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Desequilíbrio entre produção e consumo deve manter preços em alta

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Presidente da Coopavel, Dilvo Grolli: “São 79 os projetos de novas ferrovias no país e apenas um para o Sul, justamente a Ferroeste” (Foto: Divulgação)

A pandemia e o clima tiveram parcela significativa de influência sobre as safras mais recentes e agora, com a guerra e suas consequências, o cenário das principais commodities seguirá com desequilíbrio entre produção e consumo.

Com isso, a previsão é que os preços, principalmente da soja, milho e trigo, sigam valorizados no mercado internacional. A afirmação foi feita pelo presidente da Coopavel, Dilvo Grolli, na quarta-feira (30), durante reunião com empresários da diretoria da Associação Comercial e Industrial de Cascavel (Acic).

A produção de soja no mundo na safra 2021/2022 foi de 366,2 milhões de toneladas e o consumo alcançou 372,5 milhões. O Brasil é o maior produtor da leguminosa, com 122,7 milhões de toneladas. A América do Sul, com 178 milhões de toneladas, é a região de maior produção do grão, o que a torna estratégica no mercado de uma das commodities mais procuradas e transformadas no planeta.

Grolli apresentou números de preços da saca em 2019 e de agora, mostrando a valorização do cereal. O preço saltou de R$ 68 para R$ 176 a saca, valorização de 160% em três anos.

O presidente da Coopavel falou da estratégia da China de comprar grãos em vez de farelo e óleo. “A lógica é inteligente, porque, ao contrário dos outros dois, o grão não tem prazo de validade”, pontuou.

A China destina 120 milhões de toneladas de soja ao esmagamento, enquanto os Estados Unidos 60 milhões, o Brasil 55 milhões e a Argentina 50 milhões de toneladas.

Grolli lembrou que 75% da produção de grãos do país está concentrada em seis Estados do Sul e Centro-Oeste – Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) e Centro-Oeste (Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás).

Milho

Na safra 2021/2022, o mundo produziu 1,123 bilhão de toneladas de milho contra consumo de 1,195 bilhão de toneladas. Os Estados Unidos são os maiores produtores, com 384 milhões de toneladas, das quais 128 milhões destinadas à produção de etanol – o Brasil destina seis milhões de toneladas a essa finalidade. O segundo maior produtor é a China, com 275,5 milhões, seguida do Brasil, com 114 milhões, e da União Europeia, com 69,8 milhões. A Ucrânia, que aparece logo após a Argentina (53 milhões), responde por produção de 41,9 milhões de toneladas. Com a guerra, segundo Grolli, ocorrerão consequências à produção de milho, já que a Ucrânia, mesmo que o conflito termine hoje, demorará para restabelecer a integridade de sua cadeia produtiva.

Os empresários foram informados também sobre produtividade do milho e da importância de investir em tecnologias avançadas. A média do Brasil é de 5,3 mil sacas por hectare, enquanto que nos Estados Unidos é superior a 12 mil. No Oeste do Paraná, entretanto, ela chega a 11 mil e as produtividades alcançadas no Show Rural Coopavel, que é um campo de testes a novas cultivares e aprimoramentos em manejo, ela chega a alcançar 16,8 mil sacas por hectare. Quanto aos preços da saca, em 2019 era de R$ 28 e agora é de R$ 80, valorização de 176%.

Grolli repassou outra informação importante sobre o agro brasileiro. Em 31 anos, de 1990 a 2021, a produtividade de grãos cresceu 360%, enquanto a área plantada foi aumentada em 92%.

Trigo

Já no trigo, a produção mundial na safra de 2021/2022 foi de 778 milhões de toneladas contra demanda de 786 milhões. A Rússia é a quarta maior produtora, com 75 milhões de toneladas, mas devido às sansões aos russos o desequilíbrio tende a continuar, mantendo perspectivas de preços elevados nos próximos anos. O consumo brasileiro do cereal é de 12,7 milhões de toneladas e a produção está na casa de 7,7 milhões. Uma das consequências desse cenário é aumento nos derivados de trigo em 20% já sentido no bolso do consumidor brasileiro.

O presidente da Coopavel falou ainda do mercado de carnes e da importância das cooperativas no agronegócio paranaense. O Paraná, apontou ele, destina 28% de seu território à proteção ambiental, enquanto que a lei exige 20%.

Infraestrutura e logística

Ele chamou atenção também para mudanças no mapa das exportações brasileiras, principalmente de soja e milho. Em 2010, 77% de tudo que seguia para o exterior era embarcado por portos do Sul e Sudeste e apenas 23% pelo eixo Norte. Agora, há igualdade de percentuais entre esses canais, demonstrando a priorização de investimentos em infraestrutura e logística em Estados do Norte e Nordeste.

“São 79 os projetos de novas ferrovias no país e apenas um para o Sul, justamente a Ferroeste”, alertou Grolli, destacando que o Brasil emprega, no escoamento de suas riquezas, os modais mais caros – ferroviário e rodoviário, proporcionalmente operando com o dobro e o triplo dos preços praticados pelo transporte por hidrovias.

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