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Placas Mercosul têm repercussão negativa entre usuários; polícia vê com bons olhos

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Foto: Leme Comunicação

Após muito se falar nelas, as placas de veículos no padrão Mercosul já estão sendo usadas no Brasil. Há cerca de dois meses, já é possível encontrar em diferentes ruas de Marechal Cândido Rondon, outros municípios e Estados a novidade em automóveis e motocicletas.

O novo sistema de placa Mercosul atende à Resolução 729 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) e, de acordo com o diretor-geral do Departamento de Trânsito (Detran-PR), Cesar Kogut, a medida traz itens de segurança que permitem a melhor rastreabilidade dos veículos, o que dificulta seu uso indevido, como a clonagem, por exemplo.

A mudança ocorreu para atender ao objetivo de padronização da identificação de veículos de membros do mesmo bloco – no caso, o Mercosul – assim como ocorre na União Europeia. Na Argentina, por exemplo, as placas deste modelo já são usadas desde 2016.

 

Custo e segurança
De lá para cá muito se tem falado nos benefícios desta troca, voltados especialmente à padronização dos veículos no Mercosul e às questões de segurança. No entanto, as novas placas também têm ganhado repercussão negativa, principalmente entre usuários.

Entre as reclamações, a principal está acerca do preço. Para um automóvel, por exemplo, o jogo de placas no padrão Mercosul sai, em média, ao valor de R$ 250*, enquanto que para o modelo anterior o valor era de R$ 150.

Outra mudança que tem gerado preocupação nos usuários está no fato de o novo modelo não contar com a identificação de município e Estado de origem do veículo. Nas placas antigas, o nome do município e a sigla do Estado ficavam escritos, por extenso, na parte superior da placa. Agora, no entanto, nenhuma das informações está presente.

Para algumas pessoas, a falta de identificação do veículo e, consequentemente, de seu proprietário traz insegurança para bairros e vizinhanças consideradas anteriormente mais tranquilas, especialmente em cidades menores como Marechal Rondon. “Essa segurança é bastante relativa. A pessoa possuir um carro do mesmo município que o seu não significa, necessariamente, que ela é do município, que esteja com um carro legalizado ou com uma placa que não seja clonada, por exemplo”, comenta o 3º sargento Márcio José de Souza, comandante do posto da Polícia Rodoviária Estadual (PRE) de Marechal Cândido Rondon.

 

Fiscalização otimizada
A nova placa possui mais tecnologia e elementos de segurança. Em vez de três letras e quatro números, as novas placas têm três letras, um número, uma letra e dois números (BRA 3A18).

A mudança também acontece na cor. Antes, o fundo era cinza e as escritas pretas em carros particulares. Agora o fundo das placas é branco, com a variação das cores dos números e letras em cada categoria. Para veículos particulares a cor é preta; comerciais, vermelho; carros oficiais, azul; especiais em teste, verde; diplomáticos, dourado; e colecionador, prata. “Apesar da inclusão de uma letra entre os números, que vai ser um processo de adaptação para a leitura, as novas placas proporcionam melhor visualização dos elementos”, aponta Souza.

Além disso, por não contarem com o município e Estado de origem, mas apenas a bandeira do país, a seletividade que ocorria no momento da fiscalização deixará de ocorrer. “Não era uma regra, era mais um fator do trabalho cotidiano de fiscalização. Aqui no posto da PRE, por exemplo, veículos que trafegam de Marechal Rondon para Nova Santa Rosa algumas vezes não eram parados por conta de ser uma rota comum. Agora, no entanto, não haverá essa seletividade porque não é possível saber a origem do veículo. Todos os veículos, indiscriminadamente, passarão pela vistoria”, menciona.

Outro detalhe apontado pelo sargento é que as novas placas contam com mais elementos de segurança, que minimizam a ocorrência de fraudes e falsificações. A integração em um único sistema, pelo Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), de todas as etapas necessárias para a emissão de placas de veículos permite uma fiscalização mais eficiente pelas autoridades de trânsito e mais agilidade no processo de transferência e emplacamento de veículos.

As placas contêm um código de barras bidimensional – o QR Code – com um número de série. O código é gerado pelo Serpro e armazena informações sobre o fabricante, data da fabricação e o número serial da placa. Ele pode ser lido por aplicativo, disponibilizando aos agentes de trânsito dados do veículo, do proprietário, do fabricante e do estampador da placa. “Ele pode ser escaneado em fiscalizações até mesmo por um smartphone, identificando veículos irregulares com maior facilidade. Além disso, o sistema usado agora é único, tanto para veículos com placa do Brasil, como estrangeiras. Isso favorece ainda mais a fiscalização, tendo em vista que estamos em uma região de fronteira, onde há significativa circulação de veículos de outros países”, diz.

 

(Foto: Divulgação/Detran)

 

Placas com chips
Para o comandante do Batalhão de Polícia de Fronteira (BPFron), tenente-coronel Saulo de Tarso Sanson Silva, da mesma forma que os usuários passam por um processo de adaptação ao uso das novas placas, as forças de segurança que atuam na fiscalização do veículo também vivem este momento. “Ainda existe certa dificuldade porque estávamos acostumados a um padrão de placa, mas essa adaptação será muito rápida. Estamos entendendo essa nova realidade que, na minha visão, tem bons propósitos voltados especialmente à questão de segurança e rastreabilidade de veículos”, diz.

Na opinião de Sanson, a previsão do uso de chips eletrônicos nas placas promoverá a fiscalização de forma ainda mais eficiente, além de todos os novos atributos incrementados nas placas padrão Mercosul.

Na Resolução nº 729/2018 existe a previsão do chip, entretanto, a tecnologia ainda não estará presente no novo modelo de placas. O lacre de segurança continua a existir, mas será dispensado quando for implementada a tecnologia do chip nas placas. “A partir do momento que os chips forem implementados nas placas, teremos um ganho ainda maior para a fiscalização, especialmente na nossa região de fronteira”, reforça.

No Paraná
Conforme levantamento do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), no Estado já foram aplicadas pelo Detran aproximadamente 30% do total de placas Mercosul do país. No Paraná, desde a implantação, foram registrados 272.640 placas no novo padrão. No Brasil, são cerca de 960 mil veículos com o novo modelo.

A placa tem o mesmo padrão em todos os países do Mercosul. Tem também um código único com todos os dados de confecção da placa como a identificação do fornecedor e o número de série, data e ano da fabricação da peça. Inclui ainda o modelo do carro.

O sistema deve ser implantado em todo o país até o dia 30 de junho de 2019, porém, não são todos os casos que têm a necessidade de fazer a mudança. Além disso, não há uma data-limite para a instalação da nova placa em toda a frota do país.

 

Preciso trocar de placa?
As situações em que é necessária a adesão ao novo modelo são de primeiro emplacamento, aquisição de veículo, aquisição de veículo com troca de município, alteração de dados com complementação de placa, mudança de município, registro de outro Estado, troca de categorias ou outros processos que necessitem a substituição de placas.

Segundo o Contran, não haverá a obrigatoriedade de troca de placas para os veículos que já estão em circulação. O que significa que um veículo já emplacado poderá circular com o modelo atual até o fim da vida, se permanecer com o mesmo dono e no mesmo município.

Se o proprietário quiser trocar de placa, poderá procurar o Detran para efetuar o emplacamento.
Uma vez emplacado com a chapa do novo padrão, o veículo poderá permanecer com ela mesmo se mudar de propriedade ou município.

 

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