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“Mostrando simplicidade, o papa puxou a orelha de todos”

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O Presente
Pároco da Paróquia Sagrado Coração de Jesus, padre Solano Tambosi

A visita do papa Francisco mexeu com o Brasil e com os brasileiros. A postura do pontífice, de desapego ao luxo e às pompas vaticanas, agradou o povo. A simplicidade demonstrada pelo bispo de Roma, através de gestos e palavras, cativou as pessoas e fez muitas refletirem sobre suas caminhadas.

Uma delas é o padre Solano Tambosi, da Matriz Católica Sagrado Coração de Jesus, de Marechal Cândido Rondon, que diz que as mensagens deixadas por Francisco tocaram profundamente o seu coração, a ponto dele estar fazendo uma reflexão da sua própria jornada como cristão, como sacerdote, como líder de uma comunidade. Há sete anos na paróquia, Solano tem certeza que a caminhada da igreja será diferente depois da visita do papa: terá mais ardor e mais esperança.

Para ele, a fé será avivada a partir dos exemplos deixados por Francisco. Em entrevista à reportagem de O Presente, o padre Solano faz uma avaliação da visita do papa ao Brasil, fala sobre o que pode mudar na Igreja Católica depois da passagem de Francisco e de suas inúmeras mensagens proferidas ao povo, sobre o legado deixado pela Jornada Mundial da Juventude entre outros assuntos. Confira.

O Presente (OP): O que muda para a Igreja Católica no Brasil depois da passagem do papa Francisco e de suas inúmeras mensagens proferidas? O que fica desta visita marcante?

Solano Tambosi (ST): Esta visita do papa ao Brasil foi organizada praticamente há dois anos, sendo que nós, párocos, religiosos, pessoas consagradas junto com a Pastoral da Juventude, ajudamos a preparar este encontro.Como representante de Pedro, o papa Francisco trouxe uma mensagem de alegria, otimismo, uma mensagem de fé e de esperança, mostrando que todos, não só católicos, somos amados por Deus, e que todos nós temos dignidade. Isso ele deixou muito claro em sua visita.

OP: O que a Jornada Mundial da Juventude deixou como legado, principalmente aos jovens?

ST: Normalmente a gente pensa que juventude só quer festa. Faz parte da vida a festa, mas o evento deixou claro que a juventude tem fé. Que a juventude quer fazer esta escolha de Cristo e a partir dessa escolha também quer mudanças na Igreja e na sociedade.

OP: Que mudanças seriam estas na Igreja e na sociedade?

ST: A primeira mudança é a solidariedade, de que não é salva a tua alma como se pregava muito antigamente cada um por si e Deus por todos não. A fé deve ser vivida em comunidade, participar realmente na comunidade e no ambiente da Igreja, mundo do trabalho, universidades, escolas.

Cada vez mais nós precisamos viver a solidariedade. Ver que em cada ser humano Cristo se faz presente. Se nós fizermos o bem a alguém, estamos fazendo este bem ao próprio Cristo. Se prejudicamos alguém, prejudicamos o próprio Cristo. Então a “ordem” do papa é viver a solidariedade.

OP: O senhor acredita que a simplicidade do papa, esse desapego ao luxo e às pompas vaticanas, terá reflexo na igreja? O que vai ou pode mudar?

ST: O que mais cativou o povo foi a simplicidade do papa, e mostrando esta simplicidade ele puxou a orelha de todos. Puxou a orelha quando falava aos bispos, dizendo que vivam a pobreza, a simplicidade. Falou a nós, sacerdotes, sobre a importância da vivência da simplicidade, falou ao povo cristão sobre a simplicidade, porque ostentações, orgulho, isso não leva a nada. O que aproxima as pessoas é quando nós somos simples. E na simplicidade também nós encontramos o rosto de Cristo.

OP: Essa postura de Francisco será determinante para reconquistar fiéis, reaproximá-los da igreja ou até mesmo atrair novos fiéis?

ST: O papa Francisco deixou muito claro o respeito que a Igreja Católica precisa ter em relação a outras religiões e, também, a outras denominações cristãs. Eu tenho certeza que ele não veio aqui fazer proselitismo, mas ele veio avivar a fé dos católicos e deixar claro a todos nós que precisamos somar com os outros.

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