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Editorial: Política dos financiamentos

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No mundo inteiro o capital financia a produ ccedil; atilde;o. No Brasil dos uacute;ltimos tempos isso era imposs iacute;vel, tamanha a discrep acirc;ncia dos juros e da infla ccedil; atilde;o que em poucos meses ru iacute;a o patrim ocirc;nio de quem n atilde;o estava acostumado, ou aqueles que teimosamente resistiam agrave; especula ccedil; atilde;o.
A d eacute;cada de 70 e nos primeiros anos de 80, com a infla ccedil; atilde;o crescendo, era bom neg oacute;cio financiar a longo prazo com juros fixos e sem indexador. Por eacute;m, logo vieram os indexadores que deixaram qualquer um maluco.
O Brasil passou pelo menos 20 anos, at eacute; o in iacute;cio desta d eacute;cada, envolvido nesse processo inflacion aacute;rio, onde, al eacute;m da infla ccedil; atilde;o, os juros sempre foram verdadeiramente uma espolia ccedil; atilde;o.
Essa foi a raz atilde;o pela qual o governo teve que intervir v aacute;rias vezes, especialmente no setor agr iacute;cola, onde os produtores se endividaram e n atilde;o conseguiram pagar suas contas.
Essa foi tamb eacute;m a raz atilde;o pela fragilidade do nosso parque industrial durante essas d eacute;cadas, com milhares de empresas sendo fechadas ou vendidas.
Essa tamb eacute;m foi a principal raz atilde;o pela estagna ccedil; atilde;o econ ocirc;mica do pa iacute;s que n atilde;o permitiu seus empreendedores realizar seus sonhos.
Mas o in iacute;cio desta d eacute;cada, notadamente com a elei ccedil; atilde;o do atual presidente, passada a desconfian ccedil;a na pol iacute;tica que era esperada deste governo, o pa iacute;s finalmente encontrou seu caminho. As bases estavam feitas, constru iacute;das desde os governos militares que expandiram o cr eacute;dito rural, certo ou errado estimularam a mecaniza ccedil; atilde;o e a agricultura em escala.
Rasgaram o Brasil com estradas pavimentadas, constru iacute;ram usinas e redes de distribui ccedil; atilde;o de energia el eacute;trica, investiram na produ ccedil; atilde;o de petr oacute;leo e depois no Pro aacute;lcool, investiram em comunica ccedil; otilde;es.
Com os contratempos da economia mundial, juros altos, escassez de petr oacute;leo e pol iacute;ticas que n atilde;o permitiam um interc acirc;mbio comercial mais livre, o Brasil n atilde;o pode crescer durante esse per iacute;odo aliado ao descontrole da infla ccedil; atilde;o e agrave;s perip eacute;cias dos presidentes Jos eacute; Sarney e Collor de Melo, que inventaram planos e mais planos, todos muito malsucedida.
O plano que deu certo foi o Real, implantado pelo presidente Itamar Franco, sob a dire ccedil; atilde;o de Fernando Henrique Cardoso. Talvez pela experi ecirc;ncia mal-sucedida dos planos anteriores e pelo aprendizado que o pa iacute;s viveu, esse governo teve condi ccedil; otilde;es pol iacute;ticas e conhecimento t eacute;cnico para implantar um plano de estabiliza ccedil; atilde;o econ ocirc;mica que deu certo, resistiu agrave;s elei ccedil; otilde;es seguintes e serviu de base para sustenta ccedil; atilde;o do crescimento que viria com o novo governo.
Lula aproveitou o que o Plano Real teve de bom, criou seus programas sociais e hoje o Brasil experimenta um per iacute;odo de crescimento acentuado, talvez como nunca na sua hist oacute;ria.
Lula tem raz atilde;o quando fala que ldquo;nunca antes na hist oacute;ria deste pa iacute;s rdquo;, e vamos mais longe, os investimentos feitos na educa ccedil; atilde;o, nas pol iacute;ticas sociais e na recupera ccedil; atilde;o fiscal foram a base deste governo.
O governo do presidente Lula n atilde;o poupou os sonegadores e nem se importou com os pequenos e m eacute;dios empres aacute;rios que tiveram seus impostos aumentados. S oacute; assim conseguiu dinheiro para realizar o que os outros governos achavam que era imposs iacute;vel, investir mais em educa ccedil; atilde;o, e dar comida para quem tinha fome e sem condi ccedil; otilde;es para trabalhar.
S oacute; que nos aproximamos de um final de governo que sustenta as bases da sua economia, com financiamentos. As ind uacute;strias de ve iacute;culos vendem bem, mas s oacute; na base de financiamento e redu ccedil; atilde;o de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).
A constru ccedil; atilde;o civil vai muito bem, mas baseada na demanda gerada pelos financiamentos facilitados pela Caixa Econ ocirc;mica Federal.
A d uacute;vida que n atilde;o cala eacute; se essa pol iacute;tica pode perdurar e por quanto tempo?
E se um dia o ritmo dos financiamentos for reduzido, que consequ ecirc;ncias isso trar aacute; agrave; economia do pa iacute;s?
Eacute; bem verdade que as economias do mundo inteiro s atilde;o movidas a financiamentos, mas teremos sabedoria para dosar esse crescimento sem desvirtuar a realidade?
Eacute; pagar para ver.

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