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Os males das secas e incêndios florestais na União Europeia – por Dilceu Sperafico

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(Foto: Divulgação)

A União Europeia que vem liderando movimentos preservacionistas no mundo inteiro, denunciando o que considera abusos e até financiando programas ambientalistas em diversos países, enfrentou ela própria em 2022 uma das maiores crises climáticas de toda a história. Conforme estudos, mais de 60% do continente sofreram estiagens prolongadas, no que muitos já consideram a pior seca em 500 anos na Europa.

 De acordo com o último relatório do Observatório Global da Seca, ligado ao setor de pesquisas da própria União Europeia, 47% do continente estiveram em estado de alerta, devido à secagem do solo agricultável e áreas florestais, além rios e lagos. Além disso, 17% do território europeu estiveram em situação de emergência, com a vegetação natural ou cultivada dando sinais de estresse.

 Nós brasileiros, que tantas críticas e acusações sofremos de lideranças europeias, especialmente sobre o desmatamento e o garimpo ilegais, além de incêndios florestais criminosos na Amazônia e outros biomas nacionais, lamentamos muito que a desenvolvida Europa esteja enfrentando tragédias semelhantes, pois representam enormes perdas para a sociedade e grandes ameaças ao futuro da humanidade. 

 A situação é realmente muito preocupante, porque o relatório alerta que o período de secas afetou o rendimento de colheitas de alimentos, provocou incêndios florestais e se estendeu por vários e longos meses, especialmente em regiões do Sul da Europa. Na comparação com a média das safras de grãos dos últimos cinco anos, as previsões para a colheita de 2022 são 16% menores para o milho, 15% para a soja e 12% para o girassol.

 Diante dessa lamentável situação, lideranças da União Europeia alertam que dados preliminares já apontam que a seca deste ano pareceu ser a pior desde há pelo menos cinco séculos. Ocorre que a falta de chuvas e a onda de calor, geraram escassez de água que resultou em estresse sem precedentes nos níveis dos recursos hídricos de toda a União Europeia.

Com isso, a temporada de incêndios florestais acima da média teve impacto importante na produção agrícola e para agravar a crise, a mudança climática está sendo mais perceptível a cada ano. Resumindo, o relatório alerta que quase todos os rios da Europa secaram de certa forma. Com isso, além do óbvio impacto na navegação de embarcações, a redução do nível dos rios também atingiu o setor de energia hidrelétrica, que já estava em crise, com queda na produção de 20%.

A seca severa atingiu muitas regiões e países europeus durante boa parte do ano, mas ainda estava se expandindo e piorando no início do segundo semestre, segundo o relatório, o que indica que as atuais condições climáticas negativas devem se estender pelo menos até este mês de novembro, especialmente ao longo do Mar Mediterrâneo na margem europeia.

Essa situação trágica, segundo o relatório vem piorando em países como Itália, Espanha, Portugal, França, Alemanha, Holanda, Bélgica, Luxemburgo, Romênia, Hungria, Norte da Sérvia, Ucrânia, Moldávia, Irlanda e Reino Unido.

Questões como os níveis da água dos rios baixando em toda a Europa, gerando crise econômica, expondo relíquias do passado, incluindo as chamadas “pedras da fome”, e pressagiando possíveis períodos de miséria, certamente estarão entre os temas da Conferência das Nações Unidas Sobre Mudanças Climáticas (COP27), que inicia neste domingo, dia seis e prossegue até 18 de novembro, no Egito.

Dilceu Sperafico é deputado federal eleito pelo Paraná e ex-chefe da Casa Civil do Governo do Estado

dilceu.joao@uol.com.br

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