil dos pescadores, totalizando
R$ 494,6 dentro do convênio.
O montante se destina à aquisição dos tanques-rede, serviço técnico de biometria, aquisição de plataforma para o desenvolvimento de trabalhos técnicos, combustível, ração, dentre outros equipamentos e serviços. Cerca de metade já foi repassada aos pescadores na forma de equipamentos e matéria-prima e o restante será liberado em etapas.

 

 

Certificação
Conforme o secretário, uma novidade na aquicultura do município será a implantação da certificação. “O processo já está em andamento e permitirá ampliar a comercialização da produção”, salienta.
Os 17 pescadores envolvidos no projeto já conseguiram a certificação junto à Vigilância Sanitária e ao Serviço de Inspeção Municipal de Produtos de Origem Animal (Simpoa). “Somente está faltando concluir a produção das etiquetas para padronizar a embalagem”, detalha Willens.
Na primeira experiência produtiva realizada no ano passado, os pescadores alojaram seis mil peixes, enquanto em maio deste ano passaram para 35 mil peixes. O primeiro lote foi comercializado vivo para pesque-pague. Já o segundo lote, a ser abatido no próximo mês de outubro, terá parte da produção transformada em carne, agregando valor e ampliando o rendimento aos pescadores. “O peixe vivo foi comercializado a cerca de R$ 4,50 o quilo, enquanto a carne de peixe pode ser vendida por quase R$ 10”, compara o secretário.
A intenção é que a produção seja vendida na forma de polpa, filé, fatiado e costelinha. Os pescadores já receberam treinamento para a realização dos cortes. Em torno de 70% da produção poderá ser vendida para estabelecimentos comerciais, enquanto 30% vão para a merenda escolar.

Adequações
Para viabilizar a transformação, no entanto, a Colônia de Pescadores São Francisco terá que contar com uma reforma do módulo de abate existente na Linha Boa Esperança. “Serão realizadas algumas adequações para que a estrutura construída há cerca de dez anos por Itaipu comporte o aumento da produção, tais como substituições de encanamentos”, explica Willens.

Subsistência
O programa de tanques-rede está animando os pescadores, que acreditam ser a saída para as famílias se manterem, segundo informa o presidente da colônia e coordenador dos profissionais no projeto, Walter Kist. “Hoje não teríamos mais como viver somente da pesca no lago (de Itaipu), pois diminuiu muito a quantidade de peixes”, declara.
Ele garante que no começo foi difícil, burocrático, mas que depois valeu a pena. “A gente já teve um bom rendimento com o primeiro lote, imagina com o segundo”, prevê.

Profissionalização
Para assegurar a viabilidade do projeto, o processo de produção de peixes precisa seguir rigorosamente as orientações técnicas. “A produção sistemática é que garante os resultados”, expõe.
A profissionalização da atividade requer dedicação dos pescadores, que contam com tratadores trabalhando em tempo integral na área dos tanques-rede. “A alimentação precisa ser adequada para cada tamanho de peixe. Eles devem receber quantidade de ração equivalente a 3% do próprio peso”, lembra o pescador.
Kist revela que está muito satisfeito com o processo de conversão alimentar, a qual superou as expectativas. “A previsão era de serem necessários três quilos de ração para produzir um quilo de carne, enquanto a nossa média foi de 2,1 quilos de ração”, relata.
A atividade ainda requer a classificação dos animais, biometria periódica para acompanhar o desenvolvimento dos peixes e o controle de Ph da água, visando conferir o impacto da atividade nas águas do lago. “Itaipu e IAP (Instituto Ambiental do Paraná) exigem que isso seja feito a cada 30 dias para garantir que a água não está sendo poluída”, acrescenta.

Tilápia
Por enquanto, os pescadores trabalham com a produção de pacus, por se tratar de uma espécie nativa. No entanto, existe a perspectiva de que seja liberada a criação de tilápias, além de piaparas e três pintas. “Hoje só conseguimos fazer 1,5 safra por ano, devido à falta de alevinos de pacu na época de alojamento. Esperamos que a produção de tilápia seja liberada pelo IAP até o final do ano, para passarmos a duas safras anuais”, explana o presidente da colônia.

Títulos
A produção de peixes em tanques-rede é realizada em áreas liberadas pelo Ministério da Aquicultura. Os pescadores precisam ter títulos (lotes) do lago para poder produzir. Se hoje eles possuem 116 tanques, a área liberada para a aquicultura em Entre Rios do Oeste tem capacidade para cerca de 15 mil tanques nos quatro pontos de pesca existentes no município. “Entre Rios do Oeste é considerado um dos locais mais favoráveis da região para a produção de peixes em tanques-rede”, enfatiza o secretário. Os títulos asseguram o uso das áreas do lago por aproximadamente 20 anos. Segundo Kist, fazem parte da colônia 32 pescadores e a intenção do presidente é que os que hoje não fazem parte do projeto também possam entrar para a aquicultura. “Mesmo após o encerramento do convênio, no ano que vem, queremos continuar com a atividade. Ainda tempos bastante tempo e espaço para aumentar a produção”, conclui o coordenador.

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