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Produtores e indústria esperam estabilidade de preços

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O pecuarista rondonense Rodrigo Bellé está animado com os preços pagos pelo litro de leite nos últimos meses. Há cerca de um ano, conta ele, a estabilidade dos preços tem garantido uma boa rentabilidade. Tanto que ele modernizou sua sala de ordenha com novos equipamentos e planeja também reestruturar o setor de trato dos animais, com ensiladeiras e outros equipamentos. “Os insumos subiram, mas o preço do leite tem acompanhado e temos (os produtores de leite) conseguido ganhar mais por quantidade e qualidade”, expõe.
Bellé tem 48 vacas de leite em produção, sendo em torno de 100 no plantel, na sua propriedade na Vila Curvado. Ele diz que a grande expectativa é pela próxima reunião do Conselho Paritário Produtores/Indústrias do Leite (Conseleite) para que os preços se mantenham no mesmo patamar. “Com a boa remuneração, o produtor pode fazer investimentos e ainda se programar melhor. Mas não podemos criar expectativas a longo prazo, porque o mercado sofre muita especulação”, acredita o rondonense.
Mas, desde meados de maio do ano passado, o preço do leite está positivo ao produtor. Não só aqui no Paraná, mas também em outros Estados produtores, caso de Santa Catarina, como avaliou o Conseleite. Na reunião de setembro, o Conselho no Paraná estabeleceu o preço de referência para o leite padrão em R$ 0,7289. Para agosto, o valor proposto estava em R$ 0,7260. Os valores se referem ao leite posto na propriedade inclusa à CESSR (ex-Funrural) de 2,3% a ser descontada do produtor rural. Para o leite acima do padrão, a referência é de R$ 0,8382 para setembro. “Realmente os preços estão muito bons para a época do ano”, confirma o presidente da Cooperativa Agroindustrial Leite Oeste (Coopermilch), Ademir Adamczuk.

Expectativas
Conforme Adamczuk, na região Oeste o produtor tem recebido uma média boa de valores por litro. Os cooperados da Coopermilch têm conseguido vender a R$ 0,74 o preço mínimo e o máximo chega até a R$ 0,90. “Tem produtor recebendo menos de R$ 0,74, mas ainda assim em preços compensadores para o período de safra”, relata ele, que acredita que vários fatores estão contribuindo para a estabilidade dos preços. “Chuva em algumas regiões, seca em outras e o aumento do consumo que também está bom. O brasileiro está com uma renda maior e com isso também está se alimentando melhor”, cita.
O presidente da Coopermilch alerta que estes preços não devem permanecer e a euforia do produtor deve reduzir. “Por conta de especulação de mercado é difícil manter. Não deve cair bruscamente, mas é necessário que o produtor fique atento e faça um planejamento detalhado para os próximos meses”, diz.
Já o diretor-presidente da Frimesa, Valter Vanzella, ressalta que não houve elevação de preços, mas desde 2010 que os valores têm ficado estáveis, mesmo em períodos em que as quedas são consideradas normais. Mais ainda, Vanzella acredita que a estabilidade da economia brasileira deve garantir que os preços se mantenham estáveis nos próximos meses. “E neste contexto é que os pecuaristas também estão conseguindo esta estabilidade de preços”, expõe ele, lembrando que no verão o preço do leite chegava a ser “ridículo”.

Futuro
Vanzella acredita que a situação deve permanecer estável, o que, segundo ele, é muito importante para o produtor. “Se houver queda, não vai ser tão brusca como em anos anteriores. O país até está importando leite, mas não tem produto sobrando no Brasil. A produção não acompanhou a demanda, justamente porque as quedas bruscas de preços no passado desestimularam o setor”, explica.
Para o cooperativista, a exemplo de 2010, o preço do produto deve manter uma boa remuneração ao pecuarista. “Isso deve dar uma boa motivação no campo, para novos investimentos e capitalização do produtor”, conclui ele, ao afirmar que as especulações de mercado não vão atingir tão negativamente o leite brasileiro.

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