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Farmacêuticos ainda têm dificuldade de ler receitas médicas

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Apesar de ter entrado em vigor nesta semana o novo c oacute;digo de eacute;tica m eacute;dica, no que tange ao cuidado com a letra leg iacute;vel dos profissionais na receita m eacute;dica ainda n atilde;o foi percebida mudan ccedil;a em Marechal C acirc;ndido Rondon. A constata ccedil; atilde;o eacute; de farmac ecirc;uticos do munic iacute;pio, que declaram que as receitas continuaram sendo recebidas da mesma forma como antes do novo c oacute;digo.
Segundo os farmac ecirc;uticos consultados pela reportagem de O Presente, ainda s atilde;o frequentes os casos em que existe dificuldade em compreender a letra do m eacute;dico. Nestas situa ccedil; otilde;es, existe a necessidade de entrar em contato com o profissional para esclarecer a d uacute;vida sobre qual o medicamento receitado ou qual a dosagem recomendada. Na maioria das vezes, os m eacute;dicos fazem o esclarecimento com tranquilidade. Por eacute;m, nem sempre este contato eacute; conseguido, como eacute; recorrente acontecer em casos de atendimento nos postos de sa uacute;de. ldquo;Quando o atendimento m eacute;dico acontece na rede p uacute;blica de sa uacute;de, agrave;s vezes temos dificuldade em localizar o m eacute;dico, j aacute; que geralmente ele atende em mais de um local e em diferentes hor aacute;rios. O mesmo acontece quando h aacute; o atendimento no plant atilde;o rdquo;, relata um farmac ecirc;utico. Al eacute;m disso, menciona, algumas vezes ocorre da receita n atilde;o conter o carimbo com o nome do m eacute;dico, o que dificulta ainda mais a possibilidade de dirimir as d uacute;vidas. ldquo;Como n atilde;o podemos tentar adivinhar o que est aacute; escrito, sob pena de que seja cometido um erro, buscamos identificar o m eacute;dico por meio do setor p uacute;blico e vamos at eacute; ele ou indicamos ao paciente voltar a procur aacute;-lo para que haja o esclarecimento rdquo;, exp otilde;e.

Impressa
A realidade j aacute; eacute; diferente na rede de sa uacute;de privada. Conforme os farmac ecirc;uticos, a maioria dos m eacute;dicos que realizam atendimento em cl iacute;nicas j aacute; opta por imprimir a receita m eacute;dica a partir do computador, o que tem facilitado a leitura tanto para os farmac ecirc;uticos como para os pr oacute;prios pacientes. ldquo;Pena que essa op ccedil; atilde;o eacute; n atilde;o colocada em pr aacute;tica por todos rdquo;, lamenta um profissional da sa uacute;de.
Apesar de ainda chegar receitas ileg iacute;veis nas farm aacute;cias, profissionais destas acreditam que aos poucos a famosa ldquo;letra de m eacute;dico rdquo; vai ser abandonada, tendo em vista que em muitos casos j aacute; est aacute; em desuso. ldquo;Acredito que cada vez mais vai ocorrer uma maior conscientiza ccedil; atilde;o dos m eacute;dicos de que vale mais a pena escrever de forma leg iacute;vel do que gerar problemas ao paciente rdquo;, opina um dos farmac ecirc;uticos.

Refor ccedil;o
A orienta ccedil; atilde;o de escrever de forma leg iacute;vel j aacute; estava no c oacute;digo anterior, de 1988. S atilde;o tantos os problemas por causa da forma de escrita conhecida como m eacute;dica, que foi preciso refor ccedil;ar agora.
O novo c oacute;digo de eacute;tica m eacute;dica funciona como uma constitui ccedil; atilde;o para os m eacute;dicos. O documento atualiza regras e princ iacute;pios que o profissional deve obedecer no exerc iacute;cio da profiss atilde;o. O objetivo das atualiza ccedil; otilde;es eacute; melhorar a rela ccedil; atilde;o entre o m eacute;dico e o paciente.
Terminal
O novo c oacute;digo aborda assuntos complexos como a decis atilde;o no caso de um paciente em estado terminal. O m eacute;dico dever aacute; respeitar a decis atilde;o dos pacientes terminais, que n atilde;o quiserem fazer procedimentos desnecess aacute;rios para prolongar a vida.
Neste caso, o c oacute;digo sugere o cuidado paliativo. Em vez de simplesmente parar o tratamento, j aacute; que fica imposs iacute;vel reverter o caso, o m eacute;dico deve entrar com outro tipo de apoio ao paciente, prescrever medicamentos que reduzam a dor e dar orienta ccedil; otilde;es psicol oacute;gicas, emocionais, sociais ao doente e agrave; fam iacute;lia dele.

Voz ao paciente
O novo c oacute;digo ainda diz que o m eacute;dico vai ter que pedir o consentimento dos pacientes sobre qualquer procedimento que for fazer, com exce ccedil; atilde;o de risco iminente de morte. Ele pode se recusar a fazer atendimentos em locais sem estrutura, com exce ccedil; atilde;o das situa ccedil; otilde;es de emerg ecirc;ncia.
Segundo as novas regras, o m eacute;dico n atilde;o pode participar de propaganda, nem lucrar com a venda de medicamentos. Se o paciente quiser ouvir uma segunda opini atilde;o, o primeiro m eacute;dico deve colaborar, inclusive passando informa ccedil; otilde;es.
O paciente tamb eacute;m tem o direito de acesso ao prontu aacute;rio. Em casos da gera ccedil; atilde;o de uma crian ccedil;a de forma assistida, o m eacute;dico n atilde;o pode escolher o sexo do beb ecirc;.

Letra feia sim, mas n atilde;o ileg iacute;vel
O m eacute;dico ginecologista e obstetra Hugo Sachser Filho, de Marechal C acirc;ndido Rondon, se formou em 2004. Ele lembra que a quest atilde;o da ldquo;letra de m eacute;dico rdquo; j aacute; era discutida nos bancos acad ecirc;micos. ldquo;A orienta ccedil; atilde;o sempre foi por facilitar a comunica ccedil; atilde;o. E isso, na minha opini atilde;o, vale n atilde;o s oacute; para receitu aacute;rios e prontu aacute;rios m eacute;dicos, eacute; tamb eacute;m na comunica ccedil; atilde;o oral com o paciente e as pessoas. Precisamos ser claros para ser bem compreendidos rdquo;, avalia.
No entanto, ao ser perguntado por que todo m eacute;dico tem letra que dificulta a compreens atilde;o, principalmente por leigos, ele reconhece que isso eacute; realmente quase uma ldquo;regra rdquo;, mas tem uma justificativa: ldquo;Durante o tempo da faculdade, recebemos um volume muito grande de informa ccedil; otilde;es e eacute; preciso estar anotando o tempo todo, privilegiando, assim, a rapidez e n atilde;o a est eacute;tica do que se escreve rdquo;, explica, reconhecendo que sua letra tamb eacute;m se enquadra nos padr otilde;es da profiss atilde;o.
Para Sachser, os m eacute;dicos devem privilegiar a clareza do que escrevem e falam, para evitar interpreta ccedil; otilde;es err ocirc;neas. ldquo;N atilde;o h aacute; problema em ter uma letra feia, se for leg iacute;vel rdquo;, argumenta.

Inform aacute;tica
Para ldquo;salvar a vida rdquo; dos profissionais da Medicina, observa o m eacute;dico rondonense, a inform aacute;tica tem ajudado muito atrav eacute;s da utiliza ccedil; atilde;o de receitas digitadas no computador e impressas, al eacute;m do controle do hist oacute;rico dos pacientes. Ele pondera que a dificuldade maior, muitas vezes, est aacute; no servi ccedil;o p uacute;blico. ldquo;N atilde;o eacute; todo posto de sa uacute;de ou hospital p uacute;blico que consegue colocar computador com impressora no consult oacute;rio do m eacute;dico. Mas a tend ecirc;ncia tem sido da informatiza ccedil; atilde;o dos servi ccedil;os, o que facilita a vida do m eacute;dico, do paciente e tamb eacute;m dos farmac ecirc;uticos e outros profissionais que recebem os encaminhamentos rdquo;, destaca.

Evolu ccedil; atilde;o eletr ocirc;nica chega aos munic iacute;pios do interior
E, realmente, a evolu ccedil; atilde;o eletr ocirc;nica nos servi ccedil;os de sa uacute;de est aacute; acontecendo e j aacute; chega aos munic iacute;pios do interior. No Hospital Marechal Rondon, por exemplo, j aacute; existe um sistema visando a implanta ccedil; atilde;o futura de prontu aacute;rios e receitu aacute;rios eletr ocirc;nicos. De acordo com a administradora hospitalar do Grupo Filad eacute;lfia, Ana Carolina Seyboth Kurtz, a inten ccedil; atilde;o eacute;, em breve, evoluir para a informatiza ccedil; atilde;o tamb eacute;m nessa aacute;rea. ldquo;H aacute; um cuidado especial, tendo em vista que se trata de informa ccedil; otilde;es m eacute;dicas, portanto confidenciais ao profissional e seus pacientes. A informatiza ccedil; atilde;o desse trabalho eacute; uma tend ecirc;ncia, n atilde;o h aacute; como fugir rdquo;, diz.
Ana Carolina cita que atualmente h aacute; equipe de enfermagem que lan ccedil;a as informa ccedil; otilde;es no sistema, para arquivo. Contudo, ela observa que o ideal e o objetivo eacute; chegar ao ponto que o m eacute;dico fa ccedil;a diretamente no computador. ldquo;O prontu aacute;rio digitado vai garantir maior clareza e ajudar nas rela ccedil; otilde;es internas nos hospitais, com os pacientes, laborat oacute;rios e farm aacute;cias rdquo;, conclui.

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